Censura Livrecinema – Censura Livre http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br por Sérgio Rizzo Mon, 02 Dec 2013 08:57:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Volta ao mundo em 13 filmes infantis http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/06/01/volta-ao-mundo-em-13-filmes-infantis/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/06/01/volta-ao-mundo-em-13-filmes-infantis/#respond Sat, 01 Jun 2013 10:30:25 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=607 Continue lendo →]]> São Paulo sediará na próxima semana a sexta edição do Festival ComKids Prix Jeunesse Iberoamericano, que exibe filmes e programas de TV dirigidos a crianças e jovens.

Um aperitivo do festival ocupará neste fim de semana (e também no próximo) o Espaço Itaú da rua Augusta: a Mostra ComKids no Cinema, que reunirá 13 curtas-metragens infantis realizados em nove países.

Entrada franca, com classificação indicativa livre. Ou seja: programão para pais e filhos que gostam de fazer descobertas.

Wendy Martins, a divertida Sofia de “Sonhando Passarinhos”

Na cuidadosa seleção de filmes, destaco dois que dificilmente deixarão o espectador sem um sorriso no rosto:

– o turco “A Bicicleta dos Meus Sonhos” (2009), sobre um menino que aprende a trabalhar como guia turístico para realizar um desejo que a família (pai desempregado, mãe e 11 irmãos) não tem como atender;

– o brasileiro “Sonhando Passarinhos”  (2011), com uma atriz infantil pra lá de simpática e engraçada (Wendy Martins) que se diverte, com seu boneco de pano, dando asas à imaginação.

Clique aqui para conferir a programação completa das sessões da Mostra ComKids no Cinema (que inclui também, neste sábado, uma sessão exclusiva para os associados do Clube do Professor do Espaço Itaú).

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Chegou a hora do Festival ComKids http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/29/chegou-a-hora-do-festival-comkids/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/29/chegou-a-hora-do-festival-comkids/#respond Wed, 29 May 2013 17:08:26 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=601 Continue lendo →]]> Começa na próxima terça-feira, dia 4, a sexta edição do Festival ComKids Prix Jeunesse Iberoamericano, que exibe filmes e programas de TV dirigidos a crianças e jovens.

O evento é a versão iberoamericana do Prix Jeunesse Internacional, administrado por uma fundação que nasceu em 1964, em Munique (Alemanha). Clique aqui para conhecer as suas atividades (textos em inglês).

Como ocorre nos anos ímpares, São Paulo sediará a versão iberoamericana de 2013. Além das exibições, o festival oferece também atividades que promovem a reflexão sobre o audiovisual infantojuvenil e aproximam profissionais de diversos países.

Clique aqui para se inscrever (como votante ou como observador) no festival, que vai de terça-feira, dia 4, até a sexta-feira, dia 7, com sessões no Sesc Consolação e no Instituto Goethe, e cerimônia de encerramento no CineSesc.

E clique aqui para conhecer a programação completa. Fiz parte do comitê de seleção da categoria 7 a 11 anos (ficção), que reúne filmes e programas de primeira linha.

As atividades paralelas, no entanto, terão início no próximo sábado, dia 1o., às 14h, com a Mostra ComKids no Cinema, no Espaço Itaú da rua Augusta. Falarei dos filmes a serem exibidos nessa mostra — gratuita e aberta a crianças — em outro post.

Por enquanto, reserve um espaço na agenda.

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Pais e filhos: quando o cinema também era aula http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/21/pais-e-filhos-quando-o-cinema-tambem-era-aula/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/21/pais-e-filhos-quando-o-cinema-tambem-era-aula/#respond Tue, 21 May 2013 18:01:19 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=575 Continue lendo →]]> Ao “folhear” no computador o PDF com a tese de doutorado do ator e diretor de teatro André Carrico, não pude deixar de notar a dedicatória:

“À memoria de Osvaldo, meu pai, que me levou pela mão pela primeira vez ao cinema.  Era um filme dos Trapalhões.”

Já falei aqui sobre a tese de André (“Os Trapalhões no Reino da Academia: Revista, Rádio e Circo na Poética Trapalhônica”), defendida no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Mas, curioso por causa da dedicatória, pedi a ele — hoje com 38 anos, e pai de Guido, 2 anos, que ainda não foi ao cinema — um relato para a série Pais e Filhos do blog.

