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Censura Livre

por Sérgio Rizzo

Perfil Sérgio Rizzo é jornalista, professor e crítico de cinema

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Cinema dente de leite no Museu do Futebol

Por srizzo
06/06/13 07:30

“Zimbu”, ou o poder transformador de uma bola de futebol

Caída de um avião, uma bola revela a um habitante de aldeia uma certa magia que ele jamais havia imaginado. E, pelo jeito, sua vida não será a mesma.

Em um campinho de várzea, um certo ponta-direita de pernas tortas encara um marcador que o faz lembrar o João Batista da Bíblia, aquele que perdeu a cabeça.

A primeira história é narrada pela divertida animação “Zimbu”, de Marcos Strassburger Souza, produzida na Escola Méliès de Cinema, de São Paulo.

E a segunda história, que envolve Garrincha, está em outra animação: “O Primeiro João”, de André Castelão (e chega de “ão”, prometo).

Os dois filmes integram a sessão (ai!) Dente de Leite do 4o. CINEFoot, festival de cinema dedicado a futebol que será aberto nesta quinta-feira, dia 6, em São Paulo.

Voltada a crianças e adolescentes, a sessão Dente de Leite terá exibições nesta sexta, dia 7, às 9h30, e no sábado, dia 8, às 10h30, ambas no Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, com entrada gratuita.

Clique aqui para conhecer a programação completa da sessão infantojuvenil e também das outras sessões do CINEFoot.

Gosta de cinema? E gosta também de futebol? Pois um passeio campeão para fazer com seu filho ou com seu pai, nos próximos dias, é ir o CINEFoot.

“O Primeiro João”: muita coragem para encarar o jovem Garrincha

 

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Ralph detona, mas Rei Leão manda bem

Por srizzo
04/06/13 07:30

Líder no ranking de DVDs e Blu-rays infantis da 2001 Vídeo em abril, “Detona Ralph” manteve o primeiro lugar em maio.

Nenhuma surpresa: nos cinemas do Brasil, o filme já havia feito ótima carreira, com R$ 42,7 milhões de bilheteria e 3,6 milhões de espectadores.

“O Rei Leão”: sucesso entre crianças e adultos desde 1994

O que chama a atenção é o segundo lugar de “O Rei Leão”, que já havia ficado em terceiro lugar no ranking de abril e em segundo lugar no ranking de março.

Novidades vêm e vão, fazem algum barulho e depois são esquecidas, mas os clássicos permanecem no gosto de gerações.

Confira abaixo os “10 mais” de maio segundo o levantamento da 2001 Vídeo. O número depois do título refere-se à posição no mês anterior.

1) “Detona Ralph” (Wreck-It Ralph) [1]

2) “O Rei Leão” (The Lion King) [3]

3) ” O Pequeno Príncipe – O Planeta do Tempo/O Planeta do Pássaro de Fogo” (Le Petit Prince – La Planète du Temps/La Planète du Oiseau-feu) [–]

4) “A Origem dos Guardiões” (Rise of the Guardians) [4]

5) “Hotel Transilvânia” (Hotel Transylvania) [8]

6) “Monster High –Scaris: A Cidade Sem Luz” (Monster High: Scaris) [–]

7) “Zambezia” (idem) [10]

8) “Pororó – Vol. 1” (Pororo – Little Penguin) [–]

9) “iCarly – One Direction” (idem) [–]

10) “Bob Esponja Calça Quadrada e a Excursão Fora de Controle” (SpongeBob SquarePants) [–]

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Volta ao mundo em 13 filmes infantis

Por srizzo
01/06/13 07:30

São Paulo sediará na próxima semana a sexta edição do Festival ComKids Prix Jeunesse Iberoamericano, que exibe filmes e programas de TV dirigidos a crianças e jovens.

Um aperitivo do festival ocupará neste fim de semana (e também no próximo) o Espaço Itaú da rua Augusta: a Mostra ComKids no Cinema, que reunirá 13 curtas-metragens infantis realizados em nove países.

Entrada franca, com classificação indicativa livre. Ou seja: programão para pais e filhos que gostam de fazer descobertas.

