No cinema, Terra de Oz tem mais de 100 anos
08/03/13 00:01Com o lançamento de “Oz – Mágico e Poderoso”, a Folhinha deste sábado, dia 9, publica textos sobre o filme — assino um deles, sobre a contribuição do diretor Sam Raimi ao projeto — e o universo criado pelo escritor norte-americano L. Frank Baum (1856-1919).
Quase 20 livros de Baum falam dos personagens da Terra de Oz. O primeiro foi publicado em 1900. Adaptações começaram a ser feitas nos anos seguintes e jamais pararam de sair do forno, no cinema e na TV.
Algumas das versões mais antigas, realizadas nas décadas de 1910 e 1920, podem ser vistas na edição especial de colecionador de “O Mágico de Oz” (1939), lançada em comemoração aos 70 anos do filme.
A seguir, o texto que escrevi para a Ilustrada, na edição de 2 de janeiro de 2010, sobre essa caixa especial com quatro DVDs:
Caixa com bons extras celebra 70 anos de “Oz”
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Poucos de nós estaremos por aqui para conferir se haverá comemoração pelos 70 anos de “Avatar” ou de “Batman – O Cavaleiro das Trevas” com a mesma pompa dedicada aos de “O Mágico de Oz” (1939), relançado em “edição especial de colecionador” com quatro discos e um caprichado encarte de 54 páginas que faz a embalagem parecer um livro.
Outro ilustre representante do “ano de ouro” de Hollywood, “E o Vento Levou”, ganhou também versão especial de formato semelhante, com cinco discos (o filme dura 238 minutos, contra 101 de “Oz”). Ambas celebram a perenidade da mais rentável e simbólica temporada da indústria cinematográfica norte-americana.
“No Tempo das Diligências”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “A Mulher Faz o Homem”, “Ninotchka” e “Adeus, Mr. Chips” foram outros títulos que disputaram o Oscar de melhor filme de 1939 com “E o Vento Levou” (o vencedor) e “Oz”.
Embora tenha perdido quatro posições no ranking de filmes do American Film Institute (foi de sexto, em 1998, para décimo, em 2007), “O Mágico de Oz” completou 70 anos como um fenômeno da cultura popular dos EUA. A fartura de extras da edição comemorativa ajuda a entender as razões.
A decisão de adaptar o primeiro dos livros de L. Frank Baum sobre Oz era arriscada até mesmo para a gigante Metro-Goldwyn-Mayer, que investiu US$ 2,6 milhões – “E o Vento Levou”, mais complexo e promissor, custou US$ 4,2 milhões – em um gênero, o filme de fantasia para famílias, ainda não formatado pela indústria.
Como registra um dos documentários sobre os bastidores, o “caótico processo criativo” imprimiu “confusão e perigo” às filmagens, conduzidas por diversos diretores. Victor Fleming (que assina também “E o Vento Levou”) é o único a aparecer nos créditos, mas Richard Thorpe, George Cukor e King Vidor passaram pela cadeira.
As inúmeras curiosidades reunidas nos extras falam dos bastidores (por exemplo: a sequência em que Judy Garland canta “Over the Rainbow” foi retirada em uma versão inicial porque “deixava o filme lento”, segundo produtores), trazem cenas de arquivo sobre as filmagens, trechos excluídos da montagem final e outras versões de “Oz”, como um longa de 1925 e uma animação de 1933.
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Abaixo, quatro versões do universo de Oz.
O primeiro vídeo traz a íntegra (são apenas 13 minutos e meio) de “O Maravilhoso Mágico de Oz” (1910).
No segundo, o trecho do clássico de 1939 em que Dorothy (Judy Garland) interpreta “Somewhere Over the Rainbow”, uma das canções mais populares na história do cinema.
O terceiro mostra Michael Jackson (ele mesmo) como o Espantalho de “O Mágico Inesquecível” (1978).
E o quarto é o trailer original de “O Mundo Fantástico de Oz” (1985), sobre o traumático retorno de Dorothy (Fairuza Balk) à Terra de Oz depois de uma passagem por uma clínica psiquiátrica para tratar das sequelas da primeira jornada.