Ator de "Meu Pé" gosta de ler a coleção "Mortos de Fama"
20/04/13 12:08A “Folhinha” deste sábado dedica a capa à nova versão de “Meu Pé de Laranja Lima”. Clique aqui para ler o texto principal e aqui para ler sobre o livro de José Mauro de Vasconcelos (1920-1984), bem como outras adaptações para cinema e TV.
O blog trouxe ainda um depoimento da produtora Katia Machado, sobre a importância de “O Pequeno Príncipe” (1974) em sua infância, e um trecho da entrevista que fiz com João Guilherme Ávila, que interpreta Zezé.
Abaixo, a íntegra do meu bate-papo com o João Guilherme, 11, que estuda no sexto ano de um colégio particular de São Paulo e é filho do cantor Leonardo.
Quando anos você tinha quando começou a fazer “Meu Pé”?
Tinha 9 anos, quase indo pra 10.
Você leu o romance do José Mauro de Vasconcelos?
Não. Quando fui convidado não li o livro e nem depois, porque falaram que influenciava algumas cenas. Até hoje não li. Fiquei com vontade de ler para saber o que iria acontecer, as coisas boas e as coisas ruins que eu tinha que fazer.
Como surgiu o convite para trabalhar no filme?
O diretor [Marcos Bernstein, roteirista de “Central do Brasil” e “Somos tão Jovens”, e diretor de “O Outro Lado da Rua”, também produzido por Katia Machado] me viu no curta que eu tinha feito, e que se chama “Vento” (2009) [dirigido por Marcio Salem, o filme participou do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, entre outros festivais]. Ele me chamou para ir fazer o teste. Pensei um pouquinho, aceitei, fiz o teste e eles disseram que gostaram da minha atuação. Fiquei nervoso. Fico muito nervoso em tudo o que vou me apresentar. Mas deu tudo certo. Depois do convite, teve um dia em que marcaram comigo, para ir lá conhecer e ver como iria acontecer, a gente combinou o que iria fazer e o jeito que iria fazer.
“Vento” foi o seu primeiro trabalho? Como você foi parar no filme?
Pelo que eu saiba, minha mãe tinha um amigo que trabalhava com cinema. Ele me indicou e o diretor disse que queria ver. Primeiro eu não queria muito, eles insistiram, e aí eu aceitei.
Você teve algum treinamento para fazer “Vento”?
Pelo que eu me lembre, não teve treinamento. Mas eu tinha um preparador que me ajudava em algumas cenas. Não foi tudo natural, mas também não tive dificuldade. Foi uma experiência muito legal e diferente.
Voltando ao “Meu Pé”: você por acaso perdeu aulas para fazer o filme?
Uma parte das filmagens foi em (período de) aula, acho que em fevereiro de 2011, mas também perdi as férias de julho. Perdi algumas aulas, mas o filme contratou uma professora para ir lá alguns dias da semana e ela de vez em quando dava aula.
O início das filmagens foi em Minas Gerais? Você conhecia aquela região?
Sim, as primeiras filmagens foram lá no interior de Minas. Eu já havia ido para Minas, mas nunca para aquela região. Fiquei quase três meses em Minas. Mas foi separado, não foram três meses seguidos. Foram duas vezes. Eu conhecia aquelas brincadeiras de rua porque quando eu era menor, e até hoje, eu tenho uma casa num sítio aqui no interior de São Paulo, em Piracaia. Tem um monte de árvores, plantações, tem algumas casas bonitas. Deve ter um pé de laranja lima, até.
Você não tinha lido o livro, mas leu o roteiro do filme antes de começar?
Eles me contaram como era tudo e depois foram me ajudando de pouquinho em pouquinho. Nunca li o roteiro. Era bem difícil fazer algumas cenas, e tinha algumas bem facinhas. O preparador fazia técnicas, era tudo muito legal. Eles primeiro me incentivavam a fazer a cena, e tinha meu preparador que ia me ajudando, (dizendo) que se tudo desse certo o filme estrearia logo. O Marcos era, e é, muito legal comigo. Ele conversava comigo também. O Zé de Abreu [que interpreta Portuga] é muito muito muito legal, eu achei.
Qual foi a cena mais difícil?
Aquela que eu apanho do Portuga.
As palmadas doeram?
Não doeram, não, foi mais fingido.
Quando você viu o filme pronto pela primeira vez?
Só vi o filme no Festival do Rio [de 2012], foi a primeira vez que eu vi. Fiquei emocionado. Todo mundo falou parabéns, que tinham adorado o filme. Muitas pessoas choraram. Eu chorei. Foi o primeiro filme em que eu chorei.
O que você achou da experiência de fazer o filme?
Que é muito legal tudo aquilo, e que eu gostei muito de fazer o filme.
Você acha a história triste?
Eu acho um pouquinho. É triste a história, mas não acho que é muuuuito triste.
Você concorda com a classificação indicativa, que recomenda o filme para maiores de 10 anos?
Eu acho que isso não tem nada a ver. A história é sobre crianças, alguns atores são crianças, e no final dá tudo certo: o pai encontra emprego, o menino quando fica mais velho vai viver na cidade. Eu acho que não tem problema ver. Não vi problema nenhum. É que na verdade pra mim esse filme é livre. Mas, por exemplo, se vai com uma criancinha de 5 anos, ela não vai entender muito a moral do filme. Então eu acho que para essas criancinhas não vai ter muita graça. Mas não tem problema, pode ser livre pra mim. Preferiria ser livre. Acho que com 8, 9 anos entende. Eu entenderia.
O que você gosta de fazer para se divertir?
Adoro jogar bola com meus amigos. Jogar futebol. Aqui no meu prédio e na escola. Jogo de campo e de salão. No campo, ou sou zagueiro, ou meio de campo, ou lateral direito. Normalmente eu sou lateral direito. Gosto de estar com os meus amigos. A gente brinca, conversa.
E cinema?
Gosto de ver filme de ficção científica. Aquele “Avatar”, dos caras azuis, meio ETs, sabe? E “O Mágico de Oz”, esse novo, “Oz – Mágico e Poderoso”. Vou muito ao cinema com os meus amigos. É mais fácil ir com os meus amigos do que com os meus pais.
E na televisão, o que você gosta de ver?
Na verdade, eu amo ver filmes. Então, quando estou na televisão, estou vendo o Telecine. Gosto de ver alguns seriados também, gosto dos “Simpsons” e do “Walking Dead”. Animação de cinema eu não acho muito legal, mas teve aquele “A Origem dos Guardiões”, que eu gostei.
Você gosta de ler?
Depende do livro, eu gosto. Gosto de uma coleção que se chama “Mortos de Fama”. Uma coleção muito legal, eu acho. Fala sobre a vida, a vida íntima, as invenções das pessoas famosas de antigamente, Leonardo Da Vinci, Shakespeare. Tenho dois livros da coleção, um sobre Shakespeare [“William Shakespeare e seus Atos Dramáticos”] e outro que se chama “Inventores e suas Ideias Brilhantes”.
E revistas e jornais?
Não gosto.
Você usa tablet?
Tenho iPad e iPhone. Uso o tradutor do Google e aplicativos de joguinhos. Tem um joguinho que você precisa escrever em inglês.
E música?
Gosto de vários tipos de música, mas principalmente reggae estilo Bob Marley, e rock. Tem várias músicas famosas dele (Marley) e tenho um amigo que ouve. Comecei a ouvir junto com ele e comecei a gostar.
Teatro?
Não costumo ir. Quando eu era pequeno eu ia, mas agora não. Não gosto.