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Censura Livre

por Sérgio Rizzo

Perfil Sérgio Rizzo é jornalista, professor e crítico de cinema

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"Corda Bamba" veio do fundo da memória

Por srizzo
05/10/13 07:00

Gustavo Falcão, Bia Goldenstein e Georgiana Góes em “Corda Bamba”

“Corda Bamba – História de uma Menina Equilibrista”, o primeiro longa-metragem baseado na obra de Lygia Bojunga Nunes, estreia nos cinemas no próximo dia 11. Um presentão de Dia das Crianças.

A “Folhinha” deste sábado traz alguns textos que escrevi sobre o filme e sobre os livros de Lygia, uma das minhas escritoras favoritas. Clique aqui e também aqui para ler.

Abaixo, trechos das duas entrevistas que fiz na última segunda-feira — a primeira com o diretor do filme, Eduardo Goldenstein, e a segunda com a sua filha, Bia, que faz o papel principal do filme.

Eduardo Goldenstein

Quando você entrou em contato com a obra de Lygia Bojunga?

Na minha infância. Tinha uns 9, 10 anos de idade. Comecei a ler os livros na época em que ela estava lançando esses livros — “A Bolsa Amarela”, “A Casa da Madrinha”, “Os Colegas”, “Corda Bamba”, que eu li com 10 anos de idade. “Corda”, particularmente, exerceu um impacto muito forte, me marcou muito. Eu lembro que foi uma das leituras mais marcantes que fiz na minha infância porque, primeiro, ele propunha um tema muito diferente, que eu não estava acostumado a ler nos livros que eu lia até então. Um tema trágico: uma menina que não sabe o que aconteceu com os pais, perdeu a memória, tem que sair de casa, o circo, vai morar com a avó que mal conhece, e começa a sonhar, a recobrar a memória dela através do sonho. Aquilo me marcou muito, achei diferente de tudo o que havia lido.

E como chegou à ideia de filmar “Corda Bamba”?

Estava estudando um tema para fazer um longa e já havia rascunhado alguma coisa em relação ao circo. Tinha muita vontade de fazer um filme que se passasse no circo e tivesse alguma relação com esse universo. Um belo dia, estava assistindo a uma palestra sobre roteiro com uma roteirista holandesa que estava no Brasil, e me veio uma imagem na cabeca, do nada, uma imagem muito forte, a de uma menina andando na corda bamba no alto de um prédio. Foi a partir daí que o filme nasceu. Eu me lembrei que essa imagem vinha do livro. Não pensava nele havia mais de 30 anos. Tinha 40 quando essa ideia veio. Ele estava bem guardado lá no fundo da memória. No mesmo momento, pensei: “aquele livro vai dar um belo filme”. E aí foi quando começou o processo. Eu havia guardado comigo a primeira edição do livro, a que eu havia lido, o original dele. Abri para reler, rever os detalhes da história, e no que fechei o livro já tinha a certeza de que eu queria transformar aquela história em um longa.

É a primeira vez que um filme adapta uma história de Lygia Bojunga. Como foi a experiência de convencê-la a ceder os direitos?

Bia e Eduardo Goldenstein

Foi muito interessante. Hoje acho que construí com a Lygia uma relação de amizade. Na verdade, essa relação eu já tinha dentro de mim por conta de ser um leitor dela, admirava muito os livros dela. Eu me aproximei através de um e-mail que enviei a ela, me identificando primeiramente como um leitor. “Seus livros fizeram parte da minha formação”, disse. Falei do “Corda Bamba”, exatamente o que estou te contando, que a imagem veio à minha cabeca e que eu gostaria muito de transformá-lo num filme. E ela me respondeu quase que imediatamente, dizendo que era muito reticente em vender os direitos. Ela é muito ciosa da sua obra, não costuma ceder os direitos. Mas deixou a porta aberta para uma conversa. Marquei um encontro com ela, começamos a conversar, falei das minhas intenções, como é que eu pensava em adaptar. Tivemos alguns encontros, fui mostrando alguns tratamentos [versões] do roteiro, e ela realmente autorizou. Teve uma intuição: “vamos lá, vamos fazer”. Foi muito bacana, foi uma relação de amizade que a gente construiu. Não sei se outras pessoas tentaram, ela não comentou. Sei que realmente ela é reservada em relação aos direitos, e que algumas peças de teatro foram feitas a partir de livros dela, mas realmente cinema é a primeira vez.

