Censura LivreEntrevistas – Censura Livre http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br por Sérgio Rizzo Mon, 02 Dec 2013 08:57:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pebolim de alta tecnologia. E argentina http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/12/02/pebolim-de-alta-tecnologia-e-argentina/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/12/02/pebolim-de-alta-tecnologia-e-argentina/#respond Mon, 02 Dec 2013 08:57:28 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=1067 Continue lendo →]]>

A “Folhinha” do último sábado dedicou sua capa à animação argentina “Um Time Show de Bola”, dirigida por Juan José Campanella (“O Filho da Noiva” e Oscar de filme estrangeiro por “O Segredo dos Seus Olhos”).

Clique aqui para ler o texto que escrevi sobre o filme e aqui para ver um quadro com as animações não-americanas que estrearam no Brasil em 2013.

Bruno Molinero entrevistou Campanella e fez também uma divertida reportagem com meninos ruins de bola, mas bons de pebolim (ou totó) e games de futebol.

Na janela abaixo, um vídeo que mostra os bastidores de produção de “Um Time Show de Bola”, com destaque para a importância da gravação das vozes.

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"Corda Bamba" veio do fundo da memória http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/10/05/corda-bamba-veio-do-fundo-da-memoria/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/10/05/corda-bamba-veio-do-fundo-da-memoria/#respond Sat, 05 Oct 2013 10:00:36 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=925 Continue lendo →]]>

Gustavo Falcão, Bia Goldenstein e Georgiana Góes em “Corda Bamba”

“Corda Bamba – História de uma Menina Equilibrista”, o primeiro longa-metragem baseado na obra de Lygia Bojunga Nunes, estreia nos cinemas no próximo dia 11. Um presentão de Dia das Crianças.

A “Folhinha” deste sábado traz alguns textos que escrevi sobre o filme e sobre os livros de Lygia, uma das minhas escritoras favoritas. Clique aqui e também aqui para ler.

Abaixo, trechos das duas entrevistas que fiz na última segunda-feira — a primeira com o diretor do filme, Eduardo Goldenstein, e a segunda com a sua filha, Bia, que faz o papel principal do filme.

Eduardo Goldenstein

Quando você entrou em contato com a obra de Lygia Bojunga?

Na minha infância. Tinha uns 9, 10 anos de idade. Comecei a ler os livros na época em que ela estava lançando esses livros — “A Bolsa Amarela”, “A Casa da Madrinha”, “Os Colegas”, “Corda Bamba”, que eu li com 10 anos de idade. “Corda”, particularmente, exerceu um impacto muito forte, me marcou muito. Eu lembro que foi uma das leituras mais marcantes que fiz na minha infância porque, primeiro, ele propunha um tema muito diferente, que eu não estava acostumado a ler nos livros que eu lia até então. Um tema trágico: uma menina que não sabe o que aconteceu com os pais, perdeu a memória, tem que sair de casa, o circo, vai morar com a avó que mal conhece, e começa a sonhar, a recobrar a memória dela através do sonho. Aquilo me marcou muito, achei diferente de tudo o que havia lido.

E como chegou à ideia de filmar “Corda Bamba”?

Estava estudando um tema para fazer um longa e já havia rascunhado alguma coisa em relação ao circo. Tinha muita vontade de fazer um filme que se passasse no circo e tivesse alguma relação com esse universo. Um belo dia, estava assistindo a uma palestra sobre roteiro com uma roteirista holandesa que estava no Brasil, e me veio uma imagem na cabeca, do nada, uma imagem muito forte, a de uma menina andando na corda bamba no alto de um prédio. Foi a partir daí que o filme nasceu. Eu me lembrei que essa imagem vinha do livro. Não pensava nele havia mais de 30 anos. Tinha 40 quando essa ideia veio. Ele estava bem guardado lá no fundo da memória. No mesmo momento, pensei: “aquele livro vai dar um belo filme”. E aí foi quando começou o processo. Eu havia guardado comigo a primeira edição do livro, a que eu havia lido, o original dele. Abri para reler, rever os detalhes da história, e no que fechei o livro já tinha a certeza de que eu queria transformar aquela história em um longa.

É a primeira vez que um filme adapta uma história de Lygia Bojunga. Como foi a experiência de convencê-la a ceder os direitos?

Bia e Eduardo Goldenstein

Foi muito interessante. Hoje acho que construí com a Lygia uma relação de amizade. Na verdade, essa relação eu já tinha dentro de mim por conta de ser um leitor dela, admirava muito os livros dela. Eu me aproximei através de um e-mail que enviei a ela, me identificando primeiramente como um leitor. “Seus livros fizeram parte da minha formação”, disse. Falei do “Corda Bamba”, exatamente o que estou te contando, que a imagem veio à minha cabeca e que eu gostaria muito de transformá-lo num filme. E ela me respondeu quase que imediatamente, dizendo que era muito reticente em vender os direitos. Ela é muito ciosa da sua obra, não costuma ceder os direitos. Mas deixou a porta aberta para uma conversa. Marquei um encontro com ela, começamos a conversar, falei das minhas intenções, como é que eu pensava em adaptar. Tivemos alguns encontros, fui mostrando alguns tratamentos [versões] do roteiro, e ela realmente autorizou. Teve uma intuição: “vamos lá, vamos fazer”. Foi muito bacana, foi uma relação de amizade que a gente construiu. Não sei se outras pessoas tentaram, ela não comentou. Sei que realmente ela é reservada em relação aos direitos, e que algumas peças de teatro foram feitas a partir de livros dela, mas realmente cinema é a primeira vez.

Lygia participou das filmagens?

