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Censura Livre

por Sérgio Rizzo

Perfil Sérgio Rizzo é jornalista, professor e crítico de cinema

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Trapalhões e academia, tudo a ver

Por srizzo
10/05/13 10:39

Mussum, Didi, Dedé e Zacarias: a academia é nossa, com os Trapalhões não há quem possa

Na TV, eles divertiram gerações ocupando espaços nobres na emissora de maior audiência do país. Nos cinemas, 12 de seus filmes figuram no ranking das 20 produções brasileiras de maior público no período 1970-2011, segundo dados da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

É pouco ou quer mais?

Tem mais, sim: eles deram origem à tese de doutorado do ator e diretor de teatro André Carrico, defendida no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação da professora Neyde Veneziano.

“Os Trapalhões no Reino da Academia: Revista, Rádio e Circo na Poética Trapalhônica” nasceu, segundo Carrico, da ideia de mostrar que o grupo “representa uma reunião exemplar de determinadas vertentes da comédia popular nacional, com cômicos que trouxeram bagagens do teatro de revista, do circo e do humorismo radiofônico”.

A tese de Carrico estuda o período 1978-1990, quando os Trapalhões tiveram a sua formação clássica: Didi (Renato Aragão), Dedé (Manfried Santana), Mussum (Antonio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Gonçalves).

“Dedé nasceu numa barraca de circo, era palhaço”, lembrou Carrico em entrevista a Luiz Sugimoto para o “Jornal da Unicamp”. “Mussum passou pelo teatro de revista como músico dos Originais do Samba – eles contracenavam com Grande Otelo, que junto com Chico Anysio acabou influindo na configuração do tipo. E Zacarias começou no rádio, em Sete Lagoas e depois em Belo Horizonte, sempre interpretando tipos caipiras.”

Clique aqui para ler reportagem de Sugimoto no “Jornal da Unicamp” em que Carrico — ator desde criança, ligado ao teatro de rua e ao circo — fala sobre a tese de doutorado e a importância dos Trapalhões como herdeiros de tradições populares brasileiras.

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Cenas de infância: Cristiano Burlan, Oliver Twist e o ratinho Fievel

Por srizzo
09/05/13 07:00

Os relatos da série Cenas de Infância, que venho recolhendo no blog, tratam em geral da primeira experiência de ir ao cinema. Um ou outro convidado se lembra, como ocorreu com Christian Petermann, de alguma sessão posterior.

É o caso também do cineasta e professor Cristiano Burlan, que conheceu o cinema em Porto Alegre, mas que viveu a primeira sessão inesquecível já em São Paulo, aos 11 anos.

Burlan ganhou, em abril, o prêmio de melhor longa-metragem brasileiro do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários com seu trabalho mais recente, “Mataram Meu Irmão”, que trabalha com memórias pessoais.

A seguir, Burlan fala sobre a importância de um ratinho russo em sua vida e em sua trajetória profissional.

“Fievel, Um Conto Americano” (1986), produção da Amblin de Steven Spielberg em parceria com a Universal

A primeira lembrança que tenho do cinema é muito antiga, ainda remete à minha infância em Porto Alegre sendo levado pela minha mãe e pelo meu pai para ver os filmes dos Trapalhões no Cine Leão. Um cinema à moda antiga, com colunas neoclássicas e o cheiro de pipoca impregnado no ar. Mas, naquele momento, ainda não tinha passado por uma experiência catártica.

A primeira grande emoção que tive dentro de uma sala de cinema foi aos 11 anos de idade, já morando em São Paulo.

Em 1985, mudamos de Porto Alegre para cá. Logo que chegamos fomos morar num bairro muito pobre em Osasco, chamado Olaria do Nino. Meu pai trabalhava como pedreiro, minha mãe era empregada doméstica. Casa muito simples e pequena, e o dinheiro sempre muito curto.

Um dia acordei e pedi à minha mãe dinheiro para ir ao cinema, mas disse para ela que gostaria muito de ir sozinho pela primeira vez. Ela me falou que não tinha o dinheiro naquele momento, mas que iria juntar e que no final do mês me daria. Aguardei ansiosamente.

