Censura Livrefilhos – Censura Livre http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br por Sérgio Rizzo Mon, 02 Dec 2013 08:57:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Daniel Boaventura, "homem-folha" http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/18/daniel-boaventura-homem-folha/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/18/daniel-boaventura-homem-folha/#respond Sat, 18 May 2013 10:00:14 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=546 Continue lendo →]]> O general Ronin, um dos “homens-folha” da animação “Reino Escondido”, é dublado na versão brasileira pelo ator e cantor Daniel Boaventura, que completa 43 anos neste domingo.

No cinema, antes de fazer “Reino Escondido”, ele só havia participado de três filmes como ator (“3 Histórias da Bahia”, “Coisa de Mulher” e o ainda inédito “Odeio o Dia dos Namorados”) e dublado uma animação em “stop-motion”, o longa brasileiro “Minhocas”.

Abaixo, um bate-papo em que Daniel fala de dublagem (“você e o microfone no aquariozinho”) e da experiência incomum de ver pela primeira vez um trabalho seu com uma das filhas na poltrona ao lado.

Sua carreira em teatro e televisão é numerosa, mas você fez poucos trabalhos em cinema. Por quê?

Houve situações em que eu fui chamado para fazer filmes e estava em cartaz. O teatro musical ocupa muito tempo. Em 2006, por exemplo, eu gravava o “Malhação” e queríamos renovar para 2007, quando eu iria fazer “My Fair Lady” no teatro. Eu disse que só poderia assinar para “Malhação” se me deixassem livre nos três primeiros meses. Os ensaios para musicais tomam seis dias por semana, dez horas por dia, durante dois meses. É um tempo precioso para uma pessoa. Quando estava em “A Bela e a Fera”, cheguei a fazer oito sessões por semana. Trabalhava 28 dias por mês. Consome muito.

Se não houvesse esse problema, você gostaria de fazer mais cinema?

Gostaria muito. Em 2012 filmei “Odeio o Dia dos Namorados”, dirigido por Roberto Santucci, e que deve estrear em breve [o lançamento está programado para 7 de junho]. Gostei muito do processo. No ano passado, consegui fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Neste ano estou mais tranquilo, me dedicando, por enquanto, principalmente a shows.

Quando você começou a fazer dublagens para animações?

Antes de “Reino Escondido”, fiz “Minhocas” (Worms), a primeira animação brasileira de longa-metragem em “stop-motion”. Curiosamente, fiz primeiro a dublagem em inglês, em 2007. Só fui dublar em português no início desta semana. O filme deve ser lançado no fim do ano pela Fox [a estreia está programada para 20 de dezembro].

O general Ronin, personagem dublado por Daniel Boaventura em “Reino Escondido”

E “Reino Escondido”?

Eu estava fazendo “A Família Addams” no teatro quando o meu empresário me enviou um e-mail dizendo que tinha um convite. Fui ficando muito interessado pelo filme. Em primeiro lugar, por ser da produtora Blue Sky. Admiro muito o trabalho de Carlos Saldanha, embora este filme, especificamente, não seja dirigido por ele [Chris Wedge, diretor de “Robôs” e do primeiro “A Era do Gelo”, é quem assina “Reino Escondido”]. Depois, soube do personagem, o general Ronin. Achei interessante. Quando dublei, vi que ele ficou ainda mais interessante do que eu esperava. E não havia a necessidade de torná-lo engraçado. Era um herói “per se”, um líder, denso e intenso. No processo de dublagem, tive um primeiro momento que foi a gravação do trailer, dirigido pelo Guilherme Briggs. Homenzinhos verdes numa floresta! Fantástica surpresa. Na gravação para o filme, eu tinha um pouco de preconceito, tinha receio do “sync” [a sincronização do áudio com as imagens]. Mas fui dirigido pelo Manolo Rey, outro craque. Nos primeiros 20 ou 30 minutos já tinha a embocadura para o personagem, estava só me acostumando ao “sync”. O método de prestar atenção à música do diálogo foi a melhor coisa. Em uma hora estava craque. Era quase a sensação de jogar. Gravei tudo em cinco ou seis horas. Um dia no aquariozinho, como eu chamo o estúdio.