Wendy Martins, a divertida Sofia de “Sonhando Passarinhos”

Na cuidadosa seleção de filmes, destaco dois que dificilmente deixarão o espectador sem um sorriso no rosto:

– o turco “A Bicicleta dos Meus Sonhos” (2009), sobre um menino que aprende a trabalhar como guia turístico para realizar um desejo que a família (pai desempregado, mãe e 11 irmãos) não tem como atender;

– o brasileiro “Sonhando Passarinhos”  (2011), com uma atriz infantil pra lá de simpática e engraçada (Wendy Martins) que se diverte, com seu boneco de pano, dando asas à imaginação.

Clique aqui para conferir a programação completa das sessões da Mostra ComKids no Cinema (que inclui também, neste sábado, uma sessão exclusiva para os associados do Clube do Professor do Espaço Itaú).

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Chegou a hora do Festival ComKids

Por srizzo
29/05/13 14:08

Começa na próxima terça-feira, dia 4, a sexta edição do Festival ComKids Prix Jeunesse Iberoamericano, que exibe filmes e programas de TV dirigidos a crianças e jovens.

O evento é a versão iberoamericana do Prix Jeunesse Internacional, administrado por uma fundação que nasceu em 1964, em Munique (Alemanha). Clique aqui para conhecer as suas atividades (textos em inglês).

Como ocorre nos anos ímpares, São Paulo sediará a versão iberoamericana de 2013. Além das exibições, o festival oferece também atividades que promovem a reflexão sobre o audiovisual infantojuvenil e aproximam profissionais de diversos países.

Clique aqui para se inscrever (como votante ou como observador) no festival, que vai de terça-feira, dia 4, até a sexta-feira, dia 7, com sessões no Sesc Consolação e no Instituto Goethe, e cerimônia de encerramento no CineSesc.

E clique aqui para conhecer a programação completa. Fiz parte do comitê de seleção da categoria 7 a 11 anos (ficção), que reúne filmes e programas de primeira linha.

As atividades paralelas, no entanto, terão início no próximo sábado, dia 1o., às 14h, com a Mostra ComKids no Cinema, no Espaço Itaú da rua Augusta. Falarei dos filmes a serem exibidos nessa mostra — gratuita e aberta a crianças — em outro post.

Por enquanto, reserve um espaço na agenda.

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Três Corações celebra Dona Clotilde

Por srizzo
24/05/13 17:05

Dona Clotilde em janeiro de 2005 (Foto: Marcelo Soares/Folhapress)

“A professora primária recebe pouca orientação. Ela é capaz de destruir uma criança por ignorância e inexperiência. As crianças estão viciadas em televisão. Antes, havia só o rádio, que não escravizava tanto. E os costumes eram outros. Os pais passavam mais tempo com os filhos.”

Palavras de Clotilde Iemini de Rezende Brasil (1913-2008), que seus alunos — milhares deles, em quase 80 anos de magistério — chamavam de Dona Clotilde.

Figura adorável, que conheci em 2005, ao entrevistá-la para um perfil publicado pelo extinto caderno Sinapse da “Folha”. Era uma instituição de Três Corações (MG), onde viveu a maior parte do tempo (nasceu em Varginha) e onde todo mundo a conhecia.

(Antes que você pergunte: Pelé não foi aluno dela. Eis aí um título que ele não pode exibir na sua imensa galeria de troféus.)

Volto a falar de Dona Clotilde porque a sua família e a Câmara Municipal de Três Corações abrem neste fim de semana a celebração oficial pelo seu centenário de nascimento.

No próximo domingo, dia 26, às 19h, haverá missa na Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia. No dia seguinte, às 19h30, a Escola do Legislativo “Benefredo de Souza” promoverá o encontro “A saudade vira história”.

Abaixo, o perfil publicado no Sinapse de 29 de março de 2005.

***

Senhora do ensino

Primeira professora do educador Rubem Alves, dona Clotilde, 91, mantém-se na docência após 73 anos de carreira

Sérgio Rizzo
enviado especial a Três Corações (MG)

Tia Titinha considera a família “muito chaleira” — modo zombeteiro de dizer que filhos e netos são excessivamente zelosos com ela. Reclama que gostaria de ir sozinha ao trabalho, mas há sempre alguém para levá-la e buscá-la. De vez em quando, ela burla a vigilância. Uma das filhas conta que, semanas atrás, a encontrou na igreja, a três quilômetros de casa. Não tem como ir muito longe sem que a descubram. Em Três Corações (MG), é personalidade quase à altura de Edson Arantes do Nascimento, o cidadão mais famoso da cidade.

