Veja antes que saia de cartaz
24/04/13 14:16A imprensa costuma dar pouca atenção a um fenômeno perverso do mercado cinematográfico hoje: o desempenho de um filme é decidido nos três primeiros dias de exibição (de sexta a domingo).
Se o filme vai bem, o que significa atingir um bom número de espectadores por cópia (acima de 500), “vira a semana”, ou seja, permanece em cartaz em um bom número de salas.
Caso contrário, começa a ser varrido do circuito porque a fila de lançamentos é grande, o circuito é relativamente pequeno e os interesses comerciais, muitos.
O desafio é maior para filmes sem grande verba de lançamento, que precisam fazer um esforço monstruoso para arrastar espectadores às salas nos primeiros dias de exibição.
É o caso, neste momento, de “Meu Pé de Laranja Lima”, que fez 23.976 espectadores em seus três primeiros dias de exibição, com média de aproximadamente 220 espectadores por cópia, de acordo com dados do Filme B.
Pelas regras do mercado, é pouco. Isso significa que muita gente interessada em vê-lo, se demorar um pouco para ir ao cinema, já não irá mais encontrá-lo em cartaz.
Algo parecido ocorreu com “Tainá – A Origem”, lançado no início de fevereiro, e que até agora fez 341.363 espectadores. Não é pouco; essa multidão equivale a seis estádios do tamanho do Morumbi cheios. Mas seu potencial de público era muito maior, como atesta a ótima receptividade das crianças que o veem.
O mercado é perverso, e está nas mãos de quem tem maior poder de fogo.
Na lista dos 10 filmes de maior bilheteria em 2013 no Brasil, três são superproduções norte-americanas voltadas para crianças e adolescentes:
– “Detona Ralph”, da Disney, com R$ 42,7 milhões de renda e 3,6 milhões de espectadores;
– “Os Croods”, da Dreamworks, com R$ 29,7 milhões de renda e 2,4 milhões de espectadores;
– “Oz – Mágico e Poderoso”, da Disney, com R$ 26,3 milhões de renda e 2 milhões de espectadores.