Lygia participou das filmagens?

Não. Depois que partimos para a filmagem, os últimos tratamentos eu já não mostrei mais para ela, que só foi ver o filme pronto, porque também julguei necessário ter um afastamento. Isso é muito importante quando a gente adapta um livro, ainda mais quando você tem uma relação assim com o autor, você ter um afastamento para poder colocar a sua visão singular daquela obra porque senão a gente pode cair só em uma mera ilustração, uma repetição daquilo que já está no livro.

E como foi a reação da Lygia ao ver o filme?

Fizemos uma sessão na casa dela, ela chamou vários amigos. Todos gostaram muito, ficamos horas debatendo o filme. Ela gostou também, senti que ela gostou e que ao mesmo tempo ficou um pouco balançada de ver aqueles personagens que partiram da cabeça dela, da criação dela, sendo colocados na tela, ganhando uma imagem. Pra você ter uma ideia, ela não gosta nem de trabalhar com ilustração nos livros dela. Ela trabalha com pouquíssimas ilustrações, e trabalhava durante muitos anos apenas com uma ilustradora [Regina Yolanda]. Essa questão da imagem é muito forte para a Lygia. E ela vem acompanhando os passos do filme desde que ficou pronto, em festivais. Agora no lançamento, ela está o tempo todo querendo saber.

Depois da sessão na casa da Lygia você mexeu no filme?

Não mexi, não. É a versão final. Já mostrei a versão final. Até porque esse filme foi realizado graças ao edital do MinC [Ministério da Cultura] de baixo orçamento. Foi a primeira vez que esse edital premiou um filme infantojuvenil. É até um pouco difícil colocá-lo nessa prateleira do infantojuvenil. Foi uma pergunta que eu fiz para a Lygia. “Lygia, será que essa história é realmente infantojuvenil? É tão bonita, universal”. E ela falou: “Pois é, Eduardo, essas prateleiras são exigências do mercado, a gente sempre precisa rotular, mas para mim é uma história para todos, aberta, qualquer pessoa pode ler”.

Mas, como a gente tem essa questão de mercado, estou colocando como um filme para a família. Então foi a primeira vez que o edital premiou um filme dentro desse nicho. É um recurso pequeno. Eles dão R$ 1 milhão de prêmio e nós conseguimos captar mais R$ 400 mil aqui na Secretaria de Cultura do Rio. Ele custou R$ 1,4 milhão, o que para cinema não é muita coisa. É um filme que tem efeitos, a menina andando na corda, filmagem no circo, figuração. Trabalhei muito no roteiro para realmente escolher bem aquilo que eu queria que estivesse no filme. Não tem nenhuma cena que a gente filmou que não esteja no filme. A gente não tinha como desperdiçar a nossa munição.

O texto de Lygia é muito simples e, ao mesmo tempo, muito denso psicologicamente, com personagens cheios de contornos. Qual foi o seu princípio para adaptá-lo na forma de imagens?

Essa personagem de “Corda Bamba”, a Maria, no livro a gente está entrando no pensamento dela. No filme eu poderia ter o recurso de trabalhar com o “off” [os pensamentos ditos pela voz da personagem], mas achei que não era por aí. Então optei realmente por deixar tudo muito concentrado no olhar dela, na expressão dela. É uma personagem que praticamente não fala, e as coisas vão se passando diante dela, e ela vai penetrando naquele mundo do imaginário, dos sonhos. Eu tentei construir de maneira tal que o espectador possa ir entrando dentro do pensamento da Maria e possa ir montando junto com ela aquele quebracabeça da memória dela, os fragmentos que ela vai recuperando atrás de cada porta, que o espectador fique junto com ela até o final. Houve um trabalho de roteiro muito grande no sentido de buscar a essência do livro, e transpor aquilo para a imagem cinematográfica.

Bia, sua filha, interpreta Maria. Ela era a sua escolha desde o início do projeto?