Pelé saiu de lá criança, sem conquistar um título de muita estima na região: o de ser aluno de tia Titinha, ou dona Clotilde. Filha mais velha de imigrantes italianos (o pai era confeiteiro), ela nasceu em 1913, em Varginha (MG), teve nove irmãos (cinco estão vivos) e, em 1930, formou-se professora. Quatro irmãs seguiram o mesmo caminho. “Naquele tempo, a mulher tinha poucas oportunidades. Só podia ser professora ou estudar música.”

Começou a trabalhar no ano seguinte, no antigo Grupo Escolar Afonso Penna, na cidade natal. Só abandonou a sala de aula — dois casamentos, sete filhos e vários endereços depois — em 2001. Mesmo assim, não se aposentou. A Unincor (Universidade Vale do Rio Verde), onde lecionava as disciplinas de lingüística, prática de ensino e língua portuguesa, propôs que assumisse um cargo de assessoria aos alunos de pós-graduação.

“Enquanto não me mandarem embora, continuo a trabalhar”, diz Clotilde Iemini de Rezende Brasil, que completará 92 anos em maio. A longevidade foi coroada com a defesa, em abril de 2003, da dissertação de mestrado sobre a ironia na obra do escritor português Eça de Queiroz (1845-1900). O auditório da Unincor estava lotado e, segundo ela, atento.
“Sei que deu certo porque a platéia, silenciosa, ria quando eu estava lendo as passagens engraçadas”, avalia. “Foi uma festa muito bonita.” Poucas semanas depois, sofreu uma trombose que, somada a um problema de calcificação, lhe roubou parte da visão. Graças a óculos e luminárias especiais, ela se mantém ativa.

“A idade é um aplanador de dificuldades”, diz. Suas férias terminaram em 18 de janeiro. De segunda a quarta, das 8h às 11h, ela atende a alunos e professores em uma pequena sala da universidade. De certa forma, mantém a rotina das aulas: em vez de somente assinalar os erros em dissertações e teses, prefere explicar os porquês. Pode uma frase começar com pronome oblíquo? A resposta se torna longa explanação histórica sobre o tema.

Por causa disso, leva sempre trabalho para casa — o que não a impede de arrumar tempo para cuidar das plantas, preparar semanalmente um bolo de fubá sem fermento para as crianças da família (são 17 netos e dez bisnetos, mais dois “no forno”), participar de reuniões no círculo literário de Três Corações, fazer palestras, esclarecer dúvidas ao telefone, ir à missa aos domingos e ler-ler muito.

Dona Clotilde: quando parou de lidar com crianças, passou a achar “todo mundo feio” (Foto: Marcelo Soares/Folhapress)

A lista de preferências começa com uma solitária ressalva: José Saramago. “Ele não respeita a minha religião; li toda a obra, mas não consegui gostar”, diz, mais em tom de lamentação do que de crítica. Jorge Amado, Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz são as lembranças afetivas imediatas. E Monteiro Lobato, “muito”. “Ele era discriminado quando resolvi batizar com o nome dele a biblioteca da escola em Varginha”, orgulha-se.
O tom de voz muda, no entanto, quando menciona a pedagoga russa Helena Antipoff (1892-1974). “Eu tinha saído da escola despreparada e sem experiência, mas firme nas intenções. Helena, que era iluminada e amava muito as crianças, supervisionava em Minas Gerais um curso de aperfeiçoamento para professores-orientadores rurais, para nós da roça.” Na época, década de 40, dona Clotilde vivia com o primeiro marido em uma fazenda de Três Corações e dava aula para as crianças do lugar, incluindo os próprios filhos.

O curso a apresentou ao “método global” de ensino, que visa ao “desenvolvimento harmônico da criança em todos os sentidos”, e transformou sua percepção sobre o papel do educador.