Abaixo, o texto saboroso que ele me enviou, cheio de vida, sobre a sua primeira sessão de cinema, aos 4 anos, em Campinas (SP), e a tradição de família que nasceu ali: férias se tornaram sinônimo de filme dos Trapalhões.

* * *

“É uma televisão gigante”, diziam meus irmãos mais velhos. Como eu nunca tinha visto uma sala de cinema na TV, imaginava que a tela cinematográfica fosse emoldurada por uma caixa de madeira com botões, um grande seletor de canais e encabeçada por chifres de antena, como era o tubo de imagens de casa. Minha primeira sessão foi aos quatro anos, levado por meu pai para assistir ao “Cinderelo Trapalhão” (1979). A tela era maior do que pensava, mas a experiência era diferente de tudo que já vira. Não era circo, não era teatro, nem televisão. Cinema era um encontro coletivo em que todo mundo ficava diante de uma placa de luz que mostrava o Didi, o Dedé, o Mussum e o Zacarias do tamanho que eles eram. Os carros, quando aceleravam, vinham para cima da gente, as rajadas de tiros atravessavam nossos ouvidos, a torta era arremessada na cara do “da poltrona”.

A partir daquele ano se tornaria tradição: férias era sinônimo de Trapalhões. Duas vezes por ano eu encontrava o grupo num dos nove cinemas de rua que havia em Campinas. Entrar no luxuoso saguão com a pipoca comprada no carrinho da rua, escolher entre dropes e balas de leite nos impecáveis mostruários das “bombonières”, eram a abertura de um ritual que só terminava com o baixar dos créditos e o acender das luzes. E cinema com meu pai também era aula, pois ele sempre tinha considerações sociais ou morais a respeito das fábulas daquele quarteto. Moleque gostava mesmo dos Trapalhões porque, ao contrário dos bobos heróis americanos, nossos geniais anti-heróis bebiam, fumavam, sacaneavam, corriam atrás de mulher…

Meu pai, minha mãe, meus irmãos também riam com a graça dos quatro palhaços. Afinal, eram malandros adultos envolvidos em problemas da vida adulta. Muito das agruras suburbanas dos trapalhões era familiar aos meus pais. E rir ao lado deles, no meio de uma multidão de risos, sentindo que eles também gostavam daquela palhaçadaria, me deixava seguro. E cedo me ensinou que o melhor remédio contra as maldades do mundo é a risada.

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Daniel Boaventura, "homem-folha" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/18/daniel-boaventura-homem-folha/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/18/daniel-boaventura-homem-folha/#respond Sat, 18 May 2013 10:00:14 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=546 Continue lendo →]]> O general Ronin, um dos “homens-folha” da animação “Reino Escondido”, é dublado na versão brasileira pelo ator e cantor Daniel Boaventura, que completa 43 anos neste domingo.

No cinema, antes de fazer “Reino Escondido”, ele só havia participado de três filmes como ator (“3 Histórias da Bahia”, “Coisa de Mulher” e o ainda inédito “Odeio o Dia dos Namorados”) e dublado uma animação em “stop-motion”, o longa brasileiro “Minhocas”.

Abaixo, um bate-papo em que Daniel fala de dublagem (“você e o microfone no aquariozinho”) e da experiência incomum de ver pela primeira vez um trabalho seu com uma das filhas na poltrona ao lado.

Sua carreira em teatro e televisão é numerosa, mas você fez poucos trabalhos em cinema. Por quê?

Houve situações em que eu fui chamado para fazer filmes e estava em cartaz. O teatro musical ocupa muito tempo. Em 2006, por exemplo, eu gravava o “Malhação” e queríamos renovar para 2007, quando eu iria fazer “My Fair Lady” no teatro. Eu disse que só poderia assinar para “Malhação” se me deixassem livre nos três primeiros meses. Os ensaios para musicais tomam seis dias por semana, dez horas por dia, durante dois meses. É um tempo precioso para uma pessoa. Quando estava em “A Bela e a Fera”, cheguei a fazer oito sessões por semana. Trabalhava 28 dias por mês. Consome muito.

Se não houvesse esse problema, você gostaria de fazer mais cinema?