Não. Depois que partimos para a filmagem, os últimos tratamentos eu já não mostrei mais para ela, que só foi ver o filme pronto, porque também julguei necessário ter um afastamento. Isso é muito importante quando a gente adapta um livro, ainda mais quando você tem uma relação assim com o autor, você ter um afastamento para poder colocar a sua visão singular daquela obra porque senão a gente pode cair só em uma mera ilustração, uma repetição daquilo que já está no livro.

E como foi a reação da Lygia ao ver o filme?

Fizemos uma sessão na casa dela, ela chamou vários amigos. Todos gostaram muito, ficamos horas debatendo o filme. Ela gostou também, senti que ela gostou e que ao mesmo tempo ficou um pouco balançada de ver aqueles personagens que partiram da cabeça dela, da criação dela, sendo colocados na tela, ganhando uma imagem. Pra você ter uma ideia, ela não gosta nem de trabalhar com ilustração nos livros dela. Ela trabalha com pouquíssimas ilustrações, e trabalhava durante muitos anos apenas com uma ilustradora [Regina Yolanda]. Essa questão da imagem é muito forte para a Lygia. E ela vem acompanhando os passos do filme desde que ficou pronto, em festivais. Agora no lançamento, ela está o tempo todo querendo saber.

Depois da sessão na casa da Lygia você mexeu no filme?

Não mexi, não. É a versão final. Já mostrei a versão final. Até porque esse filme foi realizado graças ao edital do MinC [Ministério da Cultura] de baixo orçamento. Foi a primeira vez que esse edital premiou um filme infantojuvenil. É até um pouco difícil colocá-lo nessa prateleira do infantojuvenil. Foi uma pergunta que eu fiz para a Lygia. “Lygia, será que essa história é realmente infantojuvenil? É tão bonita, universal”. E ela falou: “Pois é, Eduardo, essas prateleiras são exigências do mercado, a gente sempre precisa rotular, mas para mim é uma história para todos, aberta, qualquer pessoa pode ler”.

Mas, como a gente tem essa questão de mercado, estou colocando como um filme para a família. Então foi a primeira vez que o edital premiou um filme dentro desse nicho. É um recurso pequeno. Eles dão R$ 1 milhão de prêmio e nós conseguimos captar mais R$ 400 mil aqui na Secretaria de Cultura do Rio. Ele custou R$ 1,4 milhão, o que para cinema não é muita coisa. É um filme que tem efeitos, a menina andando na corda, filmagem no circo, figuração. Trabalhei muito no roteiro para realmente escolher bem aquilo que eu queria que estivesse no filme. Não tem nenhuma cena que a gente filmou que não esteja no filme. A gente não tinha como desperdiçar a nossa munição.

O texto de Lygia é muito simples e, ao mesmo tempo, muito denso psicologicamente, com personagens cheios de contornos. Qual foi o seu princípio para adaptá-lo na forma de imagens?

Essa personagem de “Corda Bamba”, a Maria, no livro a gente está entrando no pensamento dela. No filme eu poderia ter o recurso de trabalhar com o “off” [os pensamentos ditos pela voz da personagem], mas achei que não era por aí. Então optei realmente por deixar tudo muito concentrado no olhar dela, na expressão dela. É uma personagem que praticamente não fala, e as coisas vão se passando diante dela, e ela vai penetrando naquele mundo do imaginário, dos sonhos. Eu tentei construir de maneira tal que o espectador possa ir entrando dentro do pensamento da Maria e possa ir montando junto com ela aquele quebracabeça da memória dela, os fragmentos que ela vai recuperando atrás de cada porta, que o espectador fique junto com ela até o final. Houve um trabalho de roteiro muito grande no sentido de buscar a essência do livro, e transpor aquilo para a imagem cinematográfica.

Bia, sua filha, interpreta Maria. Ela era a sua escolha desde o início do projeto?

Não era. Tenho um casal de filhos, um menino e uma menina. Quando eles eram menores, eu lia muito para eles antes de dormir. Sempre abria um livro, eles pediam, era um hábito que tínhamos em casa. Quando decidir adaptar o livro, eu li a história para eles. Bia tinha 9 anos na época e ficou muito encantada, queria que eu continuasse, não deixava parar. Ficou muito marcada. Senti que aquela história pegou nela, até por conta da faixa etária, ela tinha a mesma idade da personagem, que tem 10 anos. Eu falei que estava querendo adaptar para fazer um filme, e desde o início ela dizia “eu quero muito fazer a Maria”. O que, num primeiro momento, a gente acha que é um capricho de uma criança.

Eu logo recusei, “imagina, isso é um filme, minha filha, é uma coisa muito séria”. Mas ela já tinha uma experiência com teatro na escola, que trabalha muito a área de artes, é construtivista e muito ligada à criação artística, monta peças superelaboradas no final do ano. Enfim, eu estava lá procurando a personagem, a menina que iria ser a Maria. Tinha visto algumas meninas, não tinha encontrado. Já estava com o elenco adulto escolhido e fomos fazer uma primeira leitura de roteiro, na produtora. Foi um dia à noite. Minha esposa, como produtora do filme, também estava lá, e levou minha filha, não tinha com quem deixar em casa. “E aí, quem vai ler [as falas de] Maria?” E minha filha chegou. “Ela está aqui, pode ler. Vamos fazer a leitura.” E ela fez a leitura. Quando acabou, os outros atores viraram para mim e disseram: “Acho que a sua busca pela Maria terminou aqui, porque não tem como ser outra pessoa”. Foi uma coisa que partiu do elenco. De fato, ela leu com muita propriedade, se apropriou daquela personagem, agarrou aquilo.

Bia Goldenstein

Você estava com dez para 11 anos quando fez “Corda Bamba”, e agora está com 14. Quais as lembranças que guardou dessa experiência?