Disposta a voltar para a cidade com o nascimento do sexto filho (teve sete), recuperou seu cargo na rede estadual e foi trabalhar no Grupo Escolar Bueno Brandão, em Três Corações. “Sempre achei que o equilíbrio, o progresso e a felicidade têm solução pela educação”, afirma. Mede as palavras, porém, ao falar, contrariada, dos “fatores negativos” que influenciam o sistema educacional brasileiro hoje. “A professora primária, por exemplo, recebe pouca orientação. Ela é capaz de destruir uma criança por ignorância e inexperiência.” Dona Clotilde pensa também que a televisão faz uma diferença muito grande. “As crianças estão viciadas. Antes, havia só o rádio, que não escravizava tanto. E os costumes eram outros. Os pais passavam mais tempo com os filhos.”

Foi na pequena sala onde trabalha, na universidade, que recebeu a notícia de que havia se tornado conhecida muito além dos limites de Três Corações. O educador e escritor Rubem Alves, colunista do Sinapse e um de seus ex-alunos em Varginha, a mencionou em uma crônica publicada no caderno há dois anos e que repercutiu por onde houvesse ex-alunos. Ao saber que ela estava viva, Rubem Alves escreveu outra crônica, em novembro do ano passado, especialmente para homenageá-la. “De uma hora para outra, ao figurar no texto de um escritor conceituado como ele, minha vida adquiriu novo sentido”, diz. Admite, no entanto, que não se lembra dele quando criança. “Gostaria muito, mas não consigo. Todo ano tinha aluno novo. E, 73 anos renovando, não dá para guardar todos.”

Há pouco tempo, o fisioterapeuta perguntou a ela se sentia falta das crianças. “Respondi que, quando parei de lidar com elas para me dedicar só ao ensino universitário, nos anos 80, achei todo mundo feio. Não gostei do outro lado da vida. A convivência com as crianças me fazia sentir o mundo melhor. E, se existe pecado que não levo, é o de ter humilhado, uma vez que fosse, uma criança.” Nenhum dos sete filhos se tornou professor. “Teria achado bom se algum quisesse”, lamenta. A vingança veio com os netos -vários dão aulas e quatro são doutores. A um deles, em momento de indecisão profissional, recomendou que abandonasse a carreira de professor. “Aí ele me disse: ‘Ah, vó, mas é tão bom dar aula'”, lembra tia Titinha, com o sorriso de quem, no fundo, também ela um pouco “chaleira”, ouviu o que desejava.

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Escola + audiovisual = algo muito especial

Por srizzo
23/05/13 17:18

Se você duvida da equação acima, no título deste post, deveria ter visto o que eu vi na última quarta-feira à noite, no teatro Cleyde Yáconis, em São Paulo.

Foi realizada ali a premiação da etapa latino-americana do KWN 2013 – Kid Witness News, programa educacional voltado para a realização de vídeos por crianças e adolescentes de 10 a 15 anos, com o patrocínio da Panasonic.

Na plateia, alunos das cinco escolas finalistas, que representavam Brasil, Chile, México, Panamá e Peru. Eles ficaram juntos por dois dias, circulando por São Paulo e trocando informações sobre as suas escolas, países e costumes.

Os cinco vídeos de curta-metragem produzidos por essas equipes ilustram, cada um à sua maneira, as imensas possibilidade do uso do audiovisual na escola e o sentido muito especial dessa experiência para todos.

Eles aprendem a se expressar por meio de imagens e sons, a se organizar em equipes e a desenvolver um trabalho — em torno dos temas ecologia e comunicação — que tenha alguma espécie de repercussão na própria comunidade (e que possa também correr o mundo).

Tive o prazer de participar do júri, ao lado de Maisa Zakzuk, diretora de TV e escritora, e de Vera Sanada, da produtora AVENTURAcomBR, responsável pelas oficinas de vídeo digital ministradas nas escolas brasileiras que integram o programa.

O KWN foi realizado pela primeira vez nos EUA, em 1989. Hoje, a rede envolve 622 escolas de 29 países. Os finalistas das etapas continentais disputam seis vagas para a mostra mundial, a ser realizada no Japão.

Clique aqui para conhecer o funcionamento do programa e clique nos títulos dos vídeos premiados na etapa latino-americana do KWN, abaixo, para assistir a eles no YouTube.