Gostaria muito. Em 2012 filmei “Odeio o Dia dos Namorados”, dirigido por Roberto Santucci, e que deve estrear em breve [o lançamento está programado para 7 de junho]. Gostei muito do processo. No ano passado, consegui fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Neste ano estou mais tranquilo, me dedicando, por enquanto, principalmente a shows.

Quando você começou a fazer dublagens para animações?

Antes de “Reino Escondido”, fiz “Minhocas” (Worms), a primeira animação brasileira de longa-metragem em “stop-motion”. Curiosamente, fiz primeiro a dublagem em inglês, em 2007. Só fui dublar em português no início desta semana. O filme deve ser lançado no fim do ano pela Fox [a estreia está programada para 20 de dezembro].

O general Ronin, personagem dublado por Daniel Boaventura em “Reino Escondido”

E “Reino Escondido”?

Eu estava fazendo “A Família Addams” no teatro quando o meu empresário me enviou um e-mail dizendo que tinha um convite. Fui ficando muito interessado pelo filme. Em primeiro lugar, por ser da produtora Blue Sky. Admiro muito o trabalho de Carlos Saldanha, embora este filme, especificamente, não seja dirigido por ele [Chris Wedge, diretor de “Robôs” e do primeiro “A Era do Gelo”, é quem assina “Reino Escondido”]. Depois, soube do personagem, o general Ronin. Achei interessante. Quando dublei, vi que ele ficou ainda mais interessante do que eu esperava. E não havia a necessidade de torná-lo engraçado. Era um herói “per se”, um líder, denso e intenso. No processo de dublagem, tive um primeiro momento que foi a gravação do trailer, dirigido pelo Guilherme Briggs. Homenzinhos verdes numa floresta! Fantástica surpresa. Na gravação para o filme, eu tinha um pouco de preconceito, tinha receio do “sync” [a sincronização do áudio com as imagens]. Mas fui dirigido pelo Manolo Rey, outro craque. Nos primeiros 20 ou 30 minutos já tinha a embocadura para o personagem, estava só me acostumando ao “sync”. O método de prestar atenção à música do diálogo foi a melhor coisa. Em uma hora estava craque. Era quase a sensação de jogar. Gravei tudo em cinco ou seis horas. Um dia no aquariozinho, como eu chamo o estúdio.

Você procurou se aproximar da interpretação de Colin Farrell, que faz Ronin na versão original?

Gostei muito do trabalho dele. Não tem como deixar de usar como referência. Você ouve a voz original enquanto dubla. Mas, se eu gosto, não acho que vou copiar. Em “My Fair Lady”, por exemplo, eu fiz o professor Higgins. Vi antes o filme com o Rex Harrison no papel. Talvez seja o maior trabalho dele. Que impressionante, que velocidade. “Como vou fazer isso em português?”, pensei. E as músicas, muito verborrágicas? Tinha músicas maravilhosas. A referência dele (Harrison) foi interessante não porque fosse copiar, mas porque acrescentaria. A voz do Colin Farrell é mais grave, areada. Cabia ir para essa textura. E notei que ele sabia jogar texto fora. Não empostava a voz ou nada desse tipo. Observei isso, e não copiei.

Você está acostumado a interagir com outros atores no palco e na TV. Não estranhou trabalhar sozinho no estúdio, gravando isoladamente as suas falas?

O pessoal que dublou o “Rio” me contou que só foi se ver na estreia do filme no Brasil. Não troquei palavra com o Murilo [Benício, que dubla Bomba, um pesquisador atrapalhado] em “Reino Escondido”. Fiquei no estúdio só com o diretor e o operador. O que me ajudou foi que estou acostumado a estúdio. Há seis anos encarei a carreira como cantor profissional, já gravei três CDs e um DVD. Eu me habituei a gravar em estúdio. A dublagem é um processo similar, você e o microfone no aquariozinho.

E qual foi a sua reação ao ver o filme inteiramente dublado, com o “encaixe” da sua voz no conjunto?