Você procurou se aproximar da interpretação de Colin Farrell, que faz Ronin na versão original?

Gostei muito do trabalho dele. Não tem como deixar de usar como referência. Você ouve a voz original enquanto dubla. Mas, se eu gosto, não acho que vou copiar. Em “My Fair Lady”, por exemplo, eu fiz o professor Higgins. Vi antes o filme com o Rex Harrison no papel. Talvez seja o maior trabalho dele. Que impressionante, que velocidade. “Como vou fazer isso em português?”, pensei. E as músicas, muito verborrágicas? Tinha músicas maravilhosas. A referência dele (Harrison) foi interessante não porque fosse copiar, mas porque acrescentaria. A voz do Colin Farrell é mais grave, areada. Cabia ir para essa textura. E notei que ele sabia jogar texto fora. Não empostava a voz ou nada desse tipo. Observei isso, e não copiei.

Você está acostumado a interagir com outros atores no palco e na TV. Não estranhou trabalhar sozinho no estúdio, gravando isoladamente as suas falas?

O pessoal que dublou o “Rio” me contou que só foi se ver na estreia do filme no Brasil. Não troquei palavra com o Murilo [Benício, que dubla Bomba, um pesquisador atrapalhado] em “Reino Escondido”. Fiquei no estúdio só com o diretor e o operador. O que me ajudou foi que estou acostumado a estúdio. Há seis anos encarei a carreira como cantor profissional, já gravei três CDs e um DVD. Eu me habituei a gravar em estúdio. A dublagem é um processo similar, você e o microfone no aquariozinho.

E qual foi a sua reação ao ver o filme inteiramente dublado, com o “encaixe” da sua voz no conjunto?

Tenho duas filhas, uma de 4 anos, Isabela, e outra de 10, Joana. A Joana é uma crítica de cinema nata. Quer sempre ficar até o final da sessão para ver os créditos, quem fez o quê. A Isabela naquele dia não pode, mas a Joana foi comigo ver “Reino Escondido”. Foi a primeira vez em que desfrutei um trabalho meu ao lado dela. Genial! Ela colada a mim, braço apertado. Muito engraçado, e muito especial. Foi um prazer inenarrável ver o conjunto, tudo se encaixando, sem contar a qualidade da imagem. Quando vi “A Era do Gelo”, fiquei pasmo desde a primeira cena com o realismo dos pelos do animal, com a expressão facial. O primeiro “take” de “Reino Escondido”, no meio do mato, me deu uma sensação parecida. O filme tem ação, humor, bons momentos dramáticos. Viajei, me diverti muito. Sei que sou suspeito, mas fiquei orgulhoso do trabalho.

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Tem compromisso para 28/3/2014? http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/13/tem-compromisso-para-2832014/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/13/tem-compromisso-para-2832014/#respond Mon, 13 May 2013 18:26:58 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=530 Continue lendo →]]> A indústria de cinema dos EUA sabe, como ninguém, fisgar espectadores em todo o mundo. E sabe também que certas estratégias de divulgação funcionam muito bem com crianças.

Na manhã do último sábado, tive um exemplo bem concreto de como criar expectativa de longo prazo para um filme. Fui ao Cinemark do shopping Eldorado, em São Paulo, para assistir a uma pré-estreia de “Reino Escondido”.

Antes da sessão, como você pode imaginar, aquele fuzuê de pais e crianças.

(E vamos combinar que os pais, tentando dar conta dos filhos, das pipocas, dos refrigerantes, das bolsas e dos telefones portáteis, fazem muito mais fuzuê do que as crianças.)