Naquela época estava lendo um livro que me marcou profundamente, “Oliver Twist”, de Charles Dickens, cujo protagonista é um órfão. Um dos temas do romance é a delinquência provocada pelas condições precárias da sociedade inglesa na era vitoriana, no século 19.

E o filme que escolhi assistir foi “Fievel, Um Conto Americano” (An American Tail, 1986). Saí de Osasco sozinho, de ônibus, e fui até o Shopping Eldorado, em Pinheiros. Tinha 11 anos de idade na época e o ano era 1986. Lembro que, quando cheguei na bilheteria, todas as crianças estavam acompanhadas dos seus pais, o que me deixou um pouco triste. Mas não me abati, porque estava tomado por uma sensação incrível de liberdade. Estava me sentindo um adulto indo sozinho ao cinema.

Minha mãe tinha me dado o dinheiro certinho para a passagem, o ingresso, pipoca, refrigerante e um drops Dulcora.

Havia chegado o grande momento. Entrei na sala, as luzes se apagaram e a projeção começou. Nunca vou esquecer a sensação dúbia de medo por estar só e, ao mesmo tempo, de ter descoberto o lugar mais seguro do mundo para se estar durante a vida.

“Fievel, Um Conto Americano” se passa na Rússia, em 1885, quando a família de ratos russo-judaica Ratoskewitz decide imigrar para os EUA, à procura de uma vida melhor. Fartos dos ataques dos gatos, os Ratoskewitzes acreditam que seus predadores não existem no “novo mundo”. Durante a viagem de navio, o pequeno Fievel é levado por uma tempestade, sendo separado da família. Ao chegarem, acreditam que perderam Fievel para sempre.

Mas ele também consegue chegar a Nova York, dentro de uma garrafa, e é ajudado por um pombo francês chamado Henri. O pequeno ratinho parte em busca da sua família, e logo começa a descobrir a dura realidade desse “novo mundo”, onde afinal também existem gatos.

A impressão que tenho até hoje dessa experiência é que tudo o que passei pela minha vida e o que me tornei tem a ver um pouco com esses dois personagens, com Oliver Twist e com o ratinho Fievel. Passei mais tempo da minha vida dentro de uma sala de cinema do que fora dela e tenho uma certa resistência a perceber o mundo por um prisma da realidade. E, sempre que volto a esse momento catártico e epifânico da minha vida, me lembro de uma frase de Chaplin: “Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação”.

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O que as crianças veem na internet?

Por srizzo
07/05/13 07:00

Atenção, pais e professores interessados em entender melhor o que seus filhos e alunos fazem ao navegar pela rede: nesta terça-feira, dia 7, às 19h, será realizado o debate “Crianças e adolescentes na internet – Riscos e oportunidades”.

Promovido pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), o evento ocorrerá no Centro Britânico Brasileiro (rua Ferreira de Araújo, 741, São Paulo), com entrada gratuita. Para se inscrever: (11) 3027-0226.

Na pauta, o lançamento do livro que traz a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2012. Clique aqui para conferir os resultados. O debate terá a presença de Ellen J. Helsper, da London School of Economics, de Cristina Ponte, da Universidade Nova de Lisboa, e da consultora Regina de Assis.

Símbolo da pesquisa TIC Kids Online 2012

A pesquisa envolveu 1.580 entrevistas com crianças e adolescentes de 9 a 16 anos, usuários da internet, e também com seus pais ou responsáveis.

Entre os inúmeros dados esclarecedores do material, destaco dois que dizem respeito ao audiovisual:

– 37% dos entrevistados de 11 a 16 anos assistem a vídeos todos os dias ou quase todos os dias; 44% fazem isso uma ou duas vezes por semana. Ou seja: a TV deixou, faz algum tempo, de ser a única fonte de consumo de imagens e sons para crianças e jovens de famílias que têm acesso à banda larga. E a internet, todos sabemos, não tem horário fixo ou classificação indicativa generalizada. Toda hora é hora de assistir a qualquer coisa.