Tenho duas filhas, uma de 4 anos, Isabela, e outra de 10, Joana. A Joana é uma crítica de cinema nata. Quer sempre ficar até o final da sessão para ver os créditos, quem fez o quê. A Isabela naquele dia não pode, mas a Joana foi comigo ver “Reino Escondido”. Foi a primeira vez em que desfrutei um trabalho meu ao lado dela. Genial! Ela colada a mim, braço apertado. Muito engraçado, e muito especial. Foi um prazer inenarrável ver o conjunto, tudo se encaixando, sem contar a qualidade da imagem. Quando vi “A Era do Gelo”, fiquei pasmo desde a primeira cena com o realismo dos pelos do animal, com a expressão facial. O primeiro “take” de “Reino Escondido”, no meio do mato, me deu uma sensação parecida. O filme tem ação, humor, bons momentos dramáticos. Viajei, me diverti muito. Sei que sou suspeito, mas fiquei orgulhoso do trabalho.

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Tem compromisso para 28/3/2014? http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/13/tem-compromisso-para-2832014/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/13/tem-compromisso-para-2832014/#respond Mon, 13 May 2013 18:26:58 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=530 Continue lendo →]]> A indústria de cinema dos EUA sabe, como ninguém, fisgar espectadores em todo o mundo. E sabe também que certas estratégias de divulgação funcionam muito bem com crianças.

Na manhã do último sábado, tive um exemplo bem concreto de como criar expectativa de longo prazo para um filme. Fui ao Cinemark do shopping Eldorado, em São Paulo, para assistir a uma pré-estreia de “Reino Escondido”.

Antes da sessão, como você pode imaginar, aquele fuzuê de pais e crianças.

(E vamos combinar que os pais, tentando dar conta dos filhos, das pipocas, dos refrigerantes, das bolsas e dos telefones portáteis, fazem muito mais fuzuê do que as crianças.)

Mas, apagadas as luzes da sala, quase todo mundo ficou em silêncio. Primeiro, entrou o filminho institucional da companhia de seguros, com as saídas de emergência e o pedido para desligar o celular (que muitos adultos fingem não ver, ou será que não entendem mesmo?).

Então, para surpresa de todos, apareceram na tela as araras azuis Blu, Jade e outros personagens de “Rio”, dançando animadamente. Na plateia, crianças riam e vibravam.

Alguns segundos depois, terminou o “teaser” (uma espécie de minitrailer). E entrou o letreiro frustrante, acompanhado de narração:

“Rio 2 – Nos cinemas em 2014”.

Fazia muito tempo que eu não ouvia um “ohhhh” de lamentação tão profundo. Precisamos esperar até 2014? Tem dó aí, ô seo dono do cinema.

“Rio 2” está previsto para estrear no Brasil em 28 de março de 2014. A Fox, que produz e distribuirá o filme, já lançou a isca. E tem quase um ano para brincar com a expectativa que começou a criar.

O diretor brasileiro Carlos Saldanha também assina a continuação de “Rio”

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Trapalhões e academia, tudo a ver http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/10/trapalhoes-e-academia-tudo-a-ver/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/10/trapalhoes-e-academia-tudo-a-ver/#respond Fri, 10 May 2013 13:39:51 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=523 Continue lendo →]]>

Mussum, Didi, Dedé e Zacarias: a academia é nossa, com os Trapalhões não há quem possa

Na TV, eles divertiram gerações ocupando espaços nobres na emissora de maior audiência do país. Nos cinemas, 12 de seus filmes figuram no ranking das 20 produções brasileiras de maior público no período 1970-2011, segundo dados da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

É pouco ou quer mais?

Tem mais, sim: eles deram origem à tese de doutorado do ator e diretor de teatro André Carrico, defendida no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação da professora Neyde Veneziano.

“Os Trapalhões no Reino da Academia: Revista, Rádio e Circo na Poética Trapalhônica” nasceu, segundo Carrico, da ideia de mostrar que o grupo “representa uma reunião exemplar de determinadas vertentes da comédia popular nacional, com cômicos que trouxeram bagagens do teatro de revista, do circo e do humorismo radiofônico”.

A tese de Carrico estuda o período 1978-1990, quando os Trapalhões tiveram a sua formação clássica: Didi (Renato Aragão), Dedé (Manfried Santana), Mussum (Antonio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Gonçalves).

“Dedé nasceu numa barraca de circo, era palhaço”, lembrou Carrico em entrevista a Luiz Sugimoto para o “Jornal da Unicamp”. “Mussum passou pelo teatro de revista como músico dos Originais do Samba – eles contracenavam com Grande Otelo, que junto com Chico Anysio acabou influindo na configuração do tipo. E Zacarias começou no rádio, em Sete Lagoas e depois em Belo Horizonte, sempre interpretando tipos caipiras.”