Mas, apagadas as luzes da sala, quase todo mundo ficou em silêncio. Primeiro, entrou o filminho institucional da companhia de seguros, com as saídas de emergência e o pedido para desligar o celular (que muitos adultos fingem não ver, ou será que não entendem mesmo?).

Então, para surpresa de todos, apareceram na tela as araras azuis Blu, Jade e outros personagens de “Rio”, dançando animadamente. Na plateia, crianças riam e vibravam.

Alguns segundos depois, terminou o “teaser” (uma espécie de minitrailer). E entrou o letreiro frustrante, acompanhado de narração:

“Rio 2 – Nos cinemas em 2014”.

Fazia muito tempo que eu não ouvia um “ohhhh” de lamentação tão profundo. Precisamos esperar até 2014? Tem dó aí, ô seo dono do cinema.

“Rio 2” está previsto para estrear no Brasil em 28 de março de 2014. A Fox, que produz e distribuirá o filme, já lançou a isca. E tem quase um ano para brincar com a expectativa que começou a criar.

O diretor brasileiro Carlos Saldanha também assina a continuação de “Rio”

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Cenas de infância: Cristiano Burlan, Oliver Twist e o ratinho Fievel http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/09/cenas-de-infancia-cristiano-burlan-oliver-twist-e-o-ratinho-fievel/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/09/cenas-de-infancia-cristiano-burlan-oliver-twist-e-o-ratinho-fievel/#respond Thu, 09 May 2013 10:00:43 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=516 Continue lendo →]]> Os relatos da série Cenas de Infância, que venho recolhendo no blog, tratam em geral da primeira experiência de ir ao cinema. Um ou outro convidado se lembra, como ocorreu com Christian Petermann, de alguma sessão posterior.

É o caso também do cineasta e professor Cristiano Burlan, que conheceu o cinema em Porto Alegre, mas que viveu a primeira sessão inesquecível já em São Paulo, aos 11 anos.

Burlan ganhou, em abril, o prêmio de melhor longa-metragem brasileiro do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários com seu trabalho mais recente, “Mataram Meu Irmão”, que trabalha com memórias pessoais.

A seguir, Burlan fala sobre a importância de um ratinho russo em sua vida e em sua trajetória profissional.

“Fievel, Um Conto Americano” (1986), produção da Amblin de Steven Spielberg em parceria com a Universal

A primeira lembrança que tenho do cinema é muito antiga, ainda remete à minha infância em Porto Alegre sendo levado pela minha mãe e pelo meu pai para ver os filmes dos Trapalhões no Cine Leão. Um cinema à moda antiga, com colunas neoclássicas e o cheiro de pipoca impregnado no ar. Mas, naquele momento, ainda não tinha passado por uma experiência catártica.

A primeira grande emoção que tive dentro de uma sala de cinema foi aos 11 anos de idade, já morando em São Paulo.

Em 1985, mudamos de Porto Alegre para cá. Logo que chegamos fomos morar num bairro muito pobre em Osasco, chamado Olaria do Nino. Meu pai trabalhava como pedreiro, minha mãe era empregada doméstica. Casa muito simples e pequena, e o dinheiro sempre muito curto.

Um dia acordei e pedi à minha mãe dinheiro para ir ao cinema, mas disse para ela que gostaria muito de ir sozinho pela primeira vez. Ela me falou que não tinha o dinheiro naquele momento, mas que iria juntar e que no final do mês me daria. Aguardei ansiosamente.

Naquela época estava lendo um livro que me marcou profundamente, “Oliver Twist”, de Charles Dickens, cujo protagonista é um órfão. Um dos temas do romance é a delinquência provocada pelas condições precárias da sociedade inglesa na era vitoriana, no século 19.

E o filme que escolhi assistir foi “Fievel, Um Conto Americano” (An American Tail, 1986). Saí de Osasco sozinho, de ônibus, e fui até o Shopping Eldorado, em Pinheiros. Tinha 11 anos de idade na época e o ano era 1986. Lembro que, quando cheguei na bilheteria, todas as crianças estavam acompanhadas dos seus pais, o que me deixou um pouco triste. Mas não me abati, porque estava tomado por uma sensação incrível de liberdade. Estava me sentindo um adulto indo sozinho ao cinema.

