“Seja você a vítima ou a testemunha do bullying, existem muitas coisas que pode fazer para detê-lo. Mas a melhor coisa é NÃO FICAR CALADO.”
Essa dica faz parte do extenso material que pode ser encontrado no web site “Chega de Bullying”, lançado nesta quarta-feira pelo Cartoon Network. Ele integra um movimento da organização humanitária Visão Mundial, em parceria também com o Governo do Estado de São Paulo, Plan Internacional, Organização dos Estados Iberoamericanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) e Facebook.
Clique aqui para conhecer o portal, que traz informações para crianças e adolescentes, bem como para pais e professores (a imagem acima vem de lá).
Logo na página de abertura, uma janela de vídeo apresenta depoimentos do jogador de futebol Paulo Henrique Ganso, do jornalista Marcelo Tas e do cartunista Maurício de Sousa.
Essa janela de vídeo exibe também duas animações bem-humoradas sobre situações típicas de bullying escolar envolvendo crianças. No fim de cada desenho, aparece um dos slogans da campanha:
“A vida não é desenho animado. Bullying é inadmissível.”
O bullying virtual — que usa as redes sociais da internet como a sua principal plataforma — também é tratado pelo web site do Cartoon Network, que usa uma linguagem simples e direta, de fácil compreensão por crianças e adolescentes.
Os visitantes são convidados a assinar virtualmente o “compromisso para acabar com o bullying”.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo firmou convênio com o Cartoon Network para distribuir kits sobre bullying em escolas e para mobilizar os 4,2 milhões de alunos da rede.
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Em inglês, existem diversas (e muito boas) fontes de informação sobre bullying. Uma delas é a do The Bully Project, que deu origem ao documentário “Bullying”, dirigido por Lee Hirsch e já disponível em DVD no Brasil (classificação indicativa: 12 anos).
Em novembro do ano passado, fiz uma entrevista com Hirsch para a revista “Educação”. Confira abaixo o resumo do bate-papo:
A escolha do tema foi relacionada a experiências pessoais?
Lee Hirsch, diretor do documentário “Bullying”
Sim, é uma história pessoal. Fui vítima de bullying na infância e quis dar voz a crianças e famílias que lidam com isso diariamente. Há muito silêncio e vergonha em torno do bullying e de suas vítimas, e suas consequências são menosprezadas. Os riscos são muito mais graves do que a maioria das pessoas imagina. Fiz o filme para acabar com o estigma social de que se trata apenas de “crianças agindo como crianças”. As consequências são reais e terríveis.
Qual foi o método para encontrar pessoas dispostas a falar?
O processo foi difícil e exigiu muitas horas de pesquisa, muitos encontros, e o desenvolvimento de relações em que as pessoas confiavam em nossa equipe de filmagem para permitir que documentássemos as suas vidas. É preciso ter muita coragem para encarar a câmera e autorizar o mundo a observar a sua vida, especialmente no que diz respeito a um assunto tão delicado. Sou muito agradecido a todos os que nos deixaram entrar em suas vidas e registrar a gravidade do problema.
Você acredita que o filme contribuiu para intensificar o debate sobre bullying nos EUA?
Lentamente, o bullying vem ocupando espaço cada vez maior no debate social dos EUA nos últimos anos, à medida que a sociedade começou a perceber as suas implicações bem concretas. Acredito que o filme tenha ajudado nessa tendência, destacando a relevância do tema, especialmente depois de toda publicidade que recebeu com a divulgação da MPAA Rating [classificação indicativa dos EUA, que o considerou impróprio para menores de 13 anos; no Brasil, ela foi de 12 anos]. Quando “Bullying” estreou, lançamos também uma campanha de ação social com o objetivo de garantir que ao menos um milhão de crianças assistisse ao filme, nos EUA e no exterior. Não queríamos que sua mensagem desaparecesse quando ele saísse de cartaz. Cerca de 250 mil crianças o viram por causa dessa iniciativa.
O público brasileiro pode aprender com a sua abordagem do tema?
A força do filme está em tratar de um assunto universal. Muitas pessoas podem relacioná-lo a experiências pessoais na infância, ou mesmo da vida adulta. Não importa o idioma que você fale ou o país onde resida, incluindo o Brasil. As ações que o público conhece em “Bullying” falam ao espírito humano em relação ao que estamos dispostos a aguentar, e também a ajudar e a testemunhar.