Não era. Tenho um casal de filhos, um menino e uma menina. Quando eles eram menores, eu lia muito para eles antes de dormir. Sempre abria um livro, eles pediam, era um hábito que tínhamos em casa. Quando decidir adaptar o livro, eu li a história para eles. Bia tinha 9 anos na época e ficou muito encantada, queria que eu continuasse, não deixava parar. Ficou muito marcada. Senti que aquela história pegou nela, até por conta da faixa etária, ela tinha a mesma idade da personagem, que tem 10 anos. Eu falei que estava querendo adaptar para fazer um filme, e desde o início ela dizia “eu quero muito fazer a Maria”. O que, num primeiro momento, a gente acha que é um capricho de uma criança.

Eu logo recusei, “imagina, isso é um filme, minha filha, é uma coisa muito séria”. Mas ela já tinha uma experiência com teatro na escola, que trabalha muito a área de artes, é construtivista e muito ligada à criação artística, monta peças superelaboradas no final do ano. Enfim, eu estava lá procurando a personagem, a menina que iria ser a Maria. Tinha visto algumas meninas, não tinha encontrado. Já estava com o elenco adulto escolhido e fomos fazer uma primeira leitura de roteiro, na produtora. Foi um dia à noite. Minha esposa, como produtora do filme, também estava lá, e levou minha filha, não tinha com quem deixar em casa. “E aí, quem vai ler [as falas de] Maria?” E minha filha chegou. “Ela está aqui, pode ler. Vamos fazer a leitura.” E ela fez a leitura. Quando acabou, os outros atores viraram para mim e disseram: “Acho que a sua busca pela Maria terminou aqui, porque não tem como ser outra pessoa”. Foi uma coisa que partiu do elenco. De fato, ela leu com muita propriedade, se apropriou daquela personagem, agarrou aquilo.

Bia Goldenstein

Você estava com dez para 11 anos quando fez “Corda Bamba”, e agora está com 14. Quais as lembranças que guardou dessa experiência?

Eu me lembro dos amigos que eu encontrei durante as filmagens, me lembro da preparação, do livro, das lembranças que ele me causou, da forma como fez mudar o meu olhar para a vida, para dar mais valor a certas coisas, e me lembro muito também como aprendi a fazer cinema.

Antes você só havia feito teatro, certo?

Bia Goldenstein em “Corda Bamba”

Eu fazia teatro na escola, era uma coisa nada profissional. A gente adaptava muitas histórias, a gente tratava muito o tema do ano na escola. Eu me lembro de ter feito uma peça que era o Carlos Drummond de Andrade junto com o Julio Verne, e eu era um pensamento do Julio Verne, que era o primeiro avião dele e era também a namorada dele.

Você continua a estudar na mesma escola?

Sim, estou na mesma escola [Escola Sá Pereira, no Botafogo, Rio de Janeiro]. Vou me formar [no Ensino Fundamental] no ano que vem, estou no oitavo ano.

Passou por alguma outra experiência em teatro fora da escola ou em cinema?

Não. Só na escola, nada de fora. Fiquei com vontade de fazer, cheguei a receber um convite, se não me engano do Canal Brasil, mas eu ainda não faço nem aula de teatro porque eu não tenho tempo para isso.

Como você conheceu “Corda Bamba”?

Meu pai sempre lia para a gente, eu e meu irmão, antes de a gente dormir, no nosso quarto. E antes de “Corda Bamba” ele já tinha apresentado pra gente [de Lygia Bojunga] “A Bolsa Amarela”. Ele tinha lido e eu tinha gostado muito desse livro, muito mesmo. Depois de ele ler pra gente eu li, estava começando naquela época a ler livro grande sozinha, e aí em seguida eu pedi para ele ler outro [de Lygia], e ele leu esse, “Corda Bamba”. Acho que ele me marcou mais do que “A Bolsa Amarela” porque esse, o “Bolsa”, é divertido de ler e tal, mas o “Corda Bamba” me marcou porque é mais melancólico, sentimental, ele mudou o meu jeito de pensar.

O que você se lembra de ter sentido durante a leitura?

Eu me lembro vagamente que fiquei muito chateada, muito triste por ela [Maria, a personagem principal], mas ao mesmo tempo eu queria fazer alguma coisa para ajudar ela. Eu queria descobrir qual a maneira, eu queria continuar a ler o livro, mas ao mesmo tempo eu queria parar porque eu queria arranjar a minha maneira de melhorar isso para ela com medo do que iria acontecer depois.

Depois você leu mais algum livro da Lygia Bojunga?