Eu me lembro dos amigos que eu encontrei durante as filmagens, me lembro da preparação, do livro, das lembranças que ele me causou, da forma como fez mudar o meu olhar para a vida, para dar mais valor a certas coisas, e me lembro muito também como aprendi a fazer cinema.

Antes você só havia feito teatro, certo?

Bia Goldenstein em “Corda Bamba”

Eu fazia teatro na escola, era uma coisa nada profissional. A gente adaptava muitas histórias, a gente tratava muito o tema do ano na escola. Eu me lembro de ter feito uma peça que era o Carlos Drummond de Andrade junto com o Julio Verne, e eu era um pensamento do Julio Verne, que era o primeiro avião dele e era também a namorada dele.

Você continua a estudar na mesma escola?

Sim, estou na mesma escola [Escola Sá Pereira, no Botafogo, Rio de Janeiro]. Vou me formar [no Ensino Fundamental] no ano que vem, estou no oitavo ano.

Passou por alguma outra experiência em teatro fora da escola ou em cinema?

Não. Só na escola, nada de fora. Fiquei com vontade de fazer, cheguei a receber um convite, se não me engano do Canal Brasil, mas eu ainda não faço nem aula de teatro porque eu não tenho tempo para isso.

Como você conheceu “Corda Bamba”?

Meu pai sempre lia para a gente, eu e meu irmão, antes de a gente dormir, no nosso quarto. E antes de “Corda Bamba” ele já tinha apresentado pra gente [de Lygia Bojunga] “A Bolsa Amarela”. Ele tinha lido e eu tinha gostado muito desse livro, muito mesmo. Depois de ele ler pra gente eu li, estava começando naquela época a ler livro grande sozinha, e aí em seguida eu pedi para ele ler outro [de Lygia], e ele leu esse, “Corda Bamba”. Acho que ele me marcou mais do que “A Bolsa Amarela” porque esse, o “Bolsa”, é divertido de ler e tal, mas o “Corda Bamba” me marcou porque é mais melancólico, sentimental, ele mudou o meu jeito de pensar.

O que você se lembra de ter sentido durante a leitura?

Eu me lembro vagamente que fiquei muito chateada, muito triste por ela [Maria, a personagem principal], mas ao mesmo tempo eu queria fazer alguma coisa para ajudar ela. Eu queria descobrir qual a maneira, eu queria continuar a ler o livro, mas ao mesmo tempo eu queria parar porque eu queria arranjar a minha maneira de melhorar isso para ela com medo do que iria acontecer depois.

Depois você leu mais algum livro da Lygia Bojunga?

Depois eu li acho que mais um que agora eu não lembro o nome. Gostei também.

E hoje, o que você gosta de ler?

Eu gosto de ler esses dramas românticos de adolescentes, mas agora estou lendo a serie do Percy Jackson.

E filmes?

Gosto de ver comédias românticas com as minhas amigas, mas também dramas. Gosto muito de ver filmes, mas tenho visto muitas séries de TV. Eu ia muito ao cinema, mas parei de ir um pouco, vejo mais em casa. É porque eu ia com minha mãe e meu irmão, e agora que eu comecei a sair com as minhas amigas a gente faz outro tipo de coisa.

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Saudades de "A Corrida Maluca" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/09/14/saudades-de-a-corrida-maluca/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/09/14/saudades-de-a-corrida-maluca/#comments Sat, 14 Sep 2013 13:36:34 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=869 Continue lendo →]]>

“Aviões”, animação da Disney, entrou em cartaz ontem. Clique aqui para ler o texto que escrevi sobre o filme na “Folhinha” de hoje, que traz ainda uma pequena entrevista com o diretor Klay Hall — o mesmo de “Tinker Bell e o Tesouro Perdido” (2009).

No texto, mencionei o seriado “A Corrida Maluca” (1968/1969), um dos que mais gostava na infância. Foram apenas 17 episódios e 34 provas disputadas pelos personagens, mas constantes reprises tornaram a animação popular entre diversas gerações.

Na tela abaixo, a abertura do seriado, com a apresentação de todos os competidores. Penélope Charmosa, Dick Vigarista e os Irmãos Rocha eram os meus favoritos, mas a turma inteira era impagável.

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De Uberaba para o mundo: "Encantado" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/09/05/de-uberaba-para-o-mundo-encantado/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/09/05/de-uberaba-para-o-mundo-encantado/#comments Thu, 05 Sep 2013 18:49:10 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=832 Continue lendo →]]>

Júlia Mendonça em “Encantado”

O Festival de Cinema Infantil de San Diego (Califórnia, EUA), que começa nesta sexta-feira (dia 6), exibirá o curta-metragem brasileiro “Encantado” (batizado em inglês como “Charming”).

Se você estiver em San Diego e quiser prestigiá-lo, o filme está programado para o sábado, em segundo lugar na sessão das 12h, no AMN HealthCare Theater.

Outro dois curtas brasileiros serão exibidos no mesmo dia: “Requília” (“Relic”), de Renata Diniz, que foi selecionado para o próximo Festival de Brasília (19 a 23 de setembro), e “O Retrato da Lua” (“The Picture”), de Diego Lopes e Cláudio Bitencourt, que recebeu o prêmio de melhor infanto-juvenil na edição 2013 do FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul), em junho.

“Encantado” participará também do WorldKids International Film Festival, um festival itinerante de filmes infantis, na Índia.

Produzido por Ludmila Costa, escrito, dirigido e montado por Guilherme Tensol, esse curta mineiro — rodado  no Museu de Arte Decorativa de Uberaba — aproxima duas crianças, Fred (interpretado por Frederico Silveira) e Júlia (interpretada por Júlia Mendonça), do universo mágico infantil em que maçãs podem ter poderes especiais — de salvar vidas ou, quem sabe, levar à morte.