Melhor vídeo

“La Basura és Plata”, do Instituto Panamericano (Panamá)

Prêmio de criatividade

“Live to Care, Care to Live”, do Colégio Peruano Chino Juan XXIII (Peru)

Prêmio de melhor técnica

“Sentimentos Encontrados”, do Boston College (Chile)

Prêmio de melhor equipe

“Entre Vozes”, do Colégio Guilherme Dumont Villares (Brasil)

Prêmio de melhor conceito

“El PET y sus Diferentes Usos”, do International College (México)

Os alunos do Colégio Guilherme Dumont Villares premiados na etapa latino-americana do KWN, com este blogueiro, o mais alto e também o mais velho, atacando de papagaio de pirata

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Pais e filhos: quando o cinema também era aula

Por srizzo
21/05/13 15:01

Ao “folhear” no computador o PDF com a tese de doutorado do ator e diretor de teatro André Carrico, não pude deixar de notar a dedicatória:

“À memoria de Osvaldo, meu pai, que me levou pela mão pela primeira vez ao cinema.  Era um filme dos Trapalhões.”

Já falei aqui sobre a tese de André (“Os Trapalhões no Reino da Academia: Revista, Rádio e Circo na Poética Trapalhônica”), defendida no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Mas, curioso por causa da dedicatória, pedi a ele — hoje com 38 anos, e pai de Guido, 2 anos, que ainda não foi ao cinema — um relato para a série Pais e Filhos do blog.

Abaixo, o texto saboroso que ele me enviou, cheio de vida, sobre a sua primeira sessão de cinema, aos 4 anos, em Campinas (SP), e a tradição de família que nasceu ali: férias se tornaram sinônimo de filme dos Trapalhões.

* * *

“É uma televisão gigante”, diziam meus irmãos mais velhos. Como eu nunca tinha visto uma sala de cinema na TV, imaginava que a tela cinematográfica fosse emoldurada por uma caixa de madeira com botões, um grande seletor de canais e encabeçada por chifres de antena, como era o tubo de imagens de casa. Minha primeira sessão foi aos quatro anos, levado por meu pai para assistir ao “Cinderelo Trapalhão” (1979). A tela era maior do que pensava, mas a experiência era diferente de tudo que já vira. Não era circo, não era teatro, nem televisão. Cinema era um encontro coletivo em que todo mundo ficava diante de uma placa de luz que mostrava o Didi, o Dedé, o Mussum e o Zacarias do tamanho que eles eram. Os carros, quando aceleravam, vinham para cima da gente, as rajadas de tiros atravessavam nossos ouvidos, a torta era arremessada na cara do “da poltrona”.

A partir daquele ano se tornaria tradição: férias era sinônimo de Trapalhões. Duas vezes por ano eu encontrava o grupo num dos nove cinemas de rua que havia em Campinas. Entrar no luxuoso saguão com a pipoca comprada no carrinho da rua, escolher entre dropes e balas de leite nos impecáveis mostruários das “bombonières”, eram a abertura de um ritual que só terminava com o baixar dos créditos e o acender das luzes. E cinema com meu pai também era aula, pois ele sempre tinha considerações sociais ou morais a respeito das fábulas daquele quarteto. Moleque gostava mesmo dos Trapalhões porque, ao contrário dos bobos heróis americanos, nossos geniais anti-heróis bebiam, fumavam, sacaneavam, corriam atrás de mulher…

Meu pai, minha mãe, meus irmãos também riam com a graça dos quatro palhaços. Afinal, eram malandros adultos envolvidos em problemas da vida adulta. Muito das agruras suburbanas dos trapalhões era familiar aos meus pais. E rir ao lado deles, no meio de uma multidão de risos, sentindo que eles também gostavam daquela palhaçadaria, me deixava seguro. E cedo me ensinou que o melhor remédio contra as maldades do mundo é a risada.

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Daniel Boaventura, "homem-folha"

Por srizzo
18/05/13 07:00

O general Ronin, um dos “homens-folha” da animação “Reino Escondido”, é dublado na versão brasileira pelo ator e cantor Daniel Boaventura, que completa 43 anos neste domingo.