– 32% dos entrevistados de 11 a 16 anos baixam músicas ou filmes todos os dias ou quase todos os dias; 48% fazem isso uma ou duas vezes por semana. A pesquisa não registra a porcentagem de downloads ilegais, sobretudo de filmes, mas você é capaz de imaginar o volume.

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Jiboias, antílopes, pandas e águias

Por srizzo
04/05/13 07:00

Que tal criar jiboias em casa? Kyra Rabello, 2 anos, tem duas. Filha de um veterinário, que considera as cobras menos perigosas do que aves (que poderiam bicar a menina), Kyra está na capa de hoje da “Folhinha”, toda feliz com uma de suas jiboias no colo.

Kyra Rabello, 2 anos, e uma de suas jiboias na capa da “Folhinha” deste sábado

Reportagens assinadas por Cristina Rappa e Bruno Molinero falam sobre os cuidados necessários para ter animais silvestres (selvagens) em casa. Um dos textos lembra que, em 1963, alunos da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo (que então se chamava Escola Experimental) ganharam uma filhote de onça para cuidar.

Depois de perambular pelas casas das crianças, a onça ficou doente e morreu. Não existia ainda o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), criado em 1989, e que fiscaliza a posse ilegal de animais silvestres.

Além disso, o cinema e a TV não se preocupavam, como hoje, em alertar para a violência cometida contra animais  — retirados de seu habitat, ou mortos ali mesmo.

Pense, por exemplo, no efeito pedagógico de “Rio” (2011). Dirigida por Carlos Saldanha, a animação da 20th Century Fox (o nome do estúdio significa “raposa do século 20”, por falar no assunto) traz diversos estereótipos sobre o Brasil, mas sem dúvida contribui para apresentar a crianças temas relacionados à proteção ambiental e ao crescimento sustentável.

Milhões de espectadores foram sensibilizados também, nas últimas décadas, por filmes de ficção e documentários que falam de espécies ameaçadas de extinção, muitas em virtude da ação predadora do homem. Canais pagos de TV como o NatGeo (da National Geographic Society) e o Animal Planet recheiam a programação com títulos nessa linha.

Antílopes tibetanos, tema de “Patrulha da Montanha”

Entre os filmes de ficção recentes, destaco a produção chinesa “Patrulha da Montanha” (2004), que trata de uma situação pouco divulgada por aqui, o extermínio de antílopes tibetanos.

Crianças e jovens tendem a se identificar com o protagonista da produção norte-americana “Meu Amigo Panda” (1995), também rodada na China. Ele é um adolescente (Ryan Slater) que ajuda o pai, um zoologista, a salvar uma reserva de pandas.

Os fãs do falecido comediante John Belushi devem se lembrar da comédia romântica “Brincou com Fogo, Acabou Fisgado” (1981), na qual ele interpreta um jornalista que se envolve com uma pesquisadora devotada a águias (Blair Brown).

Um dos filmes mais antigos preocupados expressamente com a causa dos animais silvestres é “Falsa Verdade” (1952), sobre a luta de uma ambientalista (Patricia Neal) para salvar da extinção o condor da Califórnia.

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Mostra de Florianópolis exibe 72 curtas

Por srizzo
03/05/13 09:59

Saiu uma das listas mais aguardadas por quem faz filmes e seriados de TV para crianças no Brasil: a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis divulgou nesta semana os 72 curtas-metragens selecionados (de um total de 167 inscritos) para a sua 12a. edição, de 28 de junho a 14 de julho.

Mascote da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis

São Paulo foi o estado com o maior número de curtas (18), seguido por Rio de Janeiro (12), Minas Gerais (8), Paraná (7), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (ambos com 6) e Bahia (4). Clique aqui para conhecer os selecionados.

Nesse amplo painel do que tem sido feito para crianças nos últimos dois anos, faço menção especial ao curta “A História dos Meninos que Andavam de Noite” (SP, 2013), de Flavio Barone, que combina ação com elementos sobrenaturais em uma história sobre dois primos de segundo grau (um deles, cadeirante) que passam alguns dias em uma chácara assombrada por um… Melhor não contar.