Um príncipe encantado, uma bela adormecida, uma madrasta, uma bruxa e diversas carpideiras protagonizam a história, ambientada na década de 1920. Ao final, um bônus de notável elegância: as belas ilustrações de Eve Ferreti que acompanham os créditos.

Abaixo, um bate-papo com Guilherme:

Por que a opção pelo universo infantil?

Não foi uma opção consciente mas, pensando nisso agora, deve ter a ver com minha experiência como professor de inglês de crianças e adolescentes. Como, na época, eu também era bem novo — enquanto eles iam de 8 a 15, eu tinha 17, por exemplo — eu não enxergava minha comunicação com eles (jovens) como algo que deveria ser desprovido de peso, profundidade ou conteúdo. Pelo contrário! Dentro de certos parâmetros, eu os tratava “como gente grande”, digamos assim, olhando no olho e deixando bem claras as minhas posições. E eu recebia isso de volta. Com isso, passei a acreditar que a franqueza inerente a essa faixa etária favorece demais o diálogo aberto, honesto, sem meias palavras ou sentidos. É a vida adulta que traz a farsa para nossas vidas…

Como você avalia a produção de cinema para crianças no Brasil?

Eu adoro! Curtas como “A Origem dos Bebês Segundo Kiki Cavalcanti”, de Anna Muylaert, ou “A Menina Espantalho”, do colega mineiro Cássio Pereira, fazem parte do meu imaginário nesse nicho. E acredito que iniciativas fantásticas como o site Filmes que Voam, dentre outras, só incentivam e fortalecem o segmento.

Tem planos para prosseguir na exploração do universo infantil ou esse projeto foi circunstancial?

Temos sim — digo “temos” porque realmente vivo a ideia de cinema ser criação coletiva. Temos um projeto muito bonito que vai na mesma linha infantil ainda em fase inicial. Deverá ser algo mais fantasioso e lírico relacionado ao interior de Minas Gerais. Por hora, estamos focados em finalizar nosso primeiro longa-metragem, “Supernova”, um drama psicológico filmado dentro de uma instituição psiquiátrica e, como dizer?, um filme “bastante para adultos”.

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Na janela abaixo, uma reportagem do “MGTV” sobre as filmagens de “Encantado”.

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Ótima chance de ver "Meu Pé" no cinema http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/08/30/otima-chance-de-ver-meu-pe-no-cinema/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/08/30/otima-chance-de-ver-meu-pe-no-cinema/#comments Fri, 30 Aug 2013 13:34:06 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=810 Continue lendo →]]>

José de Abreu e João Guilherme Ávila em “Meu Pé de Laranja Lima”

Muita gente que conheço perdeu “Meu Pé de Laranja Lima” nos cinemas. Acontece o tempo todo: quando finalmente você arruma espaço na agenda para assistir a um filme que queria muito ver, ele já saiu de cartaz ou continua em apenas uma sessão no meio da tarde, em um shopping-center do outro lado da cidade.

No caso de “Meu Pé”, a ótima chance de vê-lo (ou revê-lo) no cinema virá no próximo domingo (dia 1), às 11h, na sessão Cineclubinho do CineSesc — que, como sabem os paulistanos, é uma de nossas melhores e mais gostosas salas. Se o seu filho ainda não a conhece, o passeio ficará melhor ainda.

Quando “Meu Pé” estreou nos cinemas, a “Folhinha” deu capa. Clique nos links abaixo para ler os textos que publiquei no jornal e no blog:

“Meu Pé de Laranja Lima” diverte, mas também faz chorar

Conheça outras curiosidades sobre “Meu Pé de Laranja Lima”

João Guilherme, o ator de “Meu Pé”, acha que o filme deveria ser “livre”

Ator de “Meu Pé” gosta de ler a coleção “Mortos de Fama”

Katia Machado e “O Pequeno Príncipe” na origem de “Meu Pé”

Nas janelas abaixo, você assiste ao trailer da nova versão de “Meu Pé”, que será exibida domingo no CineSesc, e à íntegra da primeira versão do romance de José Mauro de Vasconcelos para o cinema, lançada em 1970 (e muito popular à época).

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Renato Aragão e "Bonga, o Vagabundo" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/08/28/renato-aragao-e-bonga-o-vagabundo/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/08/28/renato-aragao-e-bonga-o-vagabundo/#respond Wed, 28 Aug 2013 19:27:34 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=804 Continue lendo →]]> Bonga-o-quê?, talvez você esteja se perguntando.

“Bonga, o Vagabundo” (1971) é o filme que mais marcou Renato Aragão, como o criador do imortal Didi Mocó contou durante a Roda da Folhinha promovida com ele no último sábado.

Escrito e dirigido por Victor Lima, com argumento dele e de Renato Aragão, o filme é da fase pré-Trapalhões. Renato interpreta o personagem-título, que vive em uma casa de bambu e quer ajudar todo mundo a ser feliz. Por esse motivo, arranja uma confusão com um amigo rico e uma jovem solitária.

“Esse não teve sucesso”, lamentou o comediante.

Renato, não custa lembrar, protagonizou 12 dos 20 filmes brasileiros de maior público no período 1970-2011, de acordo com a Ancine (Agência Nacional do Cinema).

Clique aqui para ler reportagem sobre a Roda da Folhinha com Renato e aqui para ler um post que publiquei sobre a tese de doutorado que o ator, diretor e professor de arte-educação André Carrico defendeu, no Instituto de Artes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), sobre Os Trapalhões.