No cinema, antes de fazer “Reino Escondido”, ele só havia participado de três filmes como ator (“3 Histórias da Bahia”, “Coisa de Mulher” e o ainda inédito “Odeio o Dia dos Namorados”) e dublado uma animação em “stop-motion”, o longa brasileiro “Minhocas”.

Abaixo, um bate-papo em que Daniel fala de dublagem (“você e o microfone no aquariozinho”) e da experiência incomum de ver pela primeira vez um trabalho seu com uma das filhas na poltrona ao lado.

Sua carreira em teatro e televisão é numerosa, mas você fez poucos trabalhos em cinema. Por quê?

Houve situações em que eu fui chamado para fazer filmes e estava em cartaz. O teatro musical ocupa muito tempo. Em 2006, por exemplo, eu gravava o “Malhação” e queríamos renovar para 2007, quando eu iria fazer “My Fair Lady” no teatro. Eu disse que só poderia assinar para “Malhação” se me deixassem livre nos três primeiros meses. Os ensaios para musicais tomam seis dias por semana, dez horas por dia, durante dois meses. É um tempo precioso para uma pessoa. Quando estava em “A Bela e a Fera”, cheguei a fazer oito sessões por semana. Trabalhava 28 dias por mês. Consome muito.

Se não houvesse esse problema, você gostaria de fazer mais cinema?

Gostaria muito. Em 2012 filmei “Odeio o Dia dos Namorados”, dirigido por Roberto Santucci, e que deve estrear em breve [o lançamento está programado para 7 de junho]. Gostei muito do processo. No ano passado, consegui fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Neste ano estou mais tranquilo, me dedicando, por enquanto, principalmente a shows.

Quando você começou a fazer dublagens para animações?

Antes de “Reino Escondido”, fiz “Minhocas” (Worms), a primeira animação brasileira de longa-metragem em “stop-motion”. Curiosamente, fiz primeiro a dublagem em inglês, em 2007. Só fui dublar em português no início desta semana. O filme deve ser lançado no fim do ano pela Fox [a estreia está programada para 20 de dezembro].

O general Ronin, personagem dublado por Daniel Boaventura em “Reino Escondido”

E “Reino Escondido”?

Eu estava fazendo “A Família Addams” no teatro quando o meu empresário me enviou um e-mail dizendo que tinha um convite. Fui ficando muito interessado pelo filme. Em primeiro lugar, por ser da produtora Blue Sky. Admiro muito o trabalho de Carlos Saldanha, embora este filme, especificamente, não seja dirigido por ele [Chris Wedge, diretor de “Robôs” e do primeiro “A Era do Gelo”, é quem assina “Reino Escondido”]. Depois, soube do personagem, o general Ronin. Achei interessante. Quando dublei, vi que ele ficou ainda mais interessante do que eu esperava. E não havia a necessidade de torná-lo engraçado. Era um herói “per se”, um líder, denso e intenso. No processo de dublagem, tive um primeiro momento que foi a gravação do trailer, dirigido pelo Guilherme Briggs. Homenzinhos verdes numa floresta! Fantástica surpresa. Na gravação para o filme, eu tinha um pouco de preconceito, tinha receio do “sync” [a sincronização do áudio com as imagens]. Mas fui dirigido pelo Manolo Rey, outro craque. Nos primeiros 20 ou 30 minutos já tinha a embocadura para o personagem, estava só me acostumando ao “sync”. O método de prestar atenção à música do diálogo foi a melhor coisa. Em uma hora estava craque. Era quase a sensação de jogar. Gravei tudo em cinco ou seis horas. Um dia no aquariozinho, como eu chamo o estúdio.

Você procurou se aproximar da interpretação de Colin Farrell, que faz Ronin na versão original?

Gostei muito do trabalho dele. Não tem como deixar de usar como referência. Você ouve a voz original enquanto dubla. Mas, se eu gosto, não acho que vou copiar. Em “My Fair Lady”, por exemplo, eu fiz o professor Higgins. Vi antes o filme com o Rex Harrison no papel. Talvez seja o maior trabalho dele. Que impressionante, que velocidade. “Como vou fazer isso em português?”, pensei. E as músicas, muito verborrágicas? Tinha músicas maravilhosas. A referência dele (Harrison) foi interessante não porque fosse copiar, mas porque acrescentaria. A voz do Colin Farrell é mais grave, areada. Cabia ir para essa textura. E notei que ele sabia jogar texto fora. Não empostava a voz ou nada desse tipo. Observei isso, e não copiei.