Minha mãe tinha me dado o dinheiro certinho para a passagem, o ingresso, pipoca, refrigerante e um drops Dulcora.

Havia chegado o grande momento. Entrei na sala, as luzes se apagaram e a projeção começou. Nunca vou esquecer a sensação dúbia de medo por estar só e, ao mesmo tempo, de ter descoberto o lugar mais seguro do mundo para se estar durante a vida.

“Fievel, Um Conto Americano” se passa na Rússia, em 1885, quando a família de ratos russo-judaica Ratoskewitz decide imigrar para os EUA, à procura de uma vida melhor. Fartos dos ataques dos gatos, os Ratoskewitzes acreditam que seus predadores não existem no “novo mundo”. Durante a viagem de navio, o pequeno Fievel é levado por uma tempestade, sendo separado da família. Ao chegarem, acreditam que perderam Fievel para sempre.

Mas ele também consegue chegar a Nova York, dentro de uma garrafa, e é ajudado por um pombo francês chamado Henri. O pequeno ratinho parte em busca da sua família, e logo começa a descobrir a dura realidade desse “novo mundo”, onde afinal também existem gatos.

A impressão que tenho até hoje dessa experiência é que tudo o que passei pela minha vida e o que me tornei tem a ver um pouco com esses dois personagens, com Oliver Twist e com o ratinho Fievel. Passei mais tempo da minha vida dentro de uma sala de cinema do que fora dela e tenho uma certa resistência a perceber o mundo por um prisma da realidade. E, sempre que volto a esse momento catártico e epifânico da minha vida, me lembro de uma frase de Chaplin: “Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação”.

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O que as crianças veem na internet? http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/07/o-que-as-criancas-veem-na-internet/ http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/2013/05/07/o-que-as-criancas-veem-na-internet/#respond Tue, 07 May 2013 10:00:29 +0000 http://censuralivre.blogfolha.uol.com.br/?p=512 Continue lendo →]]> Atenção, pais e professores interessados em entender melhor o que seus filhos e alunos fazem ao navegar pela rede: nesta terça-feira, dia 7, às 19h, será realizado o debate “Crianças e adolescentes na internet – Riscos e oportunidades”.

Promovido pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), o evento ocorrerá no Centro Britânico Brasileiro (rua Ferreira de Araújo, 741, São Paulo), com entrada gratuita. Para se inscrever: (11) 3027-0226.

Na pauta, o lançamento do livro que traz a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2012. Clique aqui para conferir os resultados. O debate terá a presença de Ellen J. Helsper, da London School of Economics, de Cristina Ponte, da Universidade Nova de Lisboa, e da consultora Regina de Assis.

Símbolo da pesquisa TIC Kids Online 2012

A pesquisa envolveu 1.580 entrevistas com crianças e adolescentes de 9 a 16 anos, usuários da internet, e também com seus pais ou responsáveis.

Entre os inúmeros dados esclarecedores do material, destaco dois que dizem respeito ao audiovisual:

– 37% dos entrevistados de 11 a 16 anos assistem a vídeos todos os dias ou quase todos os dias; 44% fazem isso uma ou duas vezes por semana. Ou seja: a TV deixou, faz algum tempo, de ser a única fonte de consumo de imagens e sons para crianças e jovens de famílias que têm acesso à banda larga. E a internet, todos sabemos, não tem horário fixo ou classificação indicativa generalizada. Toda hora é hora de assistir a qualquer coisa.

– 32% dos entrevistados de 11 a 16 anos baixam músicas ou filmes todos os dias ou quase todos os dias; 48% fazem isso uma ou duas vezes por semana. A pesquisa não registra a porcentagem de downloads ilegais, sobretudo de filmes, mas você é capaz de imaginar o volume.

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