Entre as animações, serão exibidos dois episódios da série “Os Invisíveis” (RJ, 2012), de Humberto Avelar, produzida pela Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio (MultiRio) com o objetivo de estimular a reflexão sobre temas da infância e da adolescência. Clique aqui para conhecer melhor esse projeto e assistir a seus curtas em entrevista de Marcelo Salerno, da MultiRio, a Marcus Tavares para a “revistapontocom”.

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Ralph também detona em DVD

Por srizzo
02/05/13 07:00

Como eu já havia registrado em outro post, “Detona Ralph” é até agora o filme para crianças mais visto nos cinemas brasileiros em 2013, com R$ 42,7 milhões de bilheteria e 3,6 milhões de espectadores.

“Detona Ralph”: alguém vai encarar?

Lançado em DVD, ele vai ampliando o seu público. No ranking dos filmes infantis mais alugados em abril na 2001 Vídeo, de São Paulo, a animação da Disney sobre o universo dos games ocupa o primeiro lugar.

“A Origem dos Guardiões”, que liderou o ranking em março, caiu para o quarto lugar. E “O Rei Leão”, veteraníssimo, continua firme e forte na lista.

Confira abaixo os “10 mais” de abril segundo o levantamento da 2001 Vídeo. O número depois do título refere-se à posição no mês anterior.

1) “Detona Ralph” (Wreck-It Ralph) [-]

2) “A Era do Gelo 4″ (Ice Age: Continental Drift) [7]

3) “O Rei Leão” (The Lion King) [2]

4) “A Origem dos Guardiões” (Rise of the Guardians) [1]

5) “Madagascar 3 – Os Procurados” (Madagascar 3: Europe’s Most Wanted) [8]

6) “Meu Malvado Favorito” (Despicable Me) [4]

7) “Tinker Bell – O Segredo das Fadas”  (Tinker Bell and the Great Fairy Rescue) [10]

8) “Hotel Transilvânia” (Hotel Transylvania) [6]

9) ”Monster High” – DVD duplo com “Os Pesadelos de Monster High” (Friday Night Frights) e “Por que os Monstros se Apaixonam” (Why Do Ghouls Fall in Love?) [-]

10) “Zambezia” (idem) [-]

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Muitos leem, mas eu primeiro ouvi "O Pequeno Príncipe"

Por srizzo
27/04/13 06:00

A capa da “Folhinha” de hoje, com rascunho do Pequeno Príncipe feito por Antoine de Saint-Exupéry

A “Folhinha” deste sábado celebra os 70 anos de “O Pequeno Príncipe” com textos de Gabriela Romeu sobre o romance e também sobre a vida extraordinária de seu autor, o francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944).

Ao conversar sobre o livro com a jornalista Laura Mattos, editora da “Folhinha”, me lembrei de que ouvi “O Pequeno Príncipe” antes de o ler.

Devo isso à minha professora na quarta série, que costumava terminar a aula uns 15 minutos antes do sinal para ler, em capítulos diários, algum livro.

Um deles foi “O Pequeno Príncipe” — que, imagino, ela já conhecia de trás para a frente. Mesmo assim, sua leitura era emocionada.

Aguardávamos ansiosos a hora em que receberíamos a pílula do dia. E íamos para casa com vontade de ouvir mais.

Claro, ela chorou algumas vezes durante as manhãs de leitura de “O Pequeno Príncipe”. Nós, de ouvidos bem abertos, também.

Imagino que todos os que se tornaram leitores vorazes, como eu, tenham histórias parecidas para contar, de pais e professores que plantaram essa semente simplesmente porque foram capazes de mostrar  o quanto a leitura era importante para eles, e de sugerir que um mundo extraordinário se escondia nos livros.

E fico um pouco triste de imaginar também quantos pais e professores nunca fizeram isso com seus filhos e alunos.

Dona Therezinha, Colégio São Miguel Arcanjo, Vila Zelina (São Paulo), 1975. Se alguém aí souber dela, diga que eu ainda me lembro de tudo.