Na janela abaixo, você pode assistir à íntegra de “Bonga, o Vagabundo” e tentar entender por que Renato não se esquece dele.

Arrisco um palpite: tem algo de Charles Chaplin — à moda Didi-Mocoziana — nessa história.

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E tem "Traquitana" na TV Cultura http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/06/12/e-tem-traquitana-na-tv-cultura/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/06/12/e-tem-traquitana-na-tv-cultura/#comments Wed, 12 Jun 2013 15:46:09 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=633 Continue lendo →]]>

O vira-lata Bicão (ou Steve Dogs, interpretado por Yuri de Franco) e o Professor (Rafael Senatore) no laboratório de “Traquitana”

No “Dicionário Houaiss”, a palavra traquitana tem dois sentidos: (1) “carruagem de quatro rodas e um só assento, com cortinas na parte fronteira”; (2) “automóvel velho, maltratado, de mau aspecto; caranguejola, lata-velha”.

O segundo significado, de “lata-velha”, tem mais a ver com “Traquitana”,  novidade da TV Cultura de São Paulo. É um “interprograma”, ou seja, um programa curto — em média, de três minutos e meio — que vai ao ar nos intervalos da programação.

Em cada interprograma, o Professor (Rafael Senatore) e seu assistente, o vira-lata Bicão (Yuri de Franco), produzem em seu laboratório uma traquitana diferente.

Os materiais são fáceis de encontrar, e as crianças podem repetir a traquitanagem em casa, com a ajuda de um adulto.

Devo admitir que o “Traquitana” me conquistou logo de cara por causa deste interprograma que você pode ver clicando aqui, e que ensina como funciona a ilusão de movimento do cinema a partir da criação de um “traquitanoscópio”.

Clique aqui para assistir a outro interprograma, que ensina a criar um “barco a jato”, e aqui para assistir a um vídeo promocional.

Abaixo, uma mini-entrevista com o diretor geral de “Traquitana”, Pichi Martirani.

A concepção dos interprogramas teve quais objetivos?

Estimular a criatividade e o planejamento das idéias na execução de projetos, mostrando como transformar idéias, questões, em traquitanas, e destacando a importância do processo e do trabalho em equipe.

Qual foi a pesquisa de linguagem que levou ao formato adotado?

“Muppets”, “Mister Maker”, “O Mundo de Beakman” e a “Turma do Charlie Brown”. Especificamente a personagem do cão, Bicão, é uma homenagem a Steve Jobs. Ele é o nosso Steve Dogs. Desenha na linguagem “touch” como num iPad ou iPhone.

Está prevista a produção de quantos interprogramas?

Já temos finalizados, prontos para ir ao ar, 30 interprogramas. Existe por parte da BIC [a patrocinadora] a intenção de apoiar a produção de mais 30 episódios no segundo semestre. 

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Três Corações celebra Dona Clotilde http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/24/tres-coracoes-celebra-dona-clotilde/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/24/tres-coracoes-celebra-dona-clotilde/#comments Fri, 24 May 2013 20:05:44 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=588 Continue lendo →]]>

Dona Clotilde em janeiro de 2005 (Foto: Marcelo Soares/Folhapress)

“A professora primária recebe pouca orientação. Ela é capaz de destruir uma criança por ignorância e inexperiência. As crianças estão viciadas em televisão. Antes, havia só o rádio, que não escravizava tanto. E os costumes eram outros. Os pais passavam mais tempo com os filhos.”

Palavras de Clotilde Iemini de Rezende Brasil (1913-2008), que seus alunos — milhares deles, em quase 80 anos de magistério — chamavam de Dona Clotilde.

Figura adorável, que conheci em 2005, ao entrevistá-la para um perfil publicado pelo extinto caderno Sinapse da “Folha”. Era uma instituição de Três Corações (MG), onde viveu a maior parte do tempo (nasceu em Varginha) e onde todo mundo a conhecia.

(Antes que você pergunte: Pelé não foi aluno dela. Eis aí um título que ele não pode exibir na sua imensa galeria de troféus.)

Volto a falar de Dona Clotilde porque a sua família e a Câmara Municipal de Três Corações abrem neste fim de semana a celebração oficial pelo seu centenário de nascimento.

No próximo domingo, dia 26, às 19h, haverá missa na Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia. No dia seguinte, às 19h30, a Escola do Legislativo “Benefredo de Souza” promoverá o encontro “A saudade vira história”.

Abaixo, o perfil publicado no Sinapse de 29 de março de 2005.

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Senhora do ensino

Primeira professora do educador Rubem Alves, dona Clotilde, 91, mantém-se na docência após 73 anos de carreira

Sérgio Rizzo
enviado especial a Três Corações (MG)

Tia Titinha considera a família “muito chaleira” — modo zombeteiro de dizer que filhos e netos são excessivamente zelosos com ela. Reclama que gostaria de ir sozinha ao trabalho, mas há sempre alguém para levá-la e buscá-la. De vez em quando, ela burla a vigilância. Uma das filhas conta que, semanas atrás, a encontrou na igreja, a três quilômetros de casa. Não tem como ir muito longe sem que a descubram. Em Três Corações (MG), é personalidade quase à altura de Edson Arantes do Nascimento, o cidadão mais famoso da cidade.

Pelé saiu de lá criança, sem conquistar um título de muita estima na região: o de ser aluno de tia Titinha, ou dona Clotilde. Filha mais velha de imigrantes italianos (o pai era confeiteiro), ela nasceu em 1913, em Varginha (MG), teve nove irmãos (cinco estão vivos) e, em 1930, formou-se professora. Quatro irmãs seguiram o mesmo caminho. “Naquele tempo, a mulher tinha poucas oportunidades. Só podia ser professora ou estudar música.”