Clique aqui para ler reportagem de Sugimoto no “Jornal da Unicamp” em que Carrico — ator desde criança, ligado ao teatro de rua e ao circo — fala sobre a tese de doutorado e a importância dos Trapalhões como herdeiros de tradições populares brasileiras.

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Cenas de infância: Cristiano Burlan, Oliver Twist e o ratinho Fievel http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/09/cenas-de-infancia-cristiano-burlan-oliver-twist-e-o-ratinho-fievel/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/09/cenas-de-infancia-cristiano-burlan-oliver-twist-e-o-ratinho-fievel/#respond Thu, 09 May 2013 10:00:43 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=516 Continue lendo →]]> Os relatos da série Cenas de Infância, que venho recolhendo no blog, tratam em geral da primeira experiência de ir ao cinema. Um ou outro convidado se lembra, como ocorreu com Christian Petermann, de alguma sessão posterior.

É o caso também do cineasta e professor Cristiano Burlan, que conheceu o cinema em Porto Alegre, mas que viveu a primeira sessão inesquecível já em São Paulo, aos 11 anos.

Burlan ganhou, em abril, o prêmio de melhor longa-metragem brasileiro do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários com seu trabalho mais recente, “Mataram Meu Irmão”, que trabalha com memórias pessoais.

A seguir, Burlan fala sobre a importância de um ratinho russo em sua vida e em sua trajetória profissional.

“Fievel, Um Conto Americano” (1986), produção da Amblin de Steven Spielberg em parceria com a Universal

A primeira lembrança que tenho do cinema é muito antiga, ainda remete à minha infância em Porto Alegre sendo levado pela minha mãe e pelo meu pai para ver os filmes dos Trapalhões no Cine Leão. Um cinema à moda antiga, com colunas neoclássicas e o cheiro de pipoca impregnado no ar. Mas, naquele momento, ainda não tinha passado por uma experiência catártica.

A primeira grande emoção que tive dentro de uma sala de cinema foi aos 11 anos de idade, já morando em São Paulo.

Em 1985, mudamos de Porto Alegre para cá. Logo que chegamos fomos morar num bairro muito pobre em Osasco, chamado Olaria do Nino. Meu pai trabalhava como pedreiro, minha mãe era empregada doméstica. Casa muito simples e pequena, e o dinheiro sempre muito curto.

Um dia acordei e pedi à minha mãe dinheiro para ir ao cinema, mas disse para ela que gostaria muito de ir sozinho pela primeira vez. Ela me falou que não tinha o dinheiro naquele momento, mas que iria juntar e que no final do mês me daria. Aguardei ansiosamente.

Naquela época estava lendo um livro que me marcou profundamente, “Oliver Twist”, de Charles Dickens, cujo protagonista é um órfão. Um dos temas do romance é a delinquência provocada pelas condições precárias da sociedade inglesa na era vitoriana, no século 19.

E o filme que escolhi assistir foi “Fievel, Um Conto Americano” (An American Tail, 1986). Saí de Osasco sozinho, de ônibus, e fui até o Shopping Eldorado, em Pinheiros. Tinha 11 anos de idade na época e o ano era 1986. Lembro que, quando cheguei na bilheteria, todas as crianças estavam acompanhadas dos seus pais, o que me deixou um pouco triste. Mas não me abati, porque estava tomado por uma sensação incrível de liberdade. Estava me sentindo um adulto indo sozinho ao cinema.

Minha mãe tinha me dado o dinheiro certinho para a passagem, o ingresso, pipoca, refrigerante e um drops Dulcora.

Havia chegado o grande momento. Entrei na sala, as luzes se apagaram e a projeção começou. Nunca vou esquecer a sensação dúbia de medo por estar só e, ao mesmo tempo, de ter descoberto o lugar mais seguro do mundo para se estar durante a vida.

“Fievel, Um Conto Americano” se passa na Rússia, em 1885, quando a família de ratos russo-judaica Ratoskewitz decide imigrar para os EUA, à procura de uma vida melhor. Fartos dos ataques dos gatos, os Ratoskewitzes acreditam que seus predadores não existem no “novo mundo”. Durante a viagem de navio, o pequeno Fievel é levado por uma tempestade, sendo separado da família. Ao chegarem, acreditam que perderam Fievel para sempre.