Você está acostumado a interagir com outros atores no palco e na TV. Não estranhou trabalhar sozinho no estúdio, gravando isoladamente as suas falas?

O pessoal que dublou o “Rio” me contou que só foi se ver na estreia do filme no Brasil. Não troquei palavra com o Murilo [Benício, que dubla Bomba, um pesquisador atrapalhado] em “Reino Escondido”. Fiquei no estúdio só com o diretor e o operador. O que me ajudou foi que estou acostumado a estúdio. Há seis anos encarei a carreira como cantor profissional, já gravei três CDs e um DVD. Eu me habituei a gravar em estúdio. A dublagem é um processo similar, você e o microfone no aquariozinho.

E qual foi a sua reação ao ver o filme inteiramente dublado, com o “encaixe” da sua voz no conjunto?

Tenho duas filhas, uma de 4 anos, Isabela, e outra de 10, Joana. A Joana é uma crítica de cinema nata. Quer sempre ficar até o final da sessão para ver os créditos, quem fez o quê. A Isabela naquele dia não pode, mas a Joana foi comigo ver “Reino Escondido”. Foi a primeira vez em que desfrutei um trabalho meu ao lado dela. Genial! Ela colada a mim, braço apertado. Muito engraçado, e muito especial. Foi um prazer inenarrável ver o conjunto, tudo se encaixando, sem contar a qualidade da imagem. Quando vi “A Era do Gelo”, fiquei pasmo desde a primeira cena com o realismo dos pelos do animal, com a expressão facial. O primeiro “take” de “Reino Escondido”, no meio do mato, me deu uma sensação parecida. O filme tem ação, humor, bons momentos dramáticos. Viajei, me diverti muito. Sei que sou suspeito, mas fiquei orgulhoso do trabalho.

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Cartoon contra o bullying

Por srizzo
15/05/13 12:17

“Seja você a vítima ou a testemunha do bullying, existem muitas coisas que pode fazer para detê-lo. Mas a melhor coisa é NÃO FICAR CALADO.”

Essa dica faz parte do extenso material que pode ser encontrado no web site “Chega de Bullying”, lançado nesta quarta-feira pelo Cartoon Network. Ele integra um movimento da organização humanitária Visão Mundial, em parceria também com o Governo do Estado de São Paulo, Plan Internacional, Organização dos Estados Iberoamericanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) e Facebook.

Clique aqui para conhecer o portal, que traz informações para crianças e adolescentes, bem como para pais e professores (a imagem acima vem de lá).

Logo na página de abertura, uma janela de vídeo apresenta depoimentos do jogador de futebol Paulo Henrique Ganso, do jornalista Marcelo Tas e do cartunista Maurício de Sousa.

Essa janela de vídeo exibe também duas animações bem-humoradas sobre situações típicas de bullying escolar envolvendo crianças. No fim de cada desenho, aparece um dos slogans da campanha:

“A vida não é desenho animado. Bullying é inadmissível.”

O bullying virtual — que usa as redes sociais da internet como a sua principal plataforma — também é tratado pelo web site do Cartoon Network, que usa uma linguagem simples e direta, de fácil compreensão por crianças e adolescentes.

Os visitantes são convidados a assinar virtualmente o “compromisso para acabar com o bullying”.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo firmou convênio com o Cartoon Network para distribuir kits sobre bullying em escolas e para mobilizar os 4,2 milhões de alunos da rede.

* * *

Em inglês, existem diversas (e muito boas) fontes de informação sobre bullying. Uma delas é a do The Bully Project, que deu origem ao documentário “Bullying”, dirigido por Lee Hirsch e já disponível em DVD no Brasil (classificação indicativa: 12 anos).

Em novembro do ano passado, fiz uma entrevista com Hirsch para a revista “Educação”. Confira abaixo o resumo do bate-papo:

A escolha do tema foi relacionada a experiências pessoais?