Começou a trabalhar no ano seguinte, no antigo Grupo Escolar Afonso Penna, na cidade natal. Só abandonou a sala de aula — dois casamentos, sete filhos e vários endereços depois — em 2001. Mesmo assim, não se aposentou. A Unincor (Universidade Vale do Rio Verde), onde lecionava as disciplinas de lingüística, prática de ensino e língua portuguesa, propôs que assumisse um cargo de assessoria aos alunos de pós-graduação.

“Enquanto não me mandarem embora, continuo a trabalhar”, diz Clotilde Iemini de Rezende Brasil, que completará 92 anos em maio. A longevidade foi coroada com a defesa, em abril de 2003, da dissertação de mestrado sobre a ironia na obra do escritor português Eça de Queiroz (1845-1900). O auditório da Unincor estava lotado e, segundo ela, atento.
“Sei que deu certo porque a platéia, silenciosa, ria quando eu estava lendo as passagens engraçadas”, avalia. “Foi uma festa muito bonita.” Poucas semanas depois, sofreu uma trombose que, somada a um problema de calcificação, lhe roubou parte da visão. Graças a óculos e luminárias especiais, ela se mantém ativa.

“A idade é um aplanador de dificuldades”, diz. Suas férias terminaram em 18 de janeiro. De segunda a quarta, das 8h às 11h, ela atende a alunos e professores em uma pequena sala da universidade. De certa forma, mantém a rotina das aulas: em vez de somente assinalar os erros em dissertações e teses, prefere explicar os porquês. Pode uma frase começar com pronome oblíquo? A resposta se torna longa explanação histórica sobre o tema.

Por causa disso, leva sempre trabalho para casa — o que não a impede de arrumar tempo para cuidar das plantas, preparar semanalmente um bolo de fubá sem fermento para as crianças da família (são 17 netos e dez bisnetos, mais dois “no forno”), participar de reuniões no círculo literário de Três Corações, fazer palestras, esclarecer dúvidas ao telefone, ir à missa aos domingos e ler-ler muito.

Dona Clotilde: quando parou de lidar com crianças, passou a achar “todo mundo feio” (Foto: Marcelo Soares/Folhapress)

A lista de preferências começa com uma solitária ressalva: José Saramago. “Ele não respeita a minha religião; li toda a obra, mas não consegui gostar”, diz, mais em tom de lamentação do que de crítica. Jorge Amado, Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz são as lembranças afetivas imediatas. E Monteiro Lobato, “muito”. “Ele era discriminado quando resolvi batizar com o nome dele a biblioteca da escola em Varginha”, orgulha-se.
O tom de voz muda, no entanto, quando menciona a pedagoga russa Helena Antipoff (1892-1974). “Eu tinha saído da escola despreparada e sem experiência, mas firme nas intenções. Helena, que era iluminada e amava muito as crianças, supervisionava em Minas Gerais um curso de aperfeiçoamento para professores-orientadores rurais, para nós da roça.” Na época, década de 40, dona Clotilde vivia com o primeiro marido em uma fazenda de Três Corações e dava aula para as crianças do lugar, incluindo os próprios filhos.

O curso a apresentou ao “método global” de ensino, que visa ao “desenvolvimento harmônico da criança em todos os sentidos”, e transformou sua percepção sobre o papel do educador.

Disposta a voltar para a cidade com o nascimento do sexto filho (teve sete), recuperou seu cargo na rede estadual e foi trabalhar no Grupo Escolar Bueno Brandão, em Três Corações. “Sempre achei que o equilíbrio, o progresso e a felicidade têm solução pela educação”, afirma. Mede as palavras, porém, ao falar, contrariada, dos “fatores negativos” que influenciam o sistema educacional brasileiro hoje. “A professora primária, por exemplo, recebe pouca orientação. Ela é capaz de destruir uma criança por ignorância e inexperiência.” Dona Clotilde pensa também que a televisão faz uma diferença muito grande. “As crianças estão viciadas. Antes, havia só o rádio, que não escravizava tanto. E os costumes eram outros. Os pais passavam mais tempo com os filhos.”

Foi na pequena sala onde trabalha, na universidade, que recebeu a notícia de que havia se tornado conhecida muito além dos limites de Três Corações. O educador e escritor Rubem Alves, colunista do Sinapse e um de seus ex-alunos em Varginha, a mencionou em uma crônica publicada no caderno há dois anos e que repercutiu por onde houvesse ex-alunos. Ao saber que ela estava viva, Rubem Alves escreveu outra crônica, em novembro do ano passado, especialmente para homenageá-la. “De uma hora para outra, ao figurar no texto de um escritor conceituado como ele, minha vida adquiriu novo sentido”, diz. Admite, no entanto, que não se lembra dele quando criança. “Gostaria muito, mas não consigo. Todo ano tinha aluno novo. E, 73 anos renovando, não dá para guardar todos.”

Há pouco tempo, o fisioterapeuta perguntou a ela se sentia falta das crianças. “Respondi que, quando parei de lidar com elas para me dedicar só ao ensino universitário, nos anos 80, achei todo mundo feio. Não gostei do outro lado da vida. A convivência com as crianças me fazia sentir o mundo melhor. E, se existe pecado que não levo, é o de ter humilhado, uma vez que fosse, uma criança.” Nenhum dos sete filhos se tornou professor. “Teria achado bom se algum quisesse”, lamenta. A vingança veio com os netos -vários dão aulas e quatro são doutores. A um deles, em momento de indecisão profissional, recomendou que abandonasse a carreira de professor. “Aí ele me disse: ‘Ah, vó, mas é tão bom dar aula'”, lembra tia Titinha, com o sorriso de quem, no fundo, também ela um pouco “chaleira”, ouviu o que desejava.