Mas ele também consegue chegar a Nova York, dentro de uma garrafa, e é ajudado por um pombo francês chamado Henri. O pequeno ratinho parte em busca da sua família, e logo começa a descobrir a dura realidade desse “novo mundo”, onde afinal também existem gatos.

A impressão que tenho até hoje dessa experiência é que tudo o que passei pela minha vida e o que me tornei tem a ver um pouco com esses dois personagens, com Oliver Twist e com o ratinho Fievel. Passei mais tempo da minha vida dentro de uma sala de cinema do que fora dela e tenho uma certa resistência a perceber o mundo por um prisma da realidade. E, sempre que volto a esse momento catártico e epifânico da minha vida, me lembro de uma frase de Chaplin: “Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação”.

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Jiboias, antílopes, pandas e águias http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/04/jiboias-antilopes-pandas-e-aguias/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/04/jiboias-antilopes-pandas-e-aguias/#respond Sat, 04 May 2013 10:00:49 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=504 Continue lendo →]]> Que tal criar jiboias em casa? Kyra Rabello, 2 anos, tem duas. Filha de um veterinário, que considera as cobras menos perigosas do que aves (que poderiam bicar a menina), Kyra está na capa de hoje da “Folhinha”, toda feliz com uma de suas jiboias no colo.

Kyra Rabello, 2 anos, e uma de suas jiboias na capa da “Folhinha” deste sábado

Reportagens assinadas por Cristina Rappa e Bruno Molinero falam sobre os cuidados necessários para ter animais silvestres (selvagens) em casa. Um dos textos lembra que, em 1963, alunos da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo (que então se chamava Escola Experimental) ganharam uma filhote de onça para cuidar.

Depois de perambular pelas casas das crianças, a onça ficou doente e morreu. Não existia ainda o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), criado em 1989, e que fiscaliza a posse ilegal de animais silvestres.

Além disso, o cinema e a TV não se preocupavam, como hoje, em alertar para a violência cometida contra animais  — retirados de seu habitat, ou mortos ali mesmo.

Pense, por exemplo, no efeito pedagógico de “Rio” (2011). Dirigida por Carlos Saldanha, a animação da 20th Century Fox (o nome do estúdio significa “raposa do século 20”, por falar no assunto) traz diversos estereótipos sobre o Brasil, mas sem dúvida contribui para apresentar a crianças temas relacionados à proteção ambiental e ao crescimento sustentável.

Milhões de espectadores foram sensibilizados também, nas últimas décadas, por filmes de ficção e documentários que falam de espécies ameaçadas de extinção, muitas em virtude da ação predadora do homem. Canais pagos de TV como o NatGeo (da National Geographic Society) e o Animal Planet recheiam a programação com títulos nessa linha.

Antílopes tibetanos, tema de “Patrulha da Montanha”

Entre os filmes de ficção recentes, destaco a produção chinesa “Patrulha da Montanha” (2004), que trata de uma situação pouco divulgada por aqui, o extermínio de antílopes tibetanos.

Crianças e jovens tendem a se identificar com o protagonista da produção norte-americana “Meu Amigo Panda” (1995), também rodada na China. Ele é um adolescente (Ryan Slater) que ajuda o pai, um zoologista, a salvar uma reserva de pandas.

Os fãs do falecido comediante John Belushi devem se lembrar da comédia romântica “Brincou com Fogo, Acabou Fisgado” (1981), na qual ele interpreta um jornalista que se envolve com uma pesquisadora devotada a águias (Blair Brown).

Um dos filmes mais antigos preocupados expressamente com a causa dos animais silvestres é “Falsa Verdade” (1952), sobre a luta de uma ambientalista (Patricia Neal) para salvar da extinção o condor da Califórnia.

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Mostra de Florianópolis exibe 72 curtas http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/03/mostra-de-florianopolis-exibe-72-curtas/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/03/mostra-de-florianopolis-exibe-72-curtas/#respond Fri, 03 May 2013 12:59:38 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=500 Continue lendo →]]> Saiu uma das listas mais aguardadas por quem faz filmes e seriados de TV para crianças no Brasil: a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis divulgou nesta semana os 72 curtas-metragens selecionados (de um total de 167 inscritos) para a sua 12a. edição, de 28 de junho a 14 de julho.