Lee Hirsch, diretor do documentário “Bullying”

Sim, é uma história pessoal. Fui vítima de bullying na infância e quis dar voz a crianças e famílias que lidam com isso diariamente. Há muito silêncio e vergonha em torno do bullying e de suas vítimas, e suas consequências são menosprezadas. Os riscos são muito mais graves do que a maioria das pessoas imagina. Fiz o filme para acabar com o estigma social de que se trata apenas de “crianças agindo como crianças”. As consequências são reais e terríveis.

Qual foi o método para encontrar pessoas dispostas a falar?

O processo foi difícil e exigiu muitas horas de pesquisa, muitos encontros, e o desenvolvimento de relações em que as pessoas confiavam em nossa equipe de filmagem para permitir que documentássemos as suas vidas. É preciso ter muita coragem para encarar a câmera e autorizar o mundo a observar a sua vida, especialmente no que diz respeito a um assunto tão delicado. Sou muito agradecido a todos os que nos deixaram entrar em suas vidas e registrar a gravidade do problema.

Você acredita que o filme contribuiu para intensificar o debate sobre bullying nos EUA?

Lentamente, o bullying vem ocupando espaço cada vez maior no debate social dos EUA nos últimos anos, à medida que a sociedade começou a perceber as suas implicações bem concretas. Acredito que o filme tenha ajudado nessa tendência, destacando a relevância do tema, especialmente depois de toda publicidade que recebeu com a divulgação da MPAA Rating [classificação indicativa dos EUA, que o considerou impróprio para menores de 13 anos; no Brasil, ela foi de 12 anos]. Quando “Bullying” estreou, lançamos também uma campanha de ação social com o objetivo de garantir que ao menos um milhão de crianças assistisse ao filme, nos EUA e no exterior. Não queríamos que sua mensagem desaparecesse quando ele saísse de cartaz. Cerca de 250 mil crianças o viram por causa dessa iniciativa.

O público brasileiro pode aprender com a sua abordagem do tema?

A força do filme está em tratar de um assunto universal. Muitas pessoas podem relacioná-lo a experiências pessoais na infância, ou mesmo da vida adulta. Não importa o idioma que você fale ou o país onde resida, incluindo o Brasil. As ações que o público conhece em “Bullying” falam ao espírito humano em relação ao que estamos dispostos a aguentar, e também a ajudar e a testemunhar.

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Tem compromisso para 28/3/2014?

Por srizzo
13/05/13 15:26

A indústria de cinema dos EUA sabe, como ninguém, fisgar espectadores em todo o mundo. E sabe também que certas estratégias de divulgação funcionam muito bem com crianças.

Na manhã do último sábado, tive um exemplo bem concreto de como criar expectativa de longo prazo para um filme. Fui ao Cinemark do shopping Eldorado, em São Paulo, para assistir a uma pré-estreia de “Reino Escondido”.

Antes da sessão, como você pode imaginar, aquele fuzuê de pais e crianças.

(E vamos combinar que os pais, tentando dar conta dos filhos, das pipocas, dos refrigerantes, das bolsas e dos telefones portáteis, fazem muito mais fuzuê do que as crianças.)

Mas, apagadas as luzes da sala, quase todo mundo ficou em silêncio. Primeiro, entrou o filminho institucional da companhia de seguros, com as saídas de emergência e o pedido para desligar o celular (que muitos adultos fingem não ver, ou será que não entendem mesmo?).

Então, para surpresa de todos, apareceram na tela as araras azuis Blu, Jade e outros personagens de “Rio”, dançando animadamente. Na plateia, crianças riam e vibravam.

Alguns segundos depois, terminou o “teaser” (uma espécie de minitrailer). E entrou o letreiro frustrante, acompanhado de narração:

“Rio 2 – Nos cinemas em 2014”.

Fazia muito tempo que eu não ouvia um “ohhhh” de lamentação tão profundo. Precisamos esperar até 2014? Tem dó aí, ô seo dono do cinema.

“Rio 2” está previsto para estrear no Brasil em 28 de março de 2014. A Fox, que produz e distribuirá o filme, já lançou a isca. E tem quase um ano para brincar com a expectativa que começou a criar.

O diretor brasileiro Carlos Saldanha também assina a continuação de “Rio”

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