Depois eu li acho que mais um que agora eu não lembro o nome. Gostei também.

E hoje, o que você gosta de ler?

Eu gosto de ler esses dramas românticos de adolescentes, mas agora estou lendo a serie do Percy Jackson.

E filmes?

Gosto de ver comédias românticas com as minhas amigas, mas também dramas. Gosto muito de ver filmes, mas tenho visto muitas séries de TV. Eu ia muito ao cinema, mas parei de ir um pouco, vejo mais em casa. É porque eu ia com minha mãe e meu irmão, e agora que eu comecei a sair com as minhas amigas a gente faz outro tipo de coisa.

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"O Menino e o Mundo" no Festival do Rio

Por srizzo
04/10/13 12:59

Programada para estrear nos cinemas em 17 de janeiro, a animação brasileira “O Menino e o Mundo” será exibida de hoje (sexta) até a próxima terça-feira no Festival do Rio. Clique aqui para ver salas e horários.

Dirigido por Alê Abreu (“Garoto Cósmico”), o filme obteve uma menção honrosa do júri no Festival Internacional de Animação de Ottawa (Canadá), encerrado no último dia 22. Assista aqui, no site Cartoon Brew, a trailers de alguns dos premiados.

E clique aqui para conheceu um pouco mais do trabalho de Abreu.

Na janela abaixo, um vídeo com imagens de “O Menino e o Mundo” e do grupo Barbatuques, no estúdio, gravando parte da trilha sonora.


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Em DVD, Gru retoma a liderança

Por srizzo
02/10/13 14:30

Desbancado no ranking de agosto pela animação espanhola “As Aventuras de Tadeo Jones”, o (mais ou menos) malvado Gru e seus minions retomaram em setembro a liderança dos filmes infantis mais alugados na 2001 Vídeo.

“Meu Malvado Favorito” já havia sido o número 1 em junho e julho, quando se beneficiou do lançamento nos cinemas de sua continuação — que atraiu 6,9 milhões de espectadores e está na segunda posição entre os filmes mais vistos no Brasil em 2013, atrás somente de “Homem de Ferro 3”.

No mundo inteiro, “Meu Malvado Favorito 2” já arrecadou US$ 863 milhões (o primeiro filme havia ficado em “apenas” US$ 543 milhões).

Setembro registrou ainda o retorno de “Hotel Transilvânia” e “Detona Ralph” ao ranking, do qual haviam saído em agosto depois de frequentá-lo por diversos meses.

Confira abaixo os “10 mais” de setembro segundo o levantamento da 2001 Vídeo. O número depois do título original refere-se à posição no mês anterior.

E, na janela de vídeo, um trailer de “Meu Malvado Favorito” que faz uma paródia da abertura de “Cães de Aluguel” (1992), usando também a canção “Little Green Bag”.

1) “Meu Malvado Favorito” (Despicable Me) [2]

2) “Valente” (Brave) [7]

3) “Hotel Transilvânia” (Hotel Transylvania) [-]

4) “A Origem dos Guardiões” (Rise of the Guardians) [6]

5) “Detona Ralph” (Wreck-It Ralph) [-]

6) “Monster High – Scaris: A Cidade Sem Luz” (Monster High: Scaris) [5]

7) “O Reino Gelado” (Snezhnaya koroleva/Snow Queen) [4]

8) “As Aventuras de Tadeo” (Las Aventuras de Tadeo Jones) [1]

9) “Reino Escondido” (Epic) [-]

10) “Barbie – Butterfly e a Princesa Fairy” (Barbie Mariposa and the Fairy Princess) [-]


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Show de bola: "futbolito" em 3D

Por srizzo
30/09/13 15:25

Alguns dos craques do pebolim de “Um Time Show de Bola”

A animação argentina em 3D “Um Time Show de Bola”, dirigida por Juan José Campanella, fez sua pré-estreia brasileira no último fim de semana, no Festival do Rio. O lançamento está programado para 29 de novembro.

No original em espanhol, o título é “Metegol” — um dos nomes (outros são “futbolito” e “fulbito”) que os argentinos usam para se referir ao nosso pebolim, totó ou fla-flu, de acordo com a região.

Alfredo, o personagem principal, é um jovem de uma pequena cidade, craque de pebolim. Seus diversos problemas começam quando um antigo adversário, agora campeão do mundo, retorna em busca de vingança por sua única derrota na carreira.