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Daniel Boaventura, "homem-folha" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/18/daniel-boaventura-homem-folha/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/18/daniel-boaventura-homem-folha/#respond Sat, 18 May 2013 10:00:14 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=546 Continue lendo →]]> O general Ronin, um dos “homens-folha” da animação “Reino Escondido”, é dublado na versão brasileira pelo ator e cantor Daniel Boaventura, que completa 43 anos neste domingo.

No cinema, antes de fazer “Reino Escondido”, ele só havia participado de três filmes como ator (“3 Histórias da Bahia”, “Coisa de Mulher” e o ainda inédito “Odeio o Dia dos Namorados”) e dublado uma animação em “stop-motion”, o longa brasileiro “Minhocas”.

Abaixo, um bate-papo em que Daniel fala de dublagem (“você e o microfone no aquariozinho”) e da experiência incomum de ver pela primeira vez um trabalho seu com uma das filhas na poltrona ao lado.

Sua carreira em teatro e televisão é numerosa, mas você fez poucos trabalhos em cinema. Por quê?

Houve situações em que eu fui chamado para fazer filmes e estava em cartaz. O teatro musical ocupa muito tempo. Em 2006, por exemplo, eu gravava o “Malhação” e queríamos renovar para 2007, quando eu iria fazer “My Fair Lady” no teatro. Eu disse que só poderia assinar para “Malhação” se me deixassem livre nos três primeiros meses. Os ensaios para musicais tomam seis dias por semana, dez horas por dia, durante dois meses. É um tempo precioso para uma pessoa. Quando estava em “A Bela e a Fera”, cheguei a fazer oito sessões por semana. Trabalhava 28 dias por mês. Consome muito.

Se não houvesse esse problema, você gostaria de fazer mais cinema?

Gostaria muito. Em 2012 filmei “Odeio o Dia dos Namorados”, dirigido por Roberto Santucci, e que deve estrear em breve [o lançamento está programado para 7 de junho]. Gostei muito do processo. No ano passado, consegui fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Neste ano estou mais tranquilo, me dedicando, por enquanto, principalmente a shows.

Quando você começou a fazer dublagens para animações?

Antes de “Reino Escondido”, fiz “Minhocas” (Worms), a primeira animação brasileira de longa-metragem em “stop-motion”. Curiosamente, fiz primeiro a dublagem em inglês, em 2007. Só fui dublar em português no início desta semana. O filme deve ser lançado no fim do ano pela Fox [a estreia está programada para 20 de dezembro].

O general Ronin, personagem dublado por Daniel Boaventura em “Reino Escondido”

E “Reino Escondido”?

Eu estava fazendo “A Família Addams” no teatro quando o meu empresário me enviou um e-mail dizendo que tinha um convite. Fui ficando muito interessado pelo filme. Em primeiro lugar, por ser da produtora Blue Sky. Admiro muito o trabalho de Carlos Saldanha, embora este filme, especificamente, não seja dirigido por ele [Chris Wedge, diretor de “Robôs” e do primeiro “A Era do Gelo”, é quem assina “Reino Escondido”]. Depois, soube do personagem, o general Ronin. Achei interessante. Quando dublei, vi que ele ficou ainda mais interessante do que eu esperava. E não havia a necessidade de torná-lo engraçado. Era um herói “per se”, um líder, denso e intenso. No processo de dublagem, tive um primeiro momento que foi a gravação do trailer, dirigido pelo Guilherme Briggs. Homenzinhos verdes numa floresta! Fantástica surpresa. Na gravação para o filme, eu tinha um pouco de preconceito, tinha receio do “sync” [a sincronização do áudio com as imagens]. Mas fui dirigido pelo Manolo Rey, outro craque. Nos primeiros 20 ou 30 minutos já tinha a embocadura para o personagem, estava só me acostumando ao “sync”. O método de prestar atenção à música do diálogo foi a melhor coisa. Em uma hora estava craque. Era quase a sensação de jogar. Gravei tudo em cinco ou seis horas. Um dia no aquariozinho, como eu chamo o estúdio.

Você procurou se aproximar da interpretação de Colin Farrell, que faz Ronin na versão original?

Gostei muito do trabalho dele. Não tem como deixar de usar como referência. Você ouve a voz original enquanto dubla. Mas, se eu gosto, não acho que vou copiar. Em “My Fair Lady”, por exemplo, eu fiz o professor Higgins. Vi antes o filme com o Rex Harrison no papel. Talvez seja o maior trabalho dele. Que impressionante, que velocidade. “Como vou fazer isso em português?”, pensei. E as músicas, muito verborrágicas? Tinha músicas maravilhosas. A referência dele (Harrison) foi interessante não porque fosse copiar, mas porque acrescentaria. A voz do Colin Farrell é mais grave, areada. Cabia ir para essa textura. E notei que ele sabia jogar texto fora. Não empostava a voz ou nada desse tipo. Observei isso, e não copiei.

Você está acostumado a interagir com outros atores no palco e na TV. Não estranhou trabalhar sozinho no estúdio, gravando isoladamente as suas falas?

O pessoal que dublou o “Rio” me contou que só foi se ver na estreia do filme no Brasil. Não troquei palavra com o Murilo [Benício, que dubla Bomba, um pesquisador atrapalhado] em “Reino Escondido”. Fiquei no estúdio só com o diretor e o operador. O que me ajudou foi que estou acostumado a estúdio. Há seis anos encarei a carreira como cantor profissional, já gravei três CDs e um DVD. Eu me habituei a gravar em estúdio. A dublagem é um processo similar, você e o microfone no aquariozinho.

