Pais e filhos: como fazer uma criança de 7 anos se apaixonar por Darth Vader
28/02/13 08:00Inauguro hoje mais uma seção regular do blog: Pais e Filhos, com depoimentos sobre a paixão pelo cinema aproximando gerações.
Se tiver histórias de sua família para contar e quiser dividi-las com os leitores, fique à vontade para me escrever.
Começo com o depoimento de Luciano Guimarães, 36 anos, que mora em São Paulo. Ele é pai de Lorenzo, 7 anos, que está na 3a. série do ensino fundamental, e de Lola, 4 anos, que está no 5o. ano da educação infantil:
Tive o privilégio de nascer e crescer em Santos, que sempre teve uma grande tradição de cinemas de rua. Como eu me lembro de quase todos os filmes que meu pai me levou para ver com ele, sempre tentei influenciar o Lorenzo a gostar de cinema. É meu programa preferido, e consegui fazer com que seja o dele também.
A segunda parte da influência positiva foi tentar fazer o meu filho reviver momentos inesquecíveis que eu tive com meu pai e tentar fazer das minhas lembranças da infância uma lembrança para ele também.
Depois de ter visto mais de mil vezes todos os filmes da Pixar, da Dreamworks etc., decidi recorrer à minha memória afetiva e relembrar filmes que ficaram na minha imaginação.
O primeiro que apresentei ao meu filho foi “História sem Fim” (1984). Foi impressionante ver que, apesar de não ter nenhum efeito especial muito mirabolante, a emoção foi a mesma. Depois vieram “Os Goonies” (1985), “Karatê Kid” (1984), “O Cristal Encantado” (1982) e outros.
O mais difícil para mim foi escolher como apresentar a ele um dos meus preferidos, a série “Star Wars”. Depois de muito pensar, preferi introduzi-lo a esse mundo da mesma forma que eu o conheci.
Comecei pelo Episódio IV [o primeiro longa-metragem, de 1977] e logo de cara ele se apaixonou. Hoje, vemos juntos reprises de “Star Wars” com muita pipoca. É engraçado ver um filme, depois de décadas, ainda encantar uma criança de 7 anos. A mochila e os estojos do Lorenzo são do Darth Vader.
O mais impressionante é que, no período de uma hora, meu filho é capaz de jogar vinte jogos diferentes no iPad e não ficar parado para nada. Mas, quando eu coloco um filme bom, ele fica comigo até acabar. Isso é prova de que filmes infantis não precisam ser feitos por computadores, nem ter muitos efeitos especiais. Quando são bons, transcendem a idade e são imortais.
Hoje, meu filho decora as datas de lançamento dos filmes nos trailers e me cobra para levá-lo no dia da estréia. Nesta semana ele foi ver “O Reino Gelado” e já está esperando “Oz – Mágico e Poderoso”. Todo mundo que sai com ele para passear sempre inclui um cineminha.
Com a Lola foi a mesma coisa, só que mais cedo. Por ser a irmã mais nova, tinha que acompanhar o irmão nos passeios dele. Com isso, acabou indo ao cinema desde bebezinha (e não dormia, assistia ao filme).
Em casa, a programação que eles mais adoram a gente chama de “sessão”. Eu escolho um “filme-surpresa”, estouro uma pipoca e é diversão (sem bagunça) por uma hora e meia.
Uma das primeiras palavras que a Lola aprendeu foi “Potter”, por causa de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (2001), que o Lorenzo ficava vendo o dia todo!
O legal é notar que eles aceitam programas de qualidade. É só oferecer. Em alguns horários de manhã, troquei desenhos na TV bem bobos por alguns documentários da HBO ou do National Geographic, que falam de natureza, e eles adoram.
O importante é dedicar tempo para eles, porque eles aprendem a gostar de cinema observando a gente. Então, não adianta colocar um filme e fazer outra coisa. Para que as crianças gostem de filmes, temos que assistir juntos, mesmo que 30 vezes, o mesmo filme.
* * *
Por falar em “Star Wars”, a edição de março da revista norte-americana “Wired” publica reportagem de capa sobre o retorno da saga criada por George Lucas, agora sob o manto da Disney, que comprou a Lucasfilm.
O primeiro longa da nova série, o Episódio VII, está previsto para 2015.
Clique aqui para ler a reportagem da “Wired” e divirta-se, no vídeo abaixo, com uma visita de Darth Vader ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro:
Alguém deveria denunciar este senhor por maus tratos, ao introduzir Star Wars aos filhos. Infelizmente, estes já entraram no circo de George Lucas e compraram algumas bugigangas do filme.
Querido Rafael,
Pelo visto você ainda não tem filhos, mas quando tiver espero que tenha o mesmo prazer que o meu de assistir todos os filmes junto com seus filhos, além de acrescentar cultura, reforça os laços de amizade.
Não sei quantos anos você tem, mas se tivesse a mesma idade que eu provavelmente iria gostar de Star Wars.
Boa sorte com seus filhos, pelo seu gosto eles vão precisar!