* * *

A versão mais popular de “O Pequeno Príncipe” no cinema foi lançada em 1974, em forma de musical e com direção do norte-americano Stanley Donen (codiretor, com Gene Kelly, de “Cantando na Chuva”).

Steven Warner na versão para cinema de 1974, dirigida por Stanley Donen

Steven Warner (que não seguiu carreira no cinema) interpreta o personagem-título. O dançarino, coreógrafo e diretor Bob Fosse (“Cabaret”, “O Show Deve Continuar”) faz a Serpente, e o comediante Gene Wilder, a Raposa.

Katia Machado, produtora de “Meu Pé de Laranja Lima”, contou aqui no blog, em um relato da série Cenas de Infância, por que esse filme lhe deixou marcas.

Existem diversas outras versões do livro para o cinema e para a TV. A primeira, em forma de telefilme, foi realizada na antiga Alemanha Ocidental em 1954.

Houve outras adaptações para a TV na Bélgica (em 1960), na Hungria (em 1963), na Áustria (em 1965), na antiga Alemanha Oriental (em 1966) e no Japão (em 1978). Em 1990, foram realizadas duas versões francesas e uma coprodução entre Alemanha Ocidental e Áustria.

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Cenas de infância: Christian Petermann e o primeiro contato imediato com Spielberg

Por srizzo
25/04/13 14:07

Jornalista e crítico de cinema há 27 anos, Christian Petermann começou a ir sozinho ao cinema no final da década de 1970. Naquela época, conheceu o seu primeiro Steven Spielberg, que ele nunca esqueceu: “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (Close Encounters of the Third Kind, 1977).

Colaborador do “Guia da Folha” entre 1998 e 2012, ele escreve hoje para a “Rolling Stone” e para a “Revista da Cultura”, além de trabalhar como curador do festival semestral Cine MuBE Vitrine Independente e como assessor da ONG CineMaterna. Está envolvido também com o Giffoni São Paulo Film Festival, voltado ao espectador adolescente.

No relato abaixo, Christian diz que uma sessão de “Contatos” mudou a sua vida como espectador por apresentá-lo ao potencial de convencimento e sedução do cinema.

* * *

No pôster do filme, a explicação para os três graus de “contato imediato” com vida extraterrestre: no primeiro, observa-se um OVNI; no segundo, tem-se uma evidência física; no terceiro, contato.

A minha cinefilia teve seu ponto de partida com a paixão que minha mãe alimentava pelo cinema clássico de Hollywood. Desde muito pequeno, lembro de ser levado a sessões regulares de todos os filmes dos Trapalhões e às estreias ou reprises Disney da temporada. Demonstrei imediato fascínio pelo universo do escurinho do cinema, a ponto de reagir emocionado ao ouvir, por exemplo, a trilha sonora do filme “Love Story” (1970) no ambiente da sala de cinema, esperando para assistir a algo “censura livre”. Desde cedo alimentei essa cinefilia e tive carta branca de, no final dos anos 1970, já começar a circular pelos cinemas mais próximos para tentar assistir a tudo que minha idade permitia.

Indo com essa sede ao pote, cheguei a assistir, aos 12 anos de idade, ao filme “A Árvore dos Tamancos” (1978), de Ermanno Olmi, sentindo a “seriedade” do filme, mas ainda me considerando, enquanto espectador, despreparado para a crueza visual e a lentidão narrativa da fita. Um ano antes, porém, surgiu aquele filme que pela primeira vez provocou inúmeras sessões de arrepios na minha pele, instantes de deslumbramento e a certeza de que era nesse mundo da Sétima Arte que eu queria mergulhar – não como um realizador, mas de fato como um crítico. Sou fã declarado de ficção científica, o gênero que faz meu lado espectador vibrar até hoje. Sou um “trekker” de acompanhar os episódios da série “Jornada nas Estrelas” (“Star Trek”) na telinha desde os meus oito, nove anos. Mas em 1977, muito mais do que aquele “Star Wars” original de George Lucas, foi o ano em que aconteceu “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, de Steven Spielberg.