Para quem curte futebol, uma das diversões será identificar em quais jogadores ou ex-jogadores foram inspirados os bonecos do pebolim de Alfredo. Um deles, por exemplo, é a cara do colombiano Carlos Valderrama.

Campanella dirigiu “O Filho da Noiva” (2001), um dos maiores sucessos do cinema argentino recente, e recebeu o Oscar de filme estrangeiro por “O Segredo dos Seus Olhos” (2009).

Clique aqui para visitar o site do filme. Na janela abaixo, o trailer.


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Escola no Cinema, 20 anos em SP

Por srizzo
25/09/13 09:00

Crianças aprendem como funciona a ilusão das imagens em movimento em uma das exposições do Projeto Escola no Cinema

Criado e dirigido pelas educadoras Patricia Durães — que é também sócia de três circuitos de exibição, entre eles a rede Espaço Itaú — e Eliane Monteiro, o Projeto Escola no Cinema está completando 20 anos de atividades em São Paulo. (No Rio de Janeiro, ele teve início em 1985.)

Para comemorar, uma série de atrações gratuitas para crianças será realizada no próximo domingo, dia 29, das 11h às 13h30, no Espaço Itaú (rua Augusta, 1.470).

A Oficina Musical Colherim é a única atividade que exige retirada de ingresso (a partir de 10h do próprio domingo, com 100 vagas disponíveis). Crianças vão aprender a usar colheres como instrumento de percussão.

O DVD “Colherim” será exibido na sala 1. No saguão do cinema, sessão de autógrafos com Estevão Marques, Marina Pittier e Fê Sztok, autores do livro “Pão, Pão, Pão” (Ed. Melhoramentos). Paralelamente, o Grupo Triii fará um show com as músicas do livro.

Patricia Durães já colaborou com o blog, escrevendo um depoimento para a seção Cenas de Infância.

Fiz com ela uma entrevista sobre o Projeto Escola no Cinema e sua atuação nessa área para o volume I do caderno “Cine-Educação” (Via Gutenberg/Cinemateca Brasileira).

A seguir, a íntegra do bate-papo.

Por que o cinema ainda não ocupa nas escolas brasileiras o espaço que conquistou em outros países, como a França?

O problema está na formação dos professores. Eu fiz o antigo Normal em uma das melhores escolas do Rio de Janeiro na época, o Instituto Guanabara, e nunca fomos levadas ao cinema. Assisti a filmes didáticos, sobre doenças venéreas, educação sexual – temas da zona de conforto do professor de ciências. Havia muita literatura, li muito. Mas as outras linguagens artísticas eram utilizadas da pior espécie. Nunca fomos ao ao teatro, também. Não existia uma abordagem cultural no sentido de aprimoramento do ser humano. Interessavam apenas os instrumentos que você tinha para trabalhar. Aprender musiquinhas para cantar com os alunos, por exemplo. E o ensino de professores continua igual, mais de 30 anos depois. Sorte dos alunos que pegam um professor que seja amante do cinema. Seria maravilhoso ter uma escola de formação com uma disciplina de história do cinema.

O que você recomendaria para os cursos de formação de professores?

Que houvesse pelo menos uma vez por semana uma saída para ir ao cinema. Claro que é difícil, porque mexeria muito com a grade das outras disciplinas. Precisaria haver um trabalho integrado com todos os professores. Que fosse uma vez por mês, então. Já seriam oito por ano. Filmes diversos, e não os que tenham conteúdo óbvio pedagógico, os que falam de escola, professor, criança. Uma cartela cinematográfica variada, pensando a linguagem do cinema. Haveria filmes que despertam a sensibilidade, que abrem horizontes na cabeça do professor; obras de arte, experiências estéticas mais radicais; e que tenham um contexto histórico mais forte, documentários.

Patricia Durães, criadora e diretora do Projeto Escola no Cinema

Ou seja, trabalhar todos os gêneros e estilos?

Sim, isso seria muito importante para uma formação no Ensino Médio. Em um curso universitário de pedagogia, nem se fale. Aí, seria preciso ter um cineclube dentro da faculdade, fazer promoção com cinemas, distribuir ingresso, provocar aquele fervor cultural. Não só cinema, mas também teatro, música. Para estimular ao máximo as pessoas. Conheci nos meus cinemas professores que há 15 anos não faziam um programa cultural. Que só lêem o que precisa ler para o trabalho, os livros técnicos. É preciso sair desse casulo, experimentar.

