Censura Livredidi – Censura Livre http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br por Sérgio Rizzo Mon, 02 Dec 2013 08:57:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pais e filhos: quando o cinema também era aula http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/21/pais-e-filhos-quando-o-cinema-tambem-era-aula/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/21/pais-e-filhos-quando-o-cinema-tambem-era-aula/#respond Tue, 21 May 2013 18:01:19 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=575 Continue lendo →]]> Ao “folhear” no computador o PDF com a tese de doutorado do ator e diretor de teatro André Carrico, não pude deixar de notar a dedicatória:

“À memoria de Osvaldo, meu pai, que me levou pela mão pela primeira vez ao cinema.  Era um filme dos Trapalhões.”

Já falei aqui sobre a tese de André (“Os Trapalhões no Reino da Academia: Revista, Rádio e Circo na Poética Trapalhônica”), defendida no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Mas, curioso por causa da dedicatória, pedi a ele — hoje com 38 anos, e pai de Guido, 2 anos, que ainda não foi ao cinema — um relato para a série Pais e Filhos do blog.

Abaixo, o texto saboroso que ele me enviou, cheio de vida, sobre a sua primeira sessão de cinema, aos 4 anos, em Campinas (SP), e a tradição de família que nasceu ali: férias se tornaram sinônimo de filme dos Trapalhões.

* * *

“É uma televisão gigante”, diziam meus irmãos mais velhos. Como eu nunca tinha visto uma sala de cinema na TV, imaginava que a tela cinematográfica fosse emoldurada por uma caixa de madeira com botões, um grande seletor de canais e encabeçada por chifres de antena, como era o tubo de imagens de casa. Minha primeira sessão foi aos quatro anos, levado por meu pai para assistir ao “Cinderelo Trapalhão” (1979). A tela era maior do que pensava, mas a experiência era diferente de tudo que já vira. Não era circo, não era teatro, nem televisão. Cinema era um encontro coletivo em que todo mundo ficava diante de uma placa de luz que mostrava o Didi, o Dedé, o Mussum e o Zacarias do tamanho que eles eram. Os carros, quando aceleravam, vinham para cima da gente, as rajadas de tiros atravessavam nossos ouvidos, a torta era arremessada na cara do “da poltrona”.

A partir daquele ano se tornaria tradição: férias era sinônimo de Trapalhões. Duas vezes por ano eu encontrava o grupo num dos nove cinemas de rua que havia em Campinas. Entrar no luxuoso saguão com a pipoca comprada no carrinho da rua, escolher entre dropes e balas de leite nos impecáveis mostruários das “bombonières”, eram a abertura de um ritual que só terminava com o baixar dos créditos e o acender das luzes. E cinema com meu pai também era aula, pois ele sempre tinha considerações sociais ou morais a respeito das fábulas daquele quarteto. Moleque gostava mesmo dos Trapalhões porque, ao contrário dos bobos heróis americanos, nossos geniais anti-heróis bebiam, fumavam, sacaneavam, corriam atrás de mulher…

Meu pai, minha mãe, meus irmãos também riam com a graça dos quatro palhaços. Afinal, eram malandros adultos envolvidos em problemas da vida adulta. Muito das agruras suburbanas dos trapalhões era familiar aos meus pais. E rir ao lado deles, no meio de uma multidão de risos, sentindo que eles também gostavam daquela palhaçadaria, me deixava seguro. E cedo me ensinou que o melhor remédio contra as maldades do mundo é a risada.

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Trapalhões e academia, tudo a ver http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/10/trapalhoes-e-academia-tudo-a-ver/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/10/trapalhoes-e-academia-tudo-a-ver/#respond Fri, 10 May 2013 13:39:51 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=523 Continue lendo →]]>

Mussum, Didi, Dedé e Zacarias: a academia é nossa, com os Trapalhões não há quem possa

Na TV, eles divertiram gerações ocupando espaços nobres na emissora de maior audiência do país. Nos cinemas, 12 de seus filmes figuram no ranking das 20 produções brasileiras de maior público no período 1970-2011, segundo dados da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

É pouco ou quer mais?

Tem mais, sim: eles deram origem à tese de doutorado do ator e diretor de teatro André Carrico, defendida no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação da professora Neyde Veneziano.

“Os Trapalhões no Reino da Academia: Revista, Rádio e Circo na Poética Trapalhônica” nasceu, segundo Carrico, da ideia de mostrar que o grupo “representa uma reunião exemplar de determinadas vertentes da comédia popular nacional, com cômicos que trouxeram bagagens do teatro de revista, do circo e do humorismo radiofônico”.

A tese de Carrico estuda o período 1978-1990, quando os Trapalhões tiveram a sua formação clássica: Didi (Renato Aragão), Dedé (Manfried Santana), Mussum (Antonio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Gonçalves).

“Dedé nasceu numa barraca de circo, era palhaço”, lembrou Carrico em entrevista a Luiz Sugimoto para o “Jornal da Unicamp”. “Mussum passou pelo teatro de revista como músico dos Originais do Samba – eles contracenavam com Grande Otelo, que junto com Chico Anysio acabou influindo na configuração do tipo. E Zacarias começou no rádio, em Sete Lagoas e depois em Belo Horizonte, sempre interpretando tipos caipiras.”

Clique aqui para ler reportagem de Sugimoto no “Jornal da Unicamp” em que Carrico — ator desde criança, ligado ao teatro de rua e ao circo — fala sobre a tese de doutorado e a importância dos Trapalhões como herdeiros de tradições populares brasileiras.

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