Mascote da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis

São Paulo foi o estado com o maior número de curtas (18), seguido por Rio de Janeiro (12), Minas Gerais (8), Paraná (7), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (ambos com 6) e Bahia (4). Clique aqui para conhecer os selecionados.

Nesse amplo painel do que tem sido feito para crianças nos últimos dois anos, faço menção especial ao curta “A História dos Meninos que Andavam de Noite” (SP, 2013), de Flavio Barone, que combina ação com elementos sobrenaturais em uma história sobre dois primos de segundo grau (um deles, cadeirante) que passam alguns dias em uma chácara assombrada por um… Melhor não contar.

Entre as animações, serão exibidos dois episódios da série “Os Invisíveis” (RJ, 2012), de Humberto Avelar, produzida pela Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio (MultiRio) com o objetivo de estimular a reflexão sobre temas da infância e da adolescência. Clique aqui para conhecer melhor esse projeto e assistir a seus curtas em entrevista de Marcelo Salerno, da MultiRio, a Marcus Tavares para a “revistapontocom”.

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Muitos leem, mas eu primeiro ouvi "O Pequeno Príncipe" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/04/27/muitos-leem-mas-eu-primeiro-ouvi-o-pequeno-principe/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/04/27/muitos-leem-mas-eu-primeiro-ouvi-o-pequeno-principe/#respond Sat, 27 Apr 2013 09:00:24 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=482 Continue lendo →]]>

A capa da “Folhinha” de hoje, com rascunho do Pequeno Príncipe feito por Antoine de Saint-Exupéry

A “Folhinha” deste sábado celebra os 70 anos de “O Pequeno Príncipe” com textos de Gabriela Romeu sobre o romance e também sobre a vida extraordinária de seu autor, o francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944).

Ao conversar sobre o livro com a jornalista Laura Mattos, editora da “Folhinha”, me lembrei de que ouvi “O Pequeno Príncipe” antes de o ler.

Devo isso à minha professora na quarta série, que costumava terminar a aula uns 15 minutos antes do sinal para ler, em capítulos diários, algum livro.

Um deles foi “O Pequeno Príncipe” — que, imagino, ela já conhecia de trás para a frente. Mesmo assim, sua leitura era emocionada.

Aguardávamos ansiosos a hora em que receberíamos a pílula do dia. E íamos para casa com vontade de ouvir mais.

Claro, ela chorou algumas vezes durante as manhãs de leitura de “O Pequeno Príncipe”. Nós, de ouvidos bem abertos, também.

Imagino que todos os que se tornaram leitores vorazes, como eu, tenham histórias parecidas para contar, de pais e professores que plantaram essa semente simplesmente porque foram capazes de mostrar  o quanto a leitura era importante para eles, e de sugerir que um mundo extraordinário se escondia nos livros.

E fico um pouco triste de imaginar também quantos pais e professores nunca fizeram isso com seus filhos e alunos.

Dona Therezinha, Colégio São Miguel Arcanjo, Vila Zelina (São Paulo), 1975. Se alguém aí souber dela, diga que eu ainda me lembro de tudo.

* * *

A versão mais popular de “O Pequeno Príncipe” no cinema foi lançada em 1974, em forma de musical e com direção do norte-americano Stanley Donen (codiretor, com Gene Kelly, de “Cantando na Chuva”).

Steven Warner na versão para cinema de 1974, dirigida por Stanley Donen

Steven Warner (que não seguiu carreira no cinema) interpreta o personagem-título. O dançarino, coreógrafo e diretor Bob Fosse (“Cabaret”, “O Show Deve Continuar”) faz a Serpente, e o comediante Gene Wilder, a Raposa.

Katia Machado, produtora de “Meu Pé de Laranja Lima”, contou aqui no blog, em um relato da série Cenas de Infância, por que esse filme lhe deixou marcas.

Existem diversas outras versões do livro para o cinema e para a TV. A primeira, em forma de telefilme, foi realizada na antiga Alemanha Ocidental em 1954.

Houve outras adaptações para a TV na Bélgica (em 1960), na Hungria (em 1963), na Áustria (em 1965), na antiga Alemanha Oriental (em 1966) e no Japão (em 1978). Em 1990, foram realizadas duas versões francesas e uma coprodução entre Alemanha Ocidental e Áustria.

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