O que você sugere a um professor interessado em aperfeiçoar o seu olhar para o cinema?

A primeira coisa é compor repertório. Ver o que quer ver, da forma como quer ver, sem se preocupar se é bom ou ruim. Ver o que dá prazer. Ficou curioso para assistir, aquilo traz algum retorno, provoca algum diálogo? Vá fundo. E, paralelamente, busque outras coisas. Comece a ler, conhecer a história do cinema, entender a linguagem. Não precisa ser muito técnico. Quando falamos de linguagem cinematográfica, as pessoas levam aquele susto, como se fosse algo complicado. Que nada. Falamos todos de “close”, “travelling”, câmera objetiva e subjetiva. Já entendemos de linguagem cinematográfica sem se dar conta, só de assistir a filmes. Anos atrás, minha filha disse à artista plástica Tomie Ohtake que queria ser pintora. A Tomie respondeu: “Então, você pinte, pinte, pinte e pinte. Vá pintar”. Você quer entender de cinema, ter intimidade com ele? Então veja, veja, veja e veja filmes. Vá ao cinema. Ali você terá a experiência plena, as nuances. E existem os cursos livres, também. Se gosta mais de documentário, faça um sobre isso. Se gosta mais de filmes narrativos, faça um de roteiro.

Depois de um tempo…

O professor começa a levar isso para a escola! Na sala dos professores, diz para o colega: vai ver esse filme. Dali a pouco, tem dois, três falando sobre o mesmo filme. E os alunos entram nesse circuito, claro. Professor acaba sendo um referencial para a turma. “E aí, professor, o senhor viu o filme tal?” É por isso que passamos todo tipo de filme no Clube do Professor, inclusive comédias e aventuras para adolescentes. Os alunos vêem esses filmes, e vão perguntar para o professor se ele também viu.

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Academia de Hollywood celebra Richard Williams

Por srizzo
23/09/13 12:09

O animador canadense Richard Williams, 80 anos, será homenageado em outubro pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood — aquela que entrega o Oscar, mas que realiza atividades durante o ano inteiro.

Por falar em Oscar, Williams ganhou dois: pela direção do curta “A Christmas Carol” (1971), baseado em “Canção de Natal”, de Charles Dickens; e pelos efeitos visuais de “Uma Cilada para Roger Rabbit” (1988), que lhe valeu também um prêmio especial da Academia (pela direção de animação e pela criação dos personagens animados).

A extensa obra de Williams totaliza mais de 250 prêmios internacionais e inclui um trabalho pioneiro no uso da perspectiva em 3D, obtida com técnicas tradicionais.

Ele se dedicou durante mais de 20 anos ao longa “The Thief and the Cobbler” (1993), que teve distribuição restrita, mas que se tornou artigo de colecionador — uma obra-prima da animação.

A Academia promoverá um aula-palestra com a presença de Williams em 4 de outubro, quando será inaugurada a exposição “Richard Williams: Mestre da Animação” em uma de suas galerias. Clique aqui para mais informações.

Nas janelas abaixo, a íntegra do curta “A Christmas Carol”, protagonizado pelo lendário sovina Ebenezer Scrooge, e um trecho restaurado de “The Thief and the Cobbler”.



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De olho na produção para crianças

Por srizzo
20/09/13 10:00

A jornalista argentina Silvia Bacher, presidente da ONG Las Otras Voces e autora do livro “Tatuados por los Medios”, esteve no Brasil na semana passada para participar do I Seminário Internacional de Educação, Jornalismo e Comunicação.

Tive a oportunidade de participar de um debate ao lado de Silvia — que, entre outras contribuições para discutir o audiovisual voltado a crianças e jovens, distribuiu aos presentes um folheto elaborado pelo Conselho da Comunicação Audiovisual e da Infância da Argentina.

O documento estabelece 14 critérios de qualidade para avaliar a produção audiovisual (leia-se televisão, principalmente).

Um desses critérios é uma piada de mau gosto no Brasil: federalismo, ou seja, “a presença nas telas da realidade de diferentes regiões e províncias do país, impulsionando especialmente uma produção de conteúdos de caráter federal”.