Foi talvez o meu primeiro contato imediato pleno com a paixão que eu compartilharia/compartilho/compartilharei com o cinema. Lembro-me nitidamente de ter comprado em livro a novelização do filme antes de seu lançamento por aqui, leitura feita em férias numa colônia qualquer. Mas o dia em que, com o coração na boca, eu entrei na sala maior das duas que existiam no shopping Iguatemi para assistir às aventuras do garoto Barry Guiler (Cary Guffey) – sua visão de um OVNI, a montanha feita de purê de batata, a aventura extrema no clímax –, tive uma epifania. Fui muito ligado em ufologia na infância e na adolescência, mas não era apenas o fascínio por esse tema que explica o fascínio absurdo que o filme provocou em mim.

François Truffaut como o Lacombe de “Contatos Imediatos”

“Contatos” mudou minha vida enquanto espectador e, em decorrência, como futuro crítico. Assistindo ao filme, pressenti parte do potencial que o cinema tem em convencer e seduzir. Não estava assistindo apenas a um filme muito divertido ou a ótimas interpretações de atores, entre eles um diretor chamado François Truffaut, sobre quem já tinha lido, mas cujo primeiro contato real só viria a acontecer aos 17 anos assistindo a “De Repente num Domingo” (1983), seu último trabalho – para depois, com o tempo, passar a apreciar toda sua filmografia. O filme de Spielberg atestou pra mim a força de uma trilha sonora – as cinco notas “em contato” da trilha de John Williams fizeram parte de minha vida por anos. Nunca mais deixei de ouvir com atenção qualquer trilha sonora (ou ausência de).

E o primeiro Steven Spielberg a que se assiste em tela de cinema, ainda mais com 11 anos de idade, não se esquece jamais! Naquele mesmo ano, o clímax de “Star Wars” (quer dizer, então “Guerra nas Estrelas”), com a destruição da Estrela da Morte, até que foi muito legal! Mas não era nada que se comparasse (e se compare até hoje) com o final daquele primeiro contato imediato de/com Spielberg.

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Veja antes que saia de cartaz

Por srizzo
24/04/13 14:16

A imprensa costuma dar pouca atenção a um fenômeno perverso do mercado cinematográfico hoje: o desempenho de um filme é decidido nos três primeiros dias de exibição (de sexta a domingo).

Se o filme vai bem, o que significa atingir um bom número de espectadores por cópia (acima de 500), “vira a semana”, ou seja, permanece em cartaz em um bom número de salas.

Caso contrário, começa a ser varrido do circuito porque a fila de lançamentos é grande, o circuito é relativamente pequeno e os interesses comerciais, muitos.

“Meu Pé de Laranja Lima”: quem demorar para vê-lo corre o risco de não o encontrar mais em cartaz

O desafio é maior para filmes sem grande verba de lançamento, que precisam fazer um esforço monstruoso para arrastar espectadores às salas nos primeiros dias de exibição.

É o caso, neste momento, de “Meu Pé de Laranja Lima”, que fez 23.976 espectadores em seus três primeiros dias de exibição, com média de aproximadamente 220 espectadores por cópia, de acordo com dados do Filme B.

Pelas regras do mercado, é pouco. Isso significa que muita gente interessada em vê-lo, se demorar um pouco para ir ao cinema, já não irá mais encontrá-lo em cartaz.

Algo parecido ocorreu com “Tainá – A Origem”, lançado no início de fevereiro, e que até agora fez 341.363 espectadores. Não é pouco; essa multidão equivale a seis estádios do tamanho do Morumbi cheios. Mas seu potencial de público era muito maior, como atesta a ótima receptividade das crianças que o veem.

“Detona Ralph”, filme infantil de maior público no Brasil em 2013

O mercado é perverso, e está nas mãos de quem tem maior poder de fogo.

Na lista dos 10 filmes de maior bilheteria em 2013 no Brasil, três são superproduções norte-americanas voltadas para crianças e adolescentes:

– “Detona Ralph”, da Disney, com R$ 42,7 milhões de renda e 3,6 milhões de espectadores;

– “Os Croods”, da Dreamworks, com R$ 29,7 milhões de renda e 2,4 milhões de espectadores;

– “Oz – Mágico e Poderoso”, da Disney, com R$ 26,3 milhões de renda e 2 milhões de espectadores.