E qual foi a sua reação ao ver o filme inteiramente dublado, com o “encaixe” da sua voz no conjunto?

Tenho duas filhas, uma de 4 anos, Isabela, e outra de 10, Joana. A Joana é uma crítica de cinema nata. Quer sempre ficar até o final da sessão para ver os créditos, quem fez o quê. A Isabela naquele dia não pode, mas a Joana foi comigo ver “Reino Escondido”. Foi a primeira vez em que desfrutei um trabalho meu ao lado dela. Genial! Ela colada a mim, braço apertado. Muito engraçado, e muito especial. Foi um prazer inenarrável ver o conjunto, tudo se encaixando, sem contar a qualidade da imagem. Quando vi “A Era do Gelo”, fiquei pasmo desde a primeira cena com o realismo dos pelos do animal, com a expressão facial. O primeiro “take” de “Reino Escondido”, no meio do mato, me deu uma sensação parecida. O filme tem ação, humor, bons momentos dramáticos. Viajei, me diverti muito. Sei que sou suspeito, mas fiquei orgulhoso do trabalho.

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Cartoon contra o bullying http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/15/cartoon-contra-o-bullying/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/15/cartoon-contra-o-bullying/#respond Wed, 15 May 2013 15:17:02 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=535 Continue lendo →]]> “Seja você a vítima ou a testemunha do bullying, existem muitas coisas que pode fazer para detê-lo. Mas a melhor coisa é NÃO FICAR CALADO.”

Essa dica faz parte do extenso material que pode ser encontrado no web site “Chega de Bullying”, lançado nesta quarta-feira pelo Cartoon Network. Ele integra um movimento da organização humanitária Visão Mundial, em parceria também com o Governo do Estado de São Paulo, Plan Internacional, Organização dos Estados Iberoamericanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) e Facebook.

Clique aqui para conhecer o portal, que traz informações para crianças e adolescentes, bem como para pais e professores (a imagem acima vem de lá).

Logo na página de abertura, uma janela de vídeo apresenta depoimentos do jogador de futebol Paulo Henrique Ganso, do jornalista Marcelo Tas e do cartunista Maurício de Sousa.

Essa janela de vídeo exibe também duas animações bem-humoradas sobre situações típicas de bullying escolar envolvendo crianças. No fim de cada desenho, aparece um dos slogans da campanha:

“A vida não é desenho animado. Bullying é inadmissível.”

O bullying virtual — que usa as redes sociais da internet como a sua principal plataforma — também é tratado pelo web site do Cartoon Network, que usa uma linguagem simples e direta, de fácil compreensão por crianças e adolescentes.

Os visitantes são convidados a assinar virtualmente o “compromisso para acabar com o bullying”.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo firmou convênio com o Cartoon Network para distribuir kits sobre bullying em escolas e para mobilizar os 4,2 milhões de alunos da rede.

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Em inglês, existem diversas (e muito boas) fontes de informação sobre bullying. Uma delas é a do The Bully Project, que deu origem ao documentário “Bullying”, dirigido por Lee Hirsch e já disponível em DVD no Brasil (classificação indicativa: 12 anos).

Em novembro do ano passado, fiz uma entrevista com Hirsch para a revista “Educação”. Confira abaixo o resumo do bate-papo:

A escolha do tema foi relacionada a experiências pessoais?

Lee Hirsch, diretor do documentário “Bullying”

Sim, é uma história pessoal. Fui vítima de bullying na infância e quis dar voz a crianças e famílias que lidam com isso diariamente. Há muito silêncio e vergonha em torno do bullying e de suas vítimas, e suas consequências são menosprezadas. Os riscos são muito mais graves do que a maioria das pessoas imagina. Fiz o filme para acabar com o estigma social de que se trata apenas de “crianças agindo como crianças”. As consequências são reais e terríveis.

Qual foi o método para encontrar pessoas dispostas a falar?

O processo foi difícil e exigiu muitas horas de pesquisa, muitos encontros, e o desenvolvimento de relações em que as pessoas confiavam em nossa equipe de filmagem para permitir que documentássemos as suas vidas. É preciso ter muita coragem para encarar a câmera e autorizar o mundo a observar a sua vida, especialmente no que diz respeito a um assunto tão delicado. Sou muito agradecido a todos os que nos deixaram entrar em suas vidas e registrar a gravidade do problema.

Você acredita que o filme contribuiu para intensificar o debate sobre bullying nos EUA?

Lentamente, o bullying vem ocupando espaço cada vez maior no debate social dos EUA nos últimos anos, à medida que a sociedade começou a perceber as suas implicações bem concretas. Acredito que o filme tenha ajudado nessa tendência, destacando a relevância do tema, especialmente depois de toda publicidade que recebeu com a divulgação da MPAA Rating [classificação indicativa dos EUA, que o considerou impróprio para menores de 13 anos; no Brasil, ela foi de 12 anos]. Quando “Bullying” estreou, lançamos também uma campanha de ação social com o objetivo de garantir que ao menos um milhão de crianças assistisse ao filme, nos EUA e no exterior. Não queríamos que sua mensagem desaparecesse quando ele saísse de cartaz. Cerca de 250 mil crianças o viram por causa dessa iniciativa.

O público brasileiro pode aprender com a sua abordagem do tema?

A força do filme está em tratar de um assunto universal. Muitas pessoas podem relacioná-lo a experiências pessoais na infância, ou mesmo da vida adulta. Não importa o idioma que você fale ou o país onde resida, incluindo o Brasil. As ações que o público conhece em “Bullying” falam ao espírito humano em relação ao que estamos dispostos a aguentar, e também a ajudar e a testemunhar.

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