Por aqui, você sabe muito bem, impera o o que se produz no eixo Rio-São Paulo, com base no olhar do eixo Rio-São Paulo.

Outro critério que poderíamos importar, associado ao do federalismo: identidade. Nas palavras do documento:

“Devem ser integradas as particularidades locais e a cultura própria de cada região do país, promovendo o respeito e a difusão das diversas línguas em uso no território nacional. Os conteúdos audiovisuais devem reforçar os vínculos que crianças e adolescentes têm com suas comunidades.”

Clique aqui para conhecer os 14 critérios — e para constatar que estamos um tanto atrasados, no Brasil, em relação à importância de discutir esse tema.

Não espere que a Disney o faça.

A seguir, uma entrevista com Silvia — produzida pelo curso de Educomunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo — que interessa sobretudo a pais e educadores.


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Infantis brasileiros em festival na Suécia

Por srizzo
18/09/13 10:00

Seis filmes infantis ou infanto-juvenis vão participar, em outubro, da oitava edição do BrasilCine, festival de cinema brasileiro realizado na Suécia.

Serão exibidos os curtas “Realejo” (2013), de Marcus Vinicius Vasconcelos, e “O Sumiço da Coroa” (2013), de Chico Faganello e Marco Martins, sobre o qual Beth Carmona escreveu um texto apaixonado aqui no blog.

Os longas selecionados: “Antes que o Mundo Acabe” (2010), de Ana Luíza Azevedo; “Corda Bamba” (2012), de Eduardo Goldenstein, que vai estrear no Brasil em outubro; “Tainá – A Origem” (2012), de Rosanne Svartman, sobre o qual já falei muito no blog; e “Uma História Antes de uma História” (2012), de Wilson Lazaretti.

Esses quatro longas vão participar da primeira edição do Lilla BrasilCine (ou “Pequeno BrasilCine”), com exibições voltadas para crianças e jovens. Oito sessões serão exclusivamente dedicadas a alunos de escolas.

Além disso, o evento promoverá encontros entre diretores, produtores e investidores com o objetivo de discutir a possibilidade de coproduções infantis entre Brasil e Suécia, em parceria com o Financing Forum for Kids Content e a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis.

De 3 a 9 de outubro, o BrasilCine estará em Estocolmo; de 10 a 13, em Gotemburgo. Clique aqui para conhecer a programação (em sueco e inglês).

Na janela abaixo, um trailer de “Antes que o Mundo Acabe”, já disponível em DVD. Você ainda não viu? Pois é. O pessoal na Suécia verá.


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Festival em Belém debate animação

Por srizzo
16/09/13 14:24

Mais um evento regional no calendário brasileiro de cultura: o Festival de Audiovisual de Belém (FAB), cuja primeira edição terá início nesta terça-feira, dia 17. Exibições, debates e oficinas se estenderão até o dia 20.

Clique aqui para conhecer a programação do FAB.

Na quinta-feira, participarei de um debate sobre o cinema de animação, ao lado do diretor Andrei Miralha, da Fundação Curro Velho, com mediação de Ana Carolina Almeida, da equipe de organização do FAB — e que é também pesquisadora de animação.

Nas janelas abaixo, dividida em duas partes, uma pequena amostra do trabalho de Miralha (em codireção com Marcílio Costa): o curta-metragem “Muragens – Crônicas de um Muro” (2008), que mistura atores ao vivo e animação para recriar a vida em um quarteirão de Belém.



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Saudades de "A Corrida Maluca"

Por srizzo
14/09/13 10:36

“Aviões”, animação da Disney, entrou em cartaz ontem. Clique aqui para ler o texto que escrevi sobre o filme na “Folhinha” de hoje, que traz ainda uma pequena entrevista com o diretor Klay Hall — o mesmo de “Tinker Bell e o Tesouro Perdido” (2009).

No texto, mencionei o seriado “A Corrida Maluca” (1968/1969), um dos que mais gostava na infância. Foram apenas 17 episódios e 34 provas disputadas pelos personagens, mas constantes reprises tornaram a animação popular entre diversas gerações.

Na tela abaixo, a abertura do seriado, com a apresentação de todos os competidores. Penélope Charmosa, Dick Vigarista e os Irmãos Rocha eram os meus favoritos, mas a turma inteira era impagável.


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