 

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Ator de "Meu Pé" gosta de ler a coleção "Mortos de Fama"

Por srizzo
20/04/13 12:08

A “Folhinha” deste sábado dedica a capa à nova versão de “Meu Pé de Laranja Lima”. Clique aqui para ler o texto principal e aqui para ler sobre o livro de José Mauro de Vasconcelos (1920-1984), bem como outras adaptações para cinema e TV.

O blog trouxe ainda um depoimento da produtora Katia Machado, sobre a importância de “O Pequeno Príncipe” (1974) em sua infância, e um trecho da entrevista que fiz com João Guilherme Ávila, que interpreta Zezé.

Abaixo, a íntegra do meu bate-papo com o João Guilherme, 11, que estuda no sexto ano de um colégio particular de São Paulo e é filho do cantor Leonardo.

Quando anos você tinha quando começou a fazer “Meu Pé”?

Tinha 9 anos, quase indo pra 10.

Você leu o romance do José Mauro de Vasconcelos?

Não. Quando fui convidado não li o livro e nem depois, porque falaram que influenciava algumas cenas. Até hoje não li. Fiquei com vontade de ler para saber o que iria acontecer, as coisas boas e as coisas ruins que eu tinha que fazer.

João Guilherme Ávila no curta “Vento” (2009), seu primeiro trabalho no cinema

Como surgiu o convite para trabalhar no filme?

O diretor [Marcos Bernstein, roteirista de “Central do Brasil” e “Somos tão Jovens”, e diretor de “O Outro Lado da Rua”, também produzido por Katia Machado] me viu no curta que eu tinha feito, e que se chama “Vento” (2009) [dirigido por Marcio Salem, o filme participou do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, entre outros festivais]. Ele me chamou para ir fazer o teste. Pensei um pouquinho, aceitei, fiz o teste e eles disseram que gostaram da minha atuação. Fiquei nervoso. Fico muito nervoso em tudo o que vou me apresentar. Mas deu tudo certo. Depois do convite, teve um dia em que marcaram comigo, para ir lá conhecer e ver como iria acontecer, a gente combinou o que iria fazer e o jeito que iria fazer.

“Vento” foi o seu primeiro trabalho? Como você foi parar no filme?

Pelo que eu saiba, minha mãe tinha um amigo que trabalhava com cinema. Ele me indicou e o diretor disse que queria ver. Primeiro eu não queria muito, eles insistiram, e aí eu aceitei.

Você teve algum treinamento para fazer “Vento”?

Pelo que eu me lembre, não teve treinamento. Mas eu tinha um preparador que me ajudava em algumas cenas. Não foi tudo natural, mas também não tive dificuldade. Foi uma experiência muito legal e diferente.

Voltando ao “Meu Pé”: você por acaso perdeu aulas para fazer o filme?

Uma parte das filmagens foi em (período de) aula, acho que em fevereiro de 2011, mas também perdi as férias de julho. Perdi algumas aulas, mas o filme contratou uma professora para ir lá alguns dias da semana e ela de vez em quando dava aula.

O início das filmagens foi em Minas Gerais? Você conhecia aquela região?

Sim, as primeiras filmagens foram lá no interior de Minas. Eu já havia ido para Minas, mas nunca para aquela região. Fiquei quase três meses em Minas. Mas foi separado, não foram três meses seguidos. Foram duas vezes. Eu conhecia aquelas brincadeiras de rua porque quando eu era menor, e até hoje, eu tenho uma casa num sítio aqui no interior de São Paulo, em Piracaia. Tem um monte de árvores, plantações, tem algumas casas bonitas. Deve ter um pé de laranja lima, até.

Você não tinha lido o livro, mas leu o roteiro do filme antes de começar?

Eles me contaram como era tudo e depois foram me ajudando de pouquinho em pouquinho. Nunca li o roteiro. Era bem difícil fazer algumas cenas, e tinha algumas bem facinhas. O preparador fazia técnicas, era tudo muito legal. Eles primeiro me incentivavam a fazer a cena, e tinha meu preparador que ia me ajudando, (dizendo) que se tudo desse certo o filme estrearia logo. O Marcos era, e é, muito legal comigo. Ele conversava comigo também. O Zé de Abreu [que interpreta Portuga] é muito muito muito legal, eu achei.

João Guilherme Ávila e José de Abreu, que faz o Portuga, em “Meu Pé de Laranja Lima”

Qual foi a cena mais difícil?

Aquela que eu apanho do Portuga.

As palmadas doeram?

Não doeram, não, foi mais fingido.

Quando você viu o filme pronto pela primeira vez?

Só vi o filme no Festival do Rio [de 2012], foi a primeira vez que eu vi. Fiquei emocionado. Todo mundo falou parabéns, que tinham adorado o filme. Muitas pessoas choraram. Eu chorei. Foi o primeiro filme em que eu chorei.

O que você achou da experiência de fazer o filme?

Que é muito legal tudo aquilo, e que eu gostei muito de fazer o filme.

Você acha a história triste?

Eu acho um pouquinho. É triste a história, mas não acho que é muuuuito triste.

Você concorda com a classificação indicativa, que recomenda o filme para maiores de 10 anos?

Eu acho que isso não tem nada a ver. A história é sobre crianças, alguns atores são crianças, e no final dá tudo certo: o pai encontra emprego, o menino quando fica mais velho vai viver na cidade. Eu acho que não tem problema ver. Não vi problema nenhum. É que na verdade pra mim esse filme é livre. Mas, por exemplo, se vai com uma criancinha de 5 anos, ela não vai entender muito a moral do filme. Então eu acho que para essas criancinhas não vai ter muita graça. Mas não tem problema, pode ser livre pra mim. Preferiria ser livre. Acho que com 8, 9 anos entende. Eu entenderia.

O que você gosta de fazer para se divertir?

Adoro jogar bola com meus amigos. Jogar futebol. Aqui no meu prédio e na escola. Jogo de campo e de salão. No campo, ou sou zagueiro, ou meio de campo, ou lateral direito. Normalmente eu sou lateral direito. Gosto de estar com os meus amigos. A gente brinca, conversa.

E cinema?

Gosto de ver filme de ficção científica. Aquele “Avatar”, dos caras azuis, meio ETs, sabe? E “O Mágico de Oz”, esse novo, “Oz – Mágico e Poderoso”. Vou muito ao cinema com os meus amigos. É mais fácil ir com os meus amigos do que com os meus pais.

E na televisão, o que você gosta de ver?

Na verdade, eu amo ver filmes. Então, quando estou na televisão, estou vendo o Telecine. Gosto de ver alguns seriados também, gosto dos “Simpsons” e do “Walking Dead”. Animação de cinema eu não acho muito legal, mas teve aquele “A Origem dos Guardiões”, que eu gostei.

Você gosta de ler?

Depende do livro, eu gosto. Gosto de uma coleção que se chama “Mortos de Fama”. Uma coleção muito legal, eu acho. Fala sobre a vida, a vida íntima, as invenções das pessoas famosas de antigamente, Leonardo Da Vinci, Shakespeare. Tenho dois livros da coleção, um sobre Shakespeare [“William Shakespeare e seus Atos Dramáticos”] e outro que se chama “Inventores e suas Ideias Brilhantes”.

E revistas e jornais?

Não gosto.

Você usa tablet?

Tenho iPad e iPhone. Uso o tradutor do Google e aplicativos de joguinhos. Tem um joguinho que você precisa escrever em inglês.

E música?

Gosto de vários tipos de música, mas principalmente reggae estilo Bob Marley, e rock. Tem várias músicas famosas dele (Marley) e tenho um amigo que ouve. Comecei a ouvir junto com ele e comecei a gostar.

Teatro?

Não costumo ir. Quando eu era pequeno eu ia, mas agora não